Greve muda rotina da TV e jornalismo tenta responder à altura dos fatos
Emissoras têm ganho expressivo de audiência e tentam ofertar à população apreensiva informação, serviço e contexto do que ocorre no País
Há quem acredite que vai mudar o Brasil e há quem se preocupe apenas em chegar ao trabalho, mas fato é que a greve dos caminhoneiros que vive seu oitavo dia e espalha o caos pelo Basil mudou completamente não só a rotina dos brasileiros, como da televisão no País.
As emissoras foram intensificando suas coberturas à medida que a greve dos caminhoneiros foi escalando. O ponto-chave foi o acordo celebrado entre o governo e lideranças do movimento grevista na última quinta-feira (24). Quando a greve não se diluiu na sexta-feira (25), a percepção de que a crise era mais aprofundada do que se tinha ciência até então tomou conta do jornalismo na televisão.
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Os jornalísticos matinais foram omelhor termômetro dessa condição. O matinal "Hora Um" registrou na quinta e sexta da semana passada as melhores médias de audiência desde maio e junho de 2017, em plena crise detonada pelo grampo e delação de Joesley Batista. No SBT, o "SBT Brasil", com 9,9 pontos, obteve seu melhor desempenho na audiência em 13 anos. Já o "Balanço Geral", com 10,2 pontos, registrou sua melhor média em sete meses.
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No fim de semana, as inserções do jornalismo da Globo na programação foram uma constante. Fernande Gentil, com certo nervosismo, subitamente estava apresentando um noticiário sobre a greve em pleno "Esporte Espetacular". A RecordTV alcançou seu melhor domingo de audiência desde o velório de Marcelo Rezende em setembro de 2017. A emissora trocou os desenhos da manhã pelo plantão de jornalismo e alcançou 9 pontos, superando a Globo em parte da manhã e incomodando bastante no início da tarde.
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Invasão da GloboNews na Globo
A emissora precisou recorrer a plantonistas da GloboNews para dar vazão à sua cobertura ao longo do fim da semana. Nesta segunda-feira (28), o jornalista político Valdo Cruz conduziu ao lado da apresentadora do "Bom Dia Brasília" Giuliana Morrone uma entrevista com o ministro da fazenda Eduardo Guardia. A emissora, aliás, alterou toda a sua programação matinal para manter a cobertura da greve e dos protestos pela manhã. Os jornais regionais já estavam informalmente no ar desde às 10h.
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Resposta aos fatos
O esforço para oferecer uma cobertura que compreenda tanto serviço como contexto para uma população tão apreensiva como assustada pauta a cobertura jornalística das emissoras de televisão à luz da greve dos caminhoneiros . O ganho de audiência, nesse episódio em particular, é uma consequência de um trabalho de logística complicada, mas indesviável pertinência.