Com Silvana, “A Força do Querer” subverte clichês na representação dos vícios

Personagem viciada em jogos apresenta personalidade que vai além de seu vício, e interage bem com a história como um todo em “A Força do Querer”

O primeiro passo para se tratar de um vício é reconhece-lo. Esse é, obviamente, o mais difícil também. “É só para me divertir”, “quando eu quiser eu paro” e “não é para tanto”, são frases comuns enunciadas por pessoas que, claramente, já passaram dos limites do aceitável, seja com álcool, drogas e jogos . O último é o que ocorre com a personagem Silvana em “A Força do Querer”.

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Silvana (Lilia Cabral) tem uma narrativa delicada e mais realista em 'A Força do Querer'
Foto: Divulgação/TV Globo
Silvana (Lilia Cabral) tem uma narrativa delicada e mais realista em 'A Força do Querer'

Interpretada pela sempre incrível Lilia Cabral , Silvana é viciada principalmente em pôquer, mas se rolar uma jogatina qualquer ela está dentro e, o pior, apostando dinheiro. E das frases citadas acima ela já usou todas. Ela ainda conta com a escudeira Dita (Karla Karenina), que ajuda a encobrir suas saídas misteriosas para o marido Eurico (Humberto Martins). Ao longo de “ A Força do Querer ”, vimos a personagem se envolver com gente perigosa, ficar refém em um cativeiro, vender carro, móveis, joias e o que mais pudesse para se livrar dos problemas. Ao mesmo tempo, ela já chegou a ficar internada em uma clínica de reabilitação, que ela negou precisar e pouco deu resultado.

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Realidade

É preciso considerar sempre o aspecto ficcional da obra. Agiotas que invadem casas com a maior facilidade e levam uma televisão, a sorte de ficar em um cativeiro comandado justamente por conhecidos de Bibi ( Juliana Paes ) e outros momentos como esses são feitos para aumentar a dramatização da personagem.

Foto: Divulgação/TV Globo
O vício de Silvana faz parte de sua personalidade, mas não há define em 'A Força do Querer'

Ainda assim, Silvana está muito bem inserida na novela pois apesar de ter um vício, não é só isso que a define. Pelo contrário, é a parte menos sensata da personagem que, em outros aspectos, consegue ser bem sagaz. É Silvana, por exemplo, a primeira a notar as más intenções de Irene (Débora Falabella). E, apesar de não ter seus conselhos aproveitados pela família de Joyce (Maria Fernanda Cândido), ela sabia que o que Irene tentava aprontar.

Foi ela também quem primeiro notou que Ivana (Carol Duarte) precisava de alguém com quem conversar, já que seu problema era mais profundo que apenas “usar roupas de meninos”. Foi ela, inclusive, a primeira a perceber que talvez Ivana não se identificasse com seu gênero. Ela também demonstra não ter preconceitos, assim como a filha Simone (Juliana Paiva), apoia a menina.

Mas, ela sofre de um vício e isso também é parte de sua personalidade. Porém, ao invés de beber perfume como a Santana de “ Mulheres Apaixonadas ” fazia por conta do vício em álcool, a narrativa de Silvana é mais realista e mais delicada. Sem pesar a mão, em " A Força do Querer ", Glória Perez soube desenhar a história da mulher que, mesmo com o apoio da família, sofre para superar esse problema.

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