A novela de Alessandro Marson e Thereza Falcão peca ao distorcer a história e ignorar questões raciais
"Nos Tempos do Imperador" é alvo de críticas antes mesmo de estrear na Globo. Já pelas chamadas era possível perceber que a trama trataria Dom Pedro II (Selton Mello) como um herói, mas com o passar dos capítulos o incômodo com a maneira como a história brasileira está sendo retratada só cresce.
O principal erro da novela até o momento foi retratar um episódio de "racismo reverso". Pilar (Gabriela Medvedovski), uma mulher branca, namora Samuel (Michel Gomes), um homem preto, e decide ir morar com ele em Pequena África, uma comunidade de refúgio para negros. Quando a jovem não consegue o que queria, o casal reclama que ela sofreu preconceito por ser branca. Após esse capítulo, a própria autora pediu desculpas pela cena.
A maneira como as questões raciais estão sendo debatidas na trama vem causando incômodo com o público. A novela se passa nos anos 1800, quando o relacionamento entre uma branca e um negro seria praticamente impossível, e o preconceito em torno do namoro de Pilar e Samuel quase não é discutido.
O personagem principal da trama é Dom Pedro II, mas a novela retrata o imperador de uma maneira completamente idealizada. Ele é retratado como uma pessoa que resolveria todos os problemas do Brasil e que praticamente não tem defeitos.
Os problemas em torno de Dom Pedro II não param por aí. O protagonista de "Nos Tempos do Imperador" não tem carisma e não foi capaz de conquistar o público até então.
Como se tudo isso não bastasse, o personagem de Selton Mello aparece praticamente igual em todas as cenas. Ele fala devagar, com uma voz baixa e fazendo um discurso sobre alguma questão. O imperador vai ser assim até o fim da novela?
O desenvolvimento da trama também não está ajudando a obra. A novela estreou há três semanas e tudo está praticamente igual desde o primeiro capítulo. O romance de Dom Pedro e Luísa (Mariana Ximenes) não avança e a história peca pela falta de acontecimentos nos outros núcleos também.
Leopoldina (Letícia Colin) roubou a cena em "Novo Mundo", mas a nova imperatriz do Brasil não está tendo a mesma sorte. Teresa Crsitina (Letícia Sabatella) está apagada na trama e é uma personagem sem muita profundidade, mesmo sendo uma das principais.
Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Vivianne Pasmanter) estão de volta em "Nos Tempos do Imperador", mas era mesmo necessário? Se em "Novo Mundo" eles conquistaram o público, na continuação o casal está sem graça.