A frase pode parecer contraditória, mas quem acompanha novelas acentuadamente sabe que grandes vilãs acabam caindo nas graças do público. Para citar exemplos, não é preciso ir muito longe: quem não se divertiu com Nazaré, personagem de Renata Sorrah
em "Senhora do Destino"
, que recentemente foi reprisada em "Vale a Pena Ver de Novo"
? Quem não esperava ansioso por "Avenida Brasil"
só para poder ver as maldades de Carminha ( Adriana Esteves
)?
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Tanto Nazaré quanto Carminha foram vilãs que entraram para uma lista de personagens más que acabaram se tornando queridas pelos telespectadores, o que era muito mais comum em um passado não muito distânte. O motivo? Hoje isso virou politicamente incorreto.
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Com um número cada vez maior de redes sociais, esse ou qualquer outro assunto, acaba ficando ainda mais em evidência, ou seja, gostar de alguém que mata ou cometeu algum tipo de crueldade na ficção acaba sendo julgado, o que não acontecia há cinco ou dez anos, ou, pelo menos, não acontecia na mesma intensidade que é percebido nos dias de hoje.
Virada
Talvez o último grande vilão que tenha de fato caído nas graças dos telespectados, tenha sido o Felix, personagem de Mateus Solano em "Viver à Vida" . Logo no primeiro capítulo da novela, o personagem jogou o bebê de sua irmã em uma caçamba de lixo. Quer maldade maior? Mesmo assim, ele foi conquistando o público ao longo da novela até chegar ao ponto de ver pessoas torcendo para seu final feliz, o que de fato aconteceu no último capítulo.
Depois disso, a Globo teve "Em Família" , "Império", "Babilônia" , "A Regra do Jogo" , "Velho Chico" e "A Lei do Amor" na faixa das 21h, nenhuma delas com um vilão querido. Isso só mudou no ano passado, quando Bibi ( Juliana Paes ) roubou a cena em "A Força do Querer" .
Com Bibi as coisas já acnteceram de uma forma diferente. O público se dividiu nas redes sociais e, enquanto algumas pessoas mostravam afeto pela moça, outros declaravam ódio à esposa de Rubinho, personagem de Emílio Dantas.
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A nova geração de vilões
Agora com "O Outro Lado do Paraíso", Eliane Giardini vem roubando a cena na pele da racista Nádia. Marieta Severo dá dimensões, ora gregas, ora mexicanas, a sua Sofia. São duas vilãs que em outros tempos talvez já tivessem assegurado vaga cativa no imaginário cultural do brasileiro. As duas, no entanto, não devem se juntar a Carminha e Nazaré. Mesmo a mais vã e espalhafatosa ficção é vítima de uma patrulha feroz nas redes sociais que parece coibir aquela máxima de que "adoramos detestar fulano".