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Dalton Vigh recorda perrengue em bastidor de novela: ‘Muito precário’

Ator comenta experiência desagradável em projeto com poucos recursos e avalia novas possibilidades na carreira, diante da chegada dos 60 anos; confira

Foto: Divulgação/Michael Willian - 29.02.2024
Dalton Vigh avalia carreira às vésperas dos 60 anos

Prestes a completar 60 anos em 2024, Dalton Vigh apresenta um currículo diversificado nos 30 anos de carreira na atuação. Formado em Publicidade, o ator estreou na TV pela Rede Manchete e se destacou em novelas de diferentes emissoras, como em “O Clone”, na Globo, e em “As Aventuras de Poliana”, no SBT. Ao iG Gente, o carioca diz que transitar entre os canais é algo “positivo”.

“Isso só acrescentou, me trouxe mais bagagem e experiência, o que me facilitou muito para embarcar em qualquer tipo de produção. Você tem desde as superproduções, até as que têm menos dinheiro. É claro que isso também interfere nos bastidores, nas instalações que você usa e tudo mais. Como comecei nas emissoras que não tinham tanto dinheiro e depois migrei para a Globo, pude entender as diferenças e não tive um choque muito grande”, reflete.


Dalton conta que já enfrentou um perrengue durante o trabalho em uma novela, devido aos poucos recursos nos bastidores. O ator preferiu não entregar o nome da atração, mas explica que o projeto foi filmado há mais de dez anos e executado por uma produtora independente. Segundo o artista, o problema estava na produção.

“Foi uma experiência que não foi muito agradável. Era muito difícil, era tudo muito precário. Não era culpa da emissora que transmitiu, era de uma produtora independente. A gente trabalhava com pessoas que não tinham muita experiência na área, na equipe técnica, e isso complica muito [...] Foi a única vez que senti que as condições, com poucos recursos, interferiram realmente no meu trabalho e no trabalho dos outros. Não sei se a produtora existe ainda”, avalia.

Vigh recorda que trabalhar com uma “equipe que não tem conhecimento” do funcionamento de uma novela “complicou a situação”. “Muitas vezes, você trabalha com câmeras que vêm de jornalismo. E, porque não tem quem colocar no lugar da pessoa, trazem alguém no jornalismo para fazer a função. E a pessoa vem com outra cabeça, com outro tipo de trabalho”, conta sobre os bastidores do projeto.

Dalton opina que, até hoje, um dos maiores problemas da área é a falta de investimento na produção de teledramaturgia. “A Globo foi a primeira a fazer isso [investir menos na questão]. Primeiro enxugando o quadro de funcionários, mandado embora muita gente de equipe técnica”, pontua.

“Foi chamada gente nova que tem pouca experiência, que tem pouco conhecimento da área. Isso acaba, sim, interferindo no trabalho de todo mundo, interferindo no andamento do trabalho. Não sei como estão as coisas lá na Globo, não sei como estão as coisas nessas produtoras, só posso dizer dos lugares onde trabalhei”, completa.

Dalton Vigh. Foto: Michael Willian
Dalton Vigh em 'O Clone'. Foto: Reprodução/Globo - 29.02.2024
Dalton Vigh. Foto: Divulgação
Dalton Vigh em 'As Aventuras de Poliana'. Foto: Reprodução/SBT - 29.02.2024
Dalton Vigh em 'Fina Estampa'. Foto: Divulgação/TV Globo
Dalton Vigh avalia carreira às vésperas dos 60 anos. Foto: Divulgação/Michael Willian - 29.02.2024
Dalton Vigh em 'O Profeta'. Foto: Reprodução/Globo
Dalton Vigh em 'Liberdade, Liberdade'. Foto: João Cotta/TV Globo


A falta de experiência na área da atuação ainda implica em outra esfera de projetos televisivos, como a entrada de influenciadores em elencos de novelas de grandes emissoras. Vigh diz ver essa tendência como um “movimento natural” na TV, diante da busca dos canais por audiência.

“As emissoras trabalham com números, então, tudo que puderem fazer para aumentar a audiência, é claro que vão fazer. [...] Temos exemplos de atores que também foram esportistas e migraram. Eu era publicitário e virei ator, não posso nem falar, porque me preparei para ser publicitário. Tudo bem que fiz escola de teatro e tudo mais. Mas acho que vale o desempenho da pessoa”, pondera.

Dalton analisa que uma boa entrega do profissional no trabalho é o que importa, independentemente da profissão prévia. “Se a pessoa tem talento, não interessa o ‘background’ dela. Tanto faz se for engenheiro, lutador ou sei lá o quê. Sendo um bom ator, parabéns. Se acrescenta para o trabalho dos outros atores também, se sabe jogar, ótimo. Agora se for um influenciador que não é um bom ator, mas está lá só por causa de ‘views’, acho meio relativo”, comenta.

Às vésperas dos 60 anos, o ator compartilha o desejo de transitar por outras funções no trabalho, mas que quer continuar no meio artístico. “Tenho vontade de dirigir e escrever, buscar outros desafios. É o que está me chamando mais atenção hoje em dia. Já venho escrevendo algumas coisas há algum tempo, mas ainda não tive coragem de publicar, de colocar para ninguém, mas quem sabe um dia. Não tenho mais idade para virar advogado, médico ou engenheiro, entendeu? Então vai ser alguma coisa na dramaturgia”, admite.

Dalton Vigh defende a opção de atores mudarem de área, como o caso de Daniel Erthal, ex-galã de “Malhação” que passou a vender cerveja pelas ruas do Rio de Janeiro. “Acho super digno. Também penso em fazer outras coisas, além de ser ator. Só não vou ficar noticiando. Tenho meus hobbies, gosto de fazer as coisas, mas eu não fico fotografando. Não tenho essa coisa com a rede social”, reflete.

“Eu, particularmente, acho muito mais fácil ser influenciador do que ator. Mas não tenho o menor talento para isso, nem interesse. [...] Podia estar alimentando minha rede social mostrando o que estou comendo, vestindo ou o carro que estou dirigindo. Mas acho que nasci sem esse cromossomo. Tenho alguma coisa em mim que não me atrai na questão de redes sociais, muito pelo contrário”, conclui.

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