Jornalista desistiu de disputar as eleições de 2022 no Senado e segue como apresentador da Band; relembre trajetória conturbada.
Nascido em Ribeirão Preto, em 1957, José Luiz Datena começou a atuar como jornalista na cidade do interior de São Paulo. O primeiro trabalho que teve foi aos 14 anos, em uma rádio local, e, aos poucos, foi se desenvolvendo na área esportiva e com outras temáticas. Enquanto consolidava a imagem de apresentador na TV Ribeirão, ganhou o renomado prêmio jornalístico Vladimir Herzog por uma reportagem sobre um lixão da cidade.
Nos anos 80, ocupou o cargo de repórter esportivo da TV Globo, até ser demitido em 1989 por subir no palanque do candidato a presidente Lula na eleição presidencial do ano. Seguiu atuando como repórter e locutor ao estrear na Rede Bandeirantes, participando da cobertura dos principais eventos esportivos no Brasil e no exterior.
Em 1996, entrou para a equipe de esportes da Record e ganhou mais destaque ao comandar o programa policial “Cidade Alerta”. Após uma breve passagem pela Rede TV!, em 2002, retornou para a Record e pouco depois reestabeleceu os vínculos com a Bandeirantes. No canal, já apresentava o "Brasil Urgente" e o "No Coração do Brasil".
Em 2011, Datena assinou um contrato de cinco anos com a Record para apresentar o novo "Cidade Alerta". Cerca de 40 dias após o início das atividades na emissora, já encerrou o programa declarando: "Muito obrigado e até um dia". Na ocasião, o apresentador havia tornado públicas algumas insatisfações com a rede e as orientações da direção de jornalismo. Assim, negociou um retorno para a Band, onde seguiu apresentando o "Brasil Urgente" e outros programas de auditório como “Quem Fica em Pé?” e “Agora É com Datena”.
Datena se filiou a ao menos cinco partidos desde 1992, tentando investir na carreira política de diversas formas paralelamente ao trabalho na TV. Em 2015, deixou o PT, ao qual estava filiado há mais de treze anos, para se filiar ao Partido Progressista, que o anunciou como o único pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2016. No entanto, ele foi apenas cotado ao cargo, assim como em 2018, quando se lançou como pré-candidato ao Senado. O afastamento da Band neste ano ocorre diante dos preparativos para a dedicação total à campanha eleitoral de 2022 ao Senado.
O apresentador acumula algumas polêmicas ao longo da trajetória na TV. Em 2008, por exemplo, criticou o apresentador do Festival de Parintins em um vídeo gravado durante a transmissão do evento. Ao lado de Patrícia Maldonado, ele usou da ironia e linguagem explícita sendo acusado de realizar um comentário xenofóbico ao dizer: “Vamos fazer o movimento da 'parintinada'. Amazonas independente do Brasil em nível nacional".
Em 2010, Datena comentou dois casos de assassinatos brutais no “Brasil Urgente” e acusou os que não acreditam em Deus como os responsáveis pela degradação da sociedade. As associações foram consideradas preconceituosas e, no mesmo ano, o Ministério Público Federal moveu uma ação em tribunal pedindo uma retratação na TV, com duração mínima do dobro do tempo dos comentários do apresentador, e condenou a Band a promover uma campanha a favor da diversidade religiosa.
Já em 2012, o jornalista foi alvo de ameaças de morte e falou no programa na Band da pressão que sofria de Gilberto Kassab, o então prefeito de São Paulo. Na época, Datena repercutiu o caso de que o ex-assessor do prefeito, Hussain Aref Saab, teria acumulado cerca de R$ 50 milhões em imóveis durante a última década, enquanto era chefe do Departamento de Aprovação de Obras. O apresentador chegou a abandonar um programa de rádio ao vivo e cogitou se aposentar.
Bruna Drews, repórter do Brasil Urgente, moveu um processo por assédio sexual contra Datena em 2019. A jornalista afirmou que o apresentador teria dito a ela que achava "um desperdício" a colega de trabalho se relacionar com outras mulheres, além de usar linguagem imprópria para expressar atração física por ela e a constrangendo. Ele negou as acusações e frisou que é casado, tem cinco filhos e seis netos, além de ter afirmado que elogiava a repórter pela "beleza e competência acima de tudo".
Diante do agravamento da covid-19 no início de 2021, Datena entrevistou Jair Bolsonaro na época. O presidente repetiu várias vezes que foi impedido de combater a pandemia por conta do STF, informação que não é verídica. A repercussão das declarações geraram polêmicas, já que a notícia falsa foi reproduzida no programa e disseminada nas redes sociais por políticos que tentavam tirar a culpa de Bolsonaro pela situação.
Após sinalizar desejo de disputar as eleições em 2022, Datena anunciou nesta quinta-feira (30) que seguirá como apresentador do "Brasil Urgente", na Band.