Fernanda Montenegro diz que governo Bolsonaro é pior que a ditadura militar
Em entrevista ao "Fantástico", atriz falou sobre novo cargo na ABL
Após ser eleita para Academia Brasileira de Letras , Fernanda Montenegro, de 92 anos, concedeu uma entrevista ao "Fantástico". Durante o papo com o dominical, a atriz falou sobre os planos para o novo cargo e criticou o atual governo, dizendo que a gestão de Jair Bolsonaro é pior que o período da Ditadura Militar [1964-1985], visto que o governo do político foi legitimado pelo voto.
"É pior [do que a ditadura], porque veio pelo voto, então há uma organização política por trás, tradicional, que opta por essa calamidade e por essa tragédia. Em todo governo de força, a primeira coisa é estrangular a cultura das artes, porque é um onde o país existe com a assinatura e com a opção de um futuro", comentou Fernanda Montenegro à repórter Sônia Bridi.
Durante a conversa, a atriz também relembrou que na década de 80 recusou o convite de José Sarney para ocupar o cargo de ministra da Cultura. À época, ela escreveu uma carta em que dizia "pobre do país cujo governo despreza, hostiliza e fere os seus artistas. Esse Brasil acabou". Neste domingo (7), Montenegro se corrigiu: "Esse Brasil não acabou. Nós estamos numa hora trágica, mas vai acabar. Uma hora acaba. O Brasil comprovou que não é possível ter reeleição, foi comprovado que a reeleição exige compra, venda e aluguel do poder político. Esse homem [Bolsonaro] não está no poder da noite para o dia", dissertou ela.
Apesar das críticas a Bolsonaro, Fernanda demonstra insatisfação com o atual momento do Brasil. "A contestação está igual, a visão trágica do momento que a gente vive está igual, mas não é que eu esteja calma. Às vezes eu tenho a impressão que temos um país em Brasília que coloniza o Brasil aqui, mas a gente deve cantar", pontuou ela.
Na Academia Brasileira de Letras, Fernanda Montenegro ocupará a cadeira 17. Até 1977, só homens eram permitidos. Fernanda é a nona mulher a se tornar "imortal". "Se tem representantes nas áreas médicas, de Direito e de Sociologia lá dentro, por que não mulheres? E também de qualquer raça. Há necessidade de uma presença das personalidades negras lá dentro", defendeu ela.