Os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro como sempre foram pauta em todo o País, mas em 2018 um aspecto em especial chamou a atenção. A preocupação com o presente. Tradicionalmente os desfiles ou prestam homenagens ou se dedicam a recortes históricos específicos ou mesmo a elaborações a respeito da história do País ou do mundo. Há polêmicas como a do enredo da Beija-Flor em 2014 que ganhou o título homenageando a Guiné Equatorial, país reconhecido por uma ditatura inclemente, mas que patrocinou o carnaval da escola naquele ano.

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Pabllo Vittar é destaque da Beija-Flor no carnaval 2018
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Pabllo Vittar é destaque da Beija-Flor no carnaval 2018

Em 2018, porém, a Beija-Flor apostou em uma forte crítica à intolerância. Colocou figuras representativas da diversidade como Pabllo Vittar e Jojo Toddynho (aplaudidíssimas) como destaques e fez com que o público cantasse à capela o samba da escola. O samba-enredo Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu cativou o público que também aplaudiu uma das alas que reproduzia cenas de violência no Rio de Janeiro. O desfile, no entanto, ainda que extremamente emocional e enérgico, foi um dos mais fracos da escola nos últimos anos.

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A tônica do carnaval do Rio de Janeiro foi mesmo a crítica contundente e politizada. A Mangueira fez uma reverência às origens do carnaval como forma de antagonizar à política do atual prefeito da cidade que restringiu verbas para os desfiles. Com Dinheiro ou Sem Dinheiro, Eu Brinco foi um sucesso na avenida, assim como as alegorias nada sutis criticando Crivella. A Mangueira é forte candidata ao título até por defender uma posição cara a todos que atuam no carnaval carioca, que é o próprio carnaval.

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Reprodução/Twitter

"Vampiro Neoliberalista" da Paraíso do Tuiuti

Já a Paraíso do Tuiuti , que sofreu com problemas que resultaram até em morte no desfile de 2017, falou da escravidão, fez duras críticas à reforma trabalhista e levou para a avenida uma representação do presidente Michel Temer como vampiro. Fez sucesso nas redes sociais, provocou espanto durante a transmissão dos desfiles na Globo, e virou queridinha de grande parte do País polarizado em torno de questões políticas. Não foi um grande desfile e a Tuiuti, apesar da comoção nacional, não briga pelo título.

O melhor do resto

Mas o carnaval na Sapucaí não foi só de política. A Grande Rio saudou o legado de Chacrinha com o tradicional apoio de diversos famosos desfilando pela escola. A agremiação que teve Juliana Paes como rainha de bateria, no entanto, enfrentou problemas com uma alegoria e será descontada.  Briga para não cair.

A Acadêmicos do Salgueiro foi uma das melhores escolas a se apresentar na Sapucaí em 2018
Divulgação
A Acadêmicos do Salgueiro foi uma das melhores escolas a se apresentar na Sapucaí em 2018

Salgueiro que sempre chega forte está novamente na briga em 2018. O último título da escola foi em 2009. Exaltando as mulheres negras, também uma forma política de ir para avenida, trouxe carros alegóricos suntuosos e fantasias luxuosas. Além do belo visual, a vermelho e branca da Tijuca fez um desfile bastante competente, com uma evolução constante e animada. Se não empolgou a avenida, a Salgueiro esbanjou competência e técnica e desponta como favorita ao lado da Mangueira.

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