Cinco vezes que jornalistas da Globo demonstraram preferências partidárias
Apesar de polêmica com Chico Pinheiro, esta não foi a primeira vez que os jornalistas teceram comentários a favor ou contra partidos. Confira
Apesar de dar espaço para comentaristas tecerem análises e opiniões sobre a política brasileira e internacional, parece que a Rede Globo não gosta que os seus jornalistas se posicionem partidariamente longe das câmeras. O mais recente caso foi o de Chico Pinheiro , que teve um áudio enviado para um grupo de whatsapp vazado em que defendia o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e criticava ações do juiz federal Sergio Moro.
Leia também: Dez celebridades que não renovaram contrato com a Globo
Após o episódio, o diretor de jornalismo da Rede Globo , Ali Kamil, disparou um e-mail como advertência aos jornalistas da emissora. Segundo o texto do profissional, “o maior patrimônio do jornalista é a isenção. Na vida privada, como cidadão, pode-se acreditar em qualquer tese, pode-se ter preferências partidárias, pode-se aderir a qualquer ideologia. Mas tudo isso deve ser posto de lado no trabalho jornalístico”.
Leia também: Climão! Deborah Evelyn insinua que Malu Mader está chateada com saída da Globo
Kamil ainda argumenta que é por conta disso que não se pode expressar suas preferências publicamente em redes sociais, incluindo para amigos próximos pois uma vez que se tornem públicas “é impossível que os espectadores acreditem que tais preferências não contaminam o próprio trabalho jornalístico, que deve ser correto e isento”, reafirmando que a Globo é apartidária.
Entretanto, esta não foi a primeira vez que um jornalista da Rede Globo deixou evidente a sua opinião partidária no espaço público. Seja na televisão, nas redes sociais ou nos jornais escritos, diversos profissionais da casa já colocaram a boca no trombone. Relembre cinco casos:
Chico Pinheiro
Apesar da recente argumentação de Chico Pinheiro ter chamado atenção na mídia, esta não foi a primeira vez que o jornalista emitiu sua opinião sobre o cenário político brasileiro. Ainda durante o processo de impeachment da ex- presidenta Dilma Rousseff, o profissional utilizou as suas redes sociais para tecer comentários. “Processo de impeachment é político. E não vejo autoridade moral ou ética nos políticos que querem julgar a presidente”, escreveu na época.
O jornalista ainda justificou sua posição afirmando que “dos 65 deputados que compõe a comissão, mais de 40 tiveram seus nomes ligados às empresas investigadas na Lava Jato”. Questionado por um internauta se o que estava em vigor no momento era ou não golpe, Pinheiro foi sucinto: “O impeachment está previsto na Carta [Constituição]. O que o torna golpe são os personagens que tocam o processo e seus interesses”.
Você viu?
Leilane Neubarth
A jornalista do Globo News Leilane Neubarth é uma das que utilizou recentemente as redes sociais para falar sobre o cenário político atual. Acompanhado as decisões do Supremo Tribunal Federal a respeito da prisão de Lula, a jornalista escreveu tweets se posicionando contra o ex-presidente, chegando mesmo a colocar a Rede Globo no meio.
“É curioso ouvir o Lula dizer que a culpa de tudo é da Globo e tanta gente dizer todos os dias aqui no Twitter que a Globo defende o Lula. Ah... e também tem gente que diz que a culpa é da Globo porque ‘elegeu’ ele. Ou seja, a culpa é sempre da imprensa. Por isso Lula quer o controle dela”, escreveu em publicação. Mais tarde, diferentemente de Chico Pinheiro, a jornalista celebrou a prisão do político: “Acabou: 6X5 CONTRA a liberdade de Lula. Dia longo, exaustiva. Vence o Brasil!”, escreveu.
Cristiana Lôbo e Diogo Mainardi
Em 2015, em época de efervecência política acerca do impeachment de Dilma Rousseff, a jornalista Cristiana Lôbo comentava sobre o cenário no “Manhattan Conection” afirmando que não havia nada contra a ex-presidenta para a perda do seu cargo e de que ela teria sido eleita de maneira legítima.
Mais tarde, de Veneza, o jornalista Diogo Mainardi entrou no ar afirmando que a conversa estava “non-sense” e ainda afirmando que a ex-presidenta teria ganhado “roubando as eleições. Ela foi eleita com dinheiro roubado da Petrobrás”, ressaltando ainda que tudo o que estava acontecendo era uma bomba gigantesca. A discussão polarizada rendeu muitos comentários nas redes sociais na época, também dividindo opiniões.
Leia também: Site é condenado por divulgar imagens de Juliana Paes nua sem autorização
Arnaldo Jabor
Durante a corrida eleitoral em 2014, o colunista e comentarista da Globo Arnaldo Jabor não mediu palavras para tecer suas opiniões em texto publicado no Estadão. Intitulado como “O Brasil está com ódio de si mesmo”, o jornalista escreveu sua análise sobre o cenário político tecendo fortes críticas ao PT e outros partidos de esquerda do país. “Foi o pior cenário para o retrocesso a que assistimos”, escreveu, referindo-se a chegada do PT no governo.
Em contrapartida, o jornalista ressaltou as ações realizadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso nos anos anteriores enaltecendo-as. “Foi o Plano Real que tirou 28 milhões de pessoas da pobreza e não o refrão mentiroso que os petistas repetem sobre o Bolsa Família ou sobre o PAC imaginário”, escreveu.
O texto ainda se desenrola com argumentos que o jornalista traz para deixar evidente o porquê acredita que o Brasil estaria enfrentando um momento catastrófico politicamente, ainda chamando de “pão e circo” a vinda da Copa Do Mundo ao País. O texto termina com Jabor clamando que “É preciso tirar do poder esses caras que se julgam os ‘sujeitos da história’”, em clara referência ao PT.
Merval Pereira
O jornalista Merval Pereira já é há anos da casa e, como comentarista político, não mede palavras para tecer suas análises sobre o cenário brasileiro. Também durante o ano eleitoral anterior, o jornalista apareceu abatido no anúncio oficial do resultado da reeleição do governo no Globo News e afirmou que o projeto político de Dilma Rousseeff “não tem futuro” e que o Brasil estava diante “de uma crise institucional”. Além disso, o jornalista chegou a questionar a “qualidade da vitória” da ex-presidenta.