Você pode até não saber o que é um influenciador digital, mas certamente já topou com um deles em alguma esquina da internet. No YouTube, Instagram, Snapchat, Twitter ou Facebook, os digital influencers  têm uma legião de seguidores e há alguns anos já se tornaram a maior força da rede.

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Kéfera em cena do filme
Divulgação
Kéfera em cena do filme "É Fada!"; uma das principais youtubers do País, ela chegou às telonas em 2016

Donos de blogs e canais de sucesso nas redes sociais, os digital influencers estão mudando a forma como as informações são consumidas na internet – e essa mudança é tão poderosa que já está atingindo em cheio os meios de comunicação e a publicidade.

Criadora do youPIX , autoridade em assuntos de internet no Brasil desde 2006, Bia Granja explica como se formou o fenômeno dos influenciadores digitais. "Esse cara surgiu lá atrás, com os blogs. Mas isso ganhou uma força absurda quando o autor passou a se colocar na frente do veículo, com o YouTube e o Instagram", explicou a empresária em entrevista ao iG .

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Com isso, os criadores de conteúdo passaram a ser o centro das atenções e a se conectar de maneira ainda mais forte com seu público, desta vez de uma forma ainda mais direta. Foi isso que os fez crescer mais. "Chegamos em um momento em que a influência desses caras é muito palpável. Muita gente dizia que ser famoso na internet era como ser rico no Banco Imobiliário, não servia para nada, mas agora não é mais assim", disse Bia Granja.

Influência inestimável

De fato, ficar famoso na internet virou um bom negócio. Os influenciadores são os novos queridinhos da publicidade e agora disputam espaço com a mídia tradicional – ou, como acontece muitas vezes, aparecem na mídia tradicional através das propagandas.

"O influenciador digital move ponteiro de vendas nas agências, está na imprensa, está no cinema", afirmou a empresária. De acordo com estudo divulgado pelo youPIX no ano passado, em parceria com a GfK e AirStrip, os influenciadores geram cerca de 7,2 bilhões de interações, sendo que 2% deles são responsáveis por 54% dessas interações.

Um dos grandes digital influencers do Brasil, Hugo Gloss foi para a TV e apresenta o programa
Reprodução/Luciana Prezia
Um dos grandes digital influencers do Brasil, Hugo Gloss foi para a TV e apresenta o programa "Ridículos" na MTV

O estudo ainda aponta os mais conhecidos da internet brasileira: Whindersson Nunes, Kéfera e Felipe Neto estão no primeiro escalão, enquanto Julio Cocielo, Camila Coelho, Felipe Castanhari, Boca Rosa, Maju Trindade e Hugo Gloss aparecem no segundo.

Da publicidade ao jornalismo

Depois de tomar o mercado de publicidade, os influenciadores da internet também estão chegando ao jornalismo. Não é estranho ver youtubers ou instagrammers entrevistando famosos de Hollywood ou visitando sets de filmes fora do País a convite de estúdios.

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Para Bia Granja, a atividade deles não concorre diretamente com a dos jornalistas. "Não são coisas excludentes, são coisas complementares. A gente nunca teve tanta gente produzindo conteúdo e consumindo conteúdo", garantiu. Ela ainda frisa a importância dos creators na democratização da produção de conteúdo. "O creator quebrou vários paradigmas de como fazer conteúdo jornalístico. Antes dependia de ter um cartel financeiro, mas agora o conteúdo é mais importante que o legado ou o dinheiro que o veículo tem", disse. "Eles desafiaram o jornalismo."

Por isso, a criadora do youPIX defende que os influenciadores não sejam vistos de uma maneira negativa ou estereotipada. "As pessoas reduzem um movimento mega importante por uma opinião pessoal", disse. "Parece que existe um recalque do cara que faz o que gosta e ganha mais dinheiro que você", explicou.

Uma das criadoras do youPIX, Bia Granja explica o impacto dos digital influencers no jornalismo e na publicidade
Reprodução/Facebook
Uma das criadoras do youPIX, Bia Granja explica o impacto dos digital influencers no jornalismo e na publicidade

Apesar de uma atividade não excluir a outra, Bia Granja acredita que os creators estão mudando o jornalismo. "Eu me informo sobre cultura pop nos blogs, apesar de assinar um jornal e receber em papel todos os dias", contou. "Esse tipo de conteúdo não fala mais comigo."

Isso faz com que algumas formas de consumo de conteúdo que acabaram se tornando obseletas, como os jornais e revistas, corram risco de serem extintas e levar as empresas junto. "É uma questão de adaptação e quem não se adapta tem que ser substituído mesmo", disse a empresária. "Sinto muito se é uma empresa tradicional que está demitindo todo mundo, mas ela não soube fazer a migração", continuou.

Futuro

Para quem não soube se adaptar, as notícias não são nada animadoras: Bia Granja acredita que o mercado só tende a crescer. "Vai ficar ainda mais forte porque o mercado vai se profissionalizar. Ainda tem muito amadorismo", explicou.

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No Brasil, especialmente, os digital influencers encontram um ambiente bastante propício. "O Brasil é um país gigante e muito social. As redes sociais são uma continuação da tradição oral, e nós somos um país muito oral", disse a criadora do youPIX sobre a proliferação de influenciadores. Agora, o desafio é acabar com o estigma negativo. "Não é um bando de idiotas fazendo vídeos, tem muita coisa ótima", garantiu a empresária.

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