Em cerca de dois meses de exibição, novela cativa o público; relembre projetos que deram errado e confira diferenciais da trama!
A trama de Daniel Ortiz chegou no início de 2020 trazendo ousadia para a faixa das sete, com um intenso trabalho de efeitos visuais para reproduzir nos estúdios Globo um furacão ambientado no México. Apesar das apostas altas da emissora, a novela acabou prejudicada pela pandemia da covid-19, sendo pausada poucos meses após a estreia para a reprise de outros projetos. De volta ao ar em 2021, a produção apresentou mudanças de elenco e não vingou entre o público.
Buscando manter a ousadia após os percalços no auge da pandemia, a Globo decidiu trazer uma narrativa diferenciada no projeto de Mauro Wilson, apostando na história de personagens que ganharam uma nova chance após a morte. Porém, a trama acabou ficando confusa e limitada, apostando até em uma "troca de corpos" dos personagens para uma tentativa falha de animar o público.
Após duas novelas desanimadoras, o projeto assinado por Claudia Souto chegou novamente buscando uma nova fórmula que vingasse para a faixa das sete. Com um elenco de peso, trazendo nomes como Taís Araújo e Paolla Oliveira, a trama de ação e suspense não soube desenvolver uma história cativante e acabou se perdendo na repetição.
A sucessão de fracassos foi interrompida por um projeto de uma autora veterana na Globo. Rosane já emplacou duas tramas de destaque na faixa das sete, "Totalmente Demais" (2015) e "Bom Sucesso" (2019). Em "Vai na Fé", ela seguiu promovendo o protagonismo feminino e dando destaque para o que chama de "mulheres de fé". A proposta despertou a atenção do público ao trazer uma protagonista complexa, evangélica e rainha do baile funk, interpretada por Sheron Menezzes.
Além da divisão na vida da protagonista, a atual novela das sete também agradou ao exibir complexidade entre os coadjuvantes e protagonistas. Com um elenco com diversos atores pretos, "Vai na Fé" é bem-recebida ao explorar diversidade religiosa e racial, além de problematizar preconceitos de forma didática, sem perder a seriedade das temáticas.
O aspecto leve da trama ainda se dá por conta da mistura de núcleos entre os personagens, do elenco jovem se assemelhando à "Malhação", até José Loreto trazendo músicas de Lui Lorenzo, que ficam na cabeça dos telespectadores. A vertente musical da novela ainda se mistura com o universo religioso, permeando outros momentos mais dramáticos da narrativa.
Diferentemente de novelas anteriores, "Vai na Fé" também consegue trazer o drama com seriedade, sem medo de arriscar ao propor tragédias na trama. A morte de um personagem, por exemplo, já causou ampla repercussão nas redes sociais e exibe o alcance positivo da trama na web, com o público, de fato, envolvido na produção.