Humberto Carrão descarta medo de haters por interpretar Caco Barcellos

‘Não quero imitá-lo’, disse o ator que viverá o jornalista na série ‘Rota 66 - A polícia que mata’

Carrão interpreta Caco Barcellos
Foto: Reprodução: Instagram
Carrão interpreta Caco Barcellos

Na próxima quinta-feira, (22), será lançada a nova série da Globoplay “Rota 66 - A polícia que mata”, inspirado no livro do mesmo nome escrito pelo jornalista Caco Barcelos em 1992. Na série, o jornalista será vivido pelo ator Humberto Carrão que, em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira, contou detalhes da preparação para interpretar o comandante do “Profissão Repórter” (TV Globo).

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Questionado sobre o medo dos haters por protagonizar Caco Barcelos, Carrão descartou qualquer pressão neste sentido. O ator explicou que estudou muito sobre o jornalista assistindo entrevistas antigas e atuais, mas ponderou que “não quis imitar Caco Barcelos, mas sim me aproximar do jornalista”.

“Eu não tive medo de hate e, olha, tem a responsabilidade principalmente quando é uma pessoa que você admira, mas ao mesmo tempo em nenhum momento eu quis imitar o Caco ou que fosse um trabalho desses de hollywood. Essa também não era uma preocupação da caracterização, claro que tomamos o cuidado de me aproximar dele. Fiquei tentando aprender as coisas do Caco, o jeito, o olho… as pessoas que ele entrevista, vi mil reportagens do Caco”, explicou.

Carrão declarou ainda que a admiração que tem por Caco o ajudou na preparação do personagem. “Tudo cria um caldo de referência. Além da referência afetiva, já que é uma pessoa que eu admiro muito. Então, acho que isso faz com que você vá chegando mais perto. Mas eu não senti um peso assim de ter que ser ele. Construímos um caco parecido com o original”, contou. “Você construiu um Caco melhor”, respondeu o jornalista, que teceu inúmeros elogios ao ator.

30 anos com histórias tão atuais

O livro escrito por Caco Barcellos, que serve de base para a série, aborda a violência dos policiais da Rota contra as pessoas pretas da periferia de São Paulo nos anos de 1992. O livro se dá através de uma investigação de mais de 7 anos do jornalista. Embora as histórias tenham acontecido há 30 anos, tanto o autor, como os atores, Humberto Carrão e Naruna Costa, analisam o quanto a truculência policial contra pessoas menos privilegiadas ainda é atual no Brasil. 

“A série trata de um livro lançado há 30 anos, mas ela também percorre anos de um Brasil que está muito próximo ao que vivemos e que não é nem um pouco difícil fazer esse paralelo”, analisou a atriz Naruna Costa, que vive Anabela na série.

Mesmo neste cenário, Caco contou que a série, bem como o livro, lhe traz a esperança de que isso possa mudar no futuro. “Tenho uma grande esperança, a mesma que tinha quando fiz minha investigação no passado. Pensei que as pessoas iam ler e tomar providências”, contou o autor, que lembrou de medidas que têm ajudado a diminuir a violência policial, por exemplo, câmeras nos coletes dos soldados. 

Embora feliz com o resultado final da obra, o autor confessou que já pensou em parar algumas vezes enquanto investigava e descobria episódios ainda mais cruéis dos policiais da época. Caco revelou, inclusive, que as investigações lhe tiraram o sono e foi preciso de tratamento psicológico para parar com “os pesadelos e os gritos horrorosos” que o acompanhavam. “Eu pensei várias vezes em parar a investigação para sofrer menos, mas, ao mesmo tempo, isso me dava energia para continuar”, finalizou o jornalista. 

Com a obra, Caco recebeu o prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil,  na categoria Reportagem em 1993. A série, por sua vez, foi produzida pela Globoplay e será lançada na próxima quinta-feira (22) com os dois primeiros capítulos. Os demais serão disponibilizados semanalmente. 

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