Globo publiciza regra de conduta para evitar engajamento político de jornalistas

Após sucessivos episódios envolvendo opiniões políticas de jornalistas, Globo resolveu tornar pública suas diretrizes de conduta para funcionários do departamento de jornalismo da empresa nas redes sociais

Neste domingo (01), a Globo divulgou uma série de novas diretrizes sobre o uso das redes sociais para sua equipe de jornalistas .

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Sandra Annenberg apresentando o 'Jornal Hoje', na Globo
Foto: Divulgação Globo
Sandra Annenberg apresentando o 'Jornal Hoje', na Globo

Em carta aberta, o presidente do Conselho Editorial da Globo , João Roberto Marinho, explica que o objetivo é que os jornalistas evitem tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção.

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Neste novo adendo público, a emissora de televisão vetou oficialmente que profissionais desse setor emitam ou compartilhem opiniões políticas próprias ou de terceiros em redes sociais. Tudo isso com a intenção de manter a integridade e a isenção do produto jornalístico preservada.

A carta aberta

No comunicado divulgado, Roberto Marinho alerta que a empresa é totalmente adepta das redes, mas é necessário se precaver dos riscos: “É algo extremamente positivo e bem-vindo”.

Novas diretrizes da Globo

Foto: Divulgação Globo
João Roberto Marinho

Ainda segundo o documento divulgado, os profissionais estão liberados para seguir perfis de políticos nas redes quando isso for “fundamental para a cobertura jornalística”. Porém, curtir, endossar ou compartilhar postagens desses políticos não é mais permitido.

Já a  “Seção II” das Novas Diretrizes, informa como o jornalista deve proceder diante das fontes, do público, dos colegas, do veículo para o qual trabalha e das redes sociais, a ainda emissora faz um alerta aos aplicativos de mensagens pessoais, como WhatsApp.

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“É evidente que, em aplicativos de mensagens, como WhatsApp e outros, (...) todos têm o inalienável direito de discutir o que bem entender com grupos de parentes e amigos de confiança”.

 “Mas é preciso que o jornalista tenha em mente que, mesmo em tais grupos, o vazamento de mensagens pode ser danoso à sua imagem de isenção e à do veículo para o qual trabalha”, complementa.

E conclui com: “Tal vazamento o submeterá (o profissional envolvido) a todas as consequências que a perda de reputação de que é isento acarreta”.

Também orienta a todos a não fazer reclamações públicas de nenhuma empresa ou prestadora de serviço em caso de mau atendimento. Nesse caso o conselho é “silenciar a respeito para evitar que, após descobrir que o reclamante trabalha na Globo, porventura a empresa lhe ofereça reparação bem maior do que o desserviço ocorrido”.

Chico Pinheiro e o jogo de percepções na web

Foto: Reprodução/Memória Globo
Chico Pinheiro possui mais de trinta anos de carreira e já usou a televisão para soltar as melhores sacadas do jornalismo

Circulou pelas redes em abril deste ano um áudio de Chico Pinheiro indignado com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nele, o jornalista lembra a frase de Lula momentos antes de ser preso: “Eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia e ideia não se prende”.

Logo mais adiante, o jornalista acrescentou: “Realizaram o fetiche. O fetiche deles era Lula na cadeia. Não foi feito do jeito que eles queriam, mas o Lula foi. E agora? O que vão fazer agora? Como é que fica? Qual é o próximo passo? Que o Lula tenha calma e sabedoria, inspiração divina para ficar quieto onde ele está”.

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O áudio do jornalista Chico Pinheiro foi compartilhado em um grupo fechado de Whatsapp e chamou a atenção dos holofotes por um bom tempo. Agora, com suas novas diretrizes a Globo pretende amenizar as polêmicas e manter a isenção do jornalismo - como deve ser.