De volta ao ar depois da descoberta de um tumor cerebral, Gloria Maria participou do primeiro episódio da nova temporada do "Conversa com Bial", da Globo, que foi ao ar na madrugada desta terça-feira (19). Em fase final de tratamento, Gloria falou sobre sua indignação com o governo de Jair Bolsonaro, o tratamento que o presidente tem dado aos jornalistas, o racismo que enfrentou na profissão e a perda da mãe em fevereiro deste ano.
Leia também: Glória Maria adia retorno ao Globo Repórter e diz: "Não sou uma máquina"
Pedro Bial relembrou algumas coberturas jornalísticas de Gloria Maria ao longo da sua carreira e questionou como seria hoje para ela ouvir do presidente da República um "cala boca". “Cala a boca? As coisas que eu ouço agora para mim são impensáveis, Pedro. Dizer que o brasileiro está protegido porque ele se lava no esgoto. Para mim, é além de qualquer imaginação. Tem coisas que acho que eu não estou vivendo para ver e ouvir isso. Política eu sempre aprendi que é um nível tão alto e o que estou vendo agora é de uma tristeza. Graças a Deus que eu não cubro política mais, porque eu acho que eu já teria apanhado ou já teria batido. Com certeza”, disse ela.
Glória Maria falando sobre Bolsonaro no "Conversa com o Bial". Meus aplausos!!! pic.twitter.com/OK4rze08Zh
— Leo Madureira (@leomadureira) May 19, 2020
A jornalista falou ainda sobre seu trabalho durante a ditadura militar e o caso de racismo que sofreu com o ex-presidente do Brasil general João Figueiredo, quando em uma cobertura o corrigiu gramaticalmente e precisou ouvir: “Tira aquela ‘neguinha’ da Globo daqui". Ela disse que passou o resto do governo tendo que lidar com isso. "Eu tenho uma história horrível com os militares. O general Figueiredo não me suportava."
Leia também:
Ela acredita que o preconceito racial não mudou nada desde então. “A diferença é que hoje as coisas ganham uma proporção maior. Nada mudou, a discriminação continua igualzinha. As pessoas acham que hoje é pior. Não, não, não. Quem não gosta de preto, não gosta. Quem é racista é racista. Não adianta a Glória Maria apresentar o Jornal Nacional, o Globo Repórter, o Fantástico. Ela é negra? Então, tem que ser discriminada ou diminuída”.
Apreciem Glória Maria falando sobre racismo e movimento negro! pic.twitter.com/3XyrMulrdy
— francesinha do agreste (@_goodend) May 19, 2020
Vida pessoal
A jornalista falou também sobre a descoberta do seu tumor cerebral no fim do ano e o tratamento que teve que fazer. "Estava eu em casa, me senti mal depois de um jantar e caí. Fui ao hospital costurar a cabeça e, quando me deram o resultado do exame, tinha dado que eu estava com um tumor no cérebro. Foi como um caminhão passando por cima de mim".
Leia também: Gloria Maria fala do casamento de Ana Maria Braga: "Rapidinha"
Segundo ela, atualmente está bem de saúde e na reta final do tratamento. "Graças a Deus eu escapei mais uma vez e já estou terminando a imunoterapia. Como eu sobrevivi, não sei, é só Deus quem sabe".
Pedro Bial quis saber como Gloria Maria lidou com a perda da mãe em fevereiro deste ano, quando ainda estava na fase agresiva de tratamento. "Na véspera do Carnaval, a minha mãe passou mal devido a uma insuficiência respiratória, que eu não sei se já era o coronavírus , e, no meio do caminho para o Hospital Pró-Cardíaco, ela morreu", contou. "Alguma coisa está acontecendo na minha vida que é muito mais que a pandemia. Está acontecendo tudo ao mesmo tempo", finalizou ela emocionada.