“Segundo Sol” pecou nos protagonistas e compensou com os coadjuvantes
Novela teve trama principal arrastada, mas contou com coadjuvantes de peso, com destaque para Deborah Secco, Leticia Colin e Vladimir Brichta
“Segundo Sol” tinha uma série de expectativas a cumprir. A primeira delas era manter a alta audiência deixada por “O Outro lado do Paraíso”, que bateu os 40 pontos na oitava semana e desde então manteve uma média alta, chegando a quase 50 em sua semana final .
A outra pressão que recaía em “ Segundo Sol ” era alcançar o sucesso de outro fenômeno do autor João Emanuel Carneiro : “Avenida Brasil”. A novela não conseguiu cumprir nenhuma delas.
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Embora termine com audiência em alta, o folhetim só superou os 40 pontos nas últimas semanas, quando Valentim (Danilo Mesquita) descobriu que foi roubado por Karola (Deborah Secco) e na verdade é filho de Luzia (Giovanna Antonelli). Até chegar nesse ponto – uma das maiores revelações da trama – o caminho foi árduo.
Inicialmente sobre Beto Falcão (Emilio Dantas), um cantor de axé que é dado como morto e acaba vivendo com outra identidade, o personagem foi deixado de lado durante boa parte da trama. JEC perdeu a oportunidade de aproveitar mais a questão de uma pessoa em conflito, que fez coisas ruins pensando no dinheiro.
Acabou por coloca-lo como uma vítima das circunstâncias e um mocinho ingênuo do qual as pessoas se aproveitam. Ninguém passa tanto tempo se fingindo de morto e arrependido para nada. Ele não conta para o filho quem é e engana o público, mas se não fosse a volta de Luzia, talvez ele nunca revelasse a verdadeira identidade.
Emilio é ótimo ator e prometia depois de “A Força do Querer”, mas o autor escorregou em seu personagem e o protagonista é esquecível. Luzia (Giovanna Antonelli) foi a grande protagonista e nesse sentido “Segundo Sol” evocou a novela antecessora e repetiu o sofrimento sem fim da mocinha.
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Ela é agredida verbalmente pelo ex-marido, acaba por mata-lo em legítima defesa, é presa, quase morre na cadeia, foge e perde os filhos e tem um bebê roubado. Foge do país por anos, mas volta para tentar reconquistar os filhos e acaba vivendo como fugitiva. É presa novamente, julgada e, quando Beto finalmente confessa quem é, acaba inocentada. Mas por que a criatividade de Carneiro parou em algum lugar no meio do caminho, ela se envolve em outro assassinato e é mais uma vez acusada e se trona fugitiva novamente.
Toda essa história foi repetitiva e cansativa e acabou ficando de lado por conta das tramas paralelas, que eram mais fortes e bem construídas, e acabaram salvando a trama do fiasco.
O lado bom de “Segundo Sol”
Tanto o trio de vilões quanto a saga da família Athayde e das irmãs Rosa (Letícia Colin) e Maura (Nanda Costa) tiveram mais caldo. Laureta (Adriana Esteves) e Karola (Deborah Secco) fizeram uma bela parceria, uma piorando a outra no quesito maldade. A decisão de coloca-las como mãe e filha justifica muito pouco, já que ambas tem motivação de sobra para fazer o que fazem e se apoiarem uma na outra. Da mesma forma, acrescentar o parentesco com Remy (Vladimir Brichta) foi desnecessário, pois o personagem tinha ambições próprias também. Ainda assim, Secco, Esteves e Brichta brilharam, com destaque para a primeira.
Maria de Médicis e Dennis de Carvalho capricharam no trabalho com o elenco. O resultado foi uma atuação fluída e entrosada, sem tons mecânicos.
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As reviravoltas de “Segundo Sol” , infelizmente, não foram positivas e o bom elenco nem sempre teve o que mereceu. Ainda assim, a novela não foi sofrível de assistir e mesmo com histórias um tanto absurdas, teve um bom ritmo, além de contar com a beleza da Bahia para facilitar.