“O Outro Lado do Paraíso” tem inúmeros defeitos. Walcyr Carrasco errou a mão na trama que se arrasta para a fase final cheia de barrigas, personagens mal desenvolvidos, histórias absurdas e muitos núcleos, a maior parte deles descartável. Com boas ideias, elas não foram bem desenvolvidas na prática, e potenciais para boas histórias, como o bordel, acabam se tornando exaustivas e desnecessárias.
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Por isso, separamos os piores núcleos de “ O Outro Lado do Paraíso ”, seja pela história ruim, pelo desperdício de bons atores ou pela falta de inspiração do autor.
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Samuel + Cido + Suzy
Esse é, de longe, um dos pontos mais fracos da novela. Um homem (Samuel – Eriberto Leão) gay que vive no armário e é homofóbico, como a mãe, se casa com uma mulher apaixonada pro ele, enquanto inicia um caso com outro homem. O começo da história poderia ter rendido um bom conflito. Afinal, ele tenta inclusive se “tratar” da homossexualidade. Mas a saída foi a coabitação do trio Samuel, Suzy ( Ellen Roche ) e Cido (Rafael Zulu), que transforma em piada as mais baixas formas de ofensa. E o que dizer do assédio do médico que trata Suzy? É uma soma de absurdos que tentar fazer rir, mas é apenas ridículo.
O coaching da advogada
Não precisa nem dizer né? Uma advogada, atuando como coaching, fazendo um trabalho de regressão que deveria está nas mãos de um psicólogo, não faz sentido. Se o autor não queria incluir mais uma personagem ao colocar uma psicóloga para tratar Laura (Bella Piero), por que não usar a profissional que está tratando de Gael ( Sérgio Guizé ) e, inclusive, sendo constantemente insultada por ele, que a chama de “tarada” a cada oportunidade? Parece que o objetivo aqui é dar uma função extra para Adriana (Julia Dalavia) que, passado o julgamento não tem por que permanecer na cidade, mas ela não se encaixa nisso. No mais, a própria Associação Brasileira de Psiquiatria já havia feito um alerta em relação a outra cena, mas até a escola de coaching Ericksson College se viu obrigada a explicar a repudiar a cena. A diretora Iaci Rios, alerta que, ao apontar o coaching como tratamento psicológico, a novela está desinformando o público e estimulando as pessoas a procurar profissionais que não estão habilitados a lidar com situações críticas de saúde mental. “A novela está apresentando uma prática de coaching totalmente equivocada e antiética”, chegou a declarar a diretora.
Mariano e as mulheres
Mariano ( Juliano Cazarré ) tem alga função na novela. Com certeza. Qual, exatamente, não sabemos, mas deve ter. Por enquanto, ele serviu para se envolver com uma das protagonistas e depois com outra, além da jovem Cleo (Giovana Cordeiro), enquanto oscila entre um vilão e um homem justo. Na realidade, sua história não anda e ele parece apenas tapar buracos.
O sobrenatural
Mercedes (Fernanda Montenegro) tem um dom sobrenatural prometido antes mesmo de a novela começar. Muitos folhetins apostam no sobrenatural, religioso ou não, para contar certas histórias e, se foram críveis, eles são aceitos pelo público. Mas esse não parece ser o caso de Mercedes. Ela tem algumas sensações, faz alguns alertas vazios, e chega até a deixar alguns personagens intrigados com suas profecias, as não faz exatamente nenhuma diferença na trama. Até que ela cura Raquel (Érika Januza) de uma paralisia. Quer dizer, ela não consegue fazer uma previsão concreta do futuro, mas cura uma cadeirante? Não dá.
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Virgindade e casamento
O Brasil tem o hábito, contrário a muitos países, de manter os filhos em casa até o casamento. Isso, ATÉ o casamento. Por que depois disso o costume é que os filhos se mudem para a própria casa e iniciem sua própria família. Claro que todo caso tem suas exceções, mas parece que em “ O Outro lado do Paraíso ” a exceção é a regra. Assim como se casam ainda virgens. De novo, isso pode sim acontecer, mas quando você usa a mesma trama várias vezes na mesma novela, parece só preguiçoso. No folhetim, Clara ( Bianca Bin ), Laura e Melissa (Gabriela Mustafá) todas casaram virgens. E só a primeira mudou de casa após o casamento. Esses pequenos detalhes só reforçam a falta de criatividade geral da novela.