"Por Amor" volta a ser exibida na TV; relembre altos e baixos da novela

Uma das mais aclamadas histórias de amor escritas por Manoel Carlos, "Por Amor" hoje é vista com nostalgia, mas também foi alvo de críticas em 1997

Depois de 20 anos de sua estreia, “Por Amor”, um dos folhetins mais marcantes de Manoel Carlos, volta a ser exibido na televisão. A trama que mostra o amor incondicional de mãe para filha será apresentada no Canal Viva a partir desta segunda-feira (8). A audiência quando foi lançada, em 1997, não impressionou, tendo uma média de 43 pontos, entretanto os dilemas morais da trama fizeram com que “Por Amor” fosse lembrada com saudosismo e nostalgia pelos fãs de telenovelas, que a consideram uma das melhores obras de Maneco. Relembre alguns acertos e alguns erros que “Por Amor” teve em sua história.

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Foto: Reprodução/Memória Globo
Gabriela e Regina Duarte interpretaram mãe e filha na novela ''Por Amor'', que mobilizou o Brasil com dilema materno

Por Amor ” emocionou o país com o drama de Helena, vivida por Regina Duarte , ao abdicar de sua felicidade para poder ver a filha Mari Eduarda, personagem de Gabriela Duarte , ser feliz. Ambas vibraram quando engravidaram na mesma época de Atílio e Marcelo, interpretados, respectivamente, por Antônio Fagundes e Fábio Assunção. Mãe e filha deram a luz simultaneamente, entretanto, Maria Eduarda perde a criança e sofre graves lesões que a tornam estéril.

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Desesperada, Helena faz um pacto com o médico do hospital que faz a troca entre as crianças e, desse modo, Maria Eduarda e Marcelo criam o filho de Helena com Atílio sem saber da verdade trágica por trás daquilo. Quando Helena revela a verdade seu relacionamento entre em ruínas e Maria Eduarda se rebela contra ela, se negando a acreditar no que acabara de ouvir da boca da mãe. Apesar dos atritos e das relações abaladas, no final Helena e Maria Eduarda se reconciliam, mas a novela não deixa claro com quem a criança fica.

Acertou em cheio

Trama envolvente

“O que você seria capaz de fazer por amor?” – esse era o slogan das chamadas de “Por Amor”, que já deixavam no ar o dilema que as personagens de Gabriel e Regina Duarte enfrentariam e que, também, deixariam o público colado em frente à televisão para acompanhar o desfecho da emocionante troca de bebês. A história, por si só, já era chocante, mas as pessoas sentiam empatia e se envolviam com o sofrimento de Helena ao sacrificar sua felicidade em detrimento de sua filha, Maria Eduarda.  

Merchandising social

Foto: Reprodução/Memória Globo
Carolina Ferraz e Eduardo Moscovis viviam casal com diferença econômica em ''Por Amor'' e debatiam preconceito de classe

Inserindo questões delicadas, mas não menos importantes, Maneco conseguiu tratar de debates sociais com sutileza em “Por Amor”: o pai biológico, Orestes (Paulo José) de Maria Eduarda lutava contra o alcoolismo e era renegado pela filha, Milena (Carolina Ferraz) e Nando (Eduardo Moscovis) davam voz ao amor entre pessoas de diferentes camadas sociais, Márcia (Maria Ceiça) e Wilson (Paulo César Grande) escancaravam o racismo da sociedade e o dentista Rafael (Odilon Wagner) revela para a mulher, Virgínia (Ângela Vieira), que é bissexual, abrindo as portas para a questão da sexualidade.

Mãe e filha

A escolha dos membros do elenco de “Por Amor”, como um todo, foi muito feliz: a novela tinha um time de peso como Susana Vieira, Antônio Fagundes, Viviane Pasmanter, Cássia Kiss, Eduardo Moscovis e a lista vai longe, mas o destaque fica para a escalação das protagonistas Gabriela e Regina Duarte que, assim como na vida real, foram mãe e filha. A ligação entre elas ia além da mera atuação nos episódios da trama e, por isso, o realismo e a química na relação entre as duas deu mais força para o dilema de Helena na novela.

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Poderia ser melhor

“Mais do mesmo”

Deixando a impactante troca de bebês que deu o tom da novela , “Por Amor” não ia muito além dos clichês de qualquer novela de Manoel Carlos – frases prontas sobre o poder do amor, alguns romances, ciúmes, vingança e, no final, os “mocinhos” e os “malvados” recebiam o que mereciam. Se não fosse pela trama principal, o folhetim não iria além de uma história “água com açúcar” usando e abusando de fórmulas prontas. Uma matéria publicada na Folha de S. Paulo em 1997, logo que a novela estreou, comenta que “Por Amor” não passa de mais um “arroz com feijão” de Manoel Carlos e não impressiona. Inclusive, a média de audiência da atração foi de 43 pontos, entretanto, a expectativa era que o folhetim alcançasse 45 pontos.

A chata

Enquanto a personagem de Regina Duarte atraia os holofotes se destacava por abrir mão de qualquer coisa para ver sua filha feliz novamente, Gabriela Duarte como Maria Eduarda foi alvo de reprovação dos fãs. Na época em que foi ao ar, um website pedindo a morte da personagem chegou a ser criado, pois seu comportamento egoísta e mimado era insuportável para o público. Somente o sofrimento envolvido em perder um filho pôde salvá-la de ser completamente rejeitada, pondo em risco o sucesso da novela.

Verossimilhança

Foto: Reprodução/Memória Globo
Helena, vivida por Regina Duarte, abria mão de seu filho na maternidade com ajuda de médico em ''Por Amor''

Mesmo sendo uma obra de ficção, algumas coisas em “Por Amor” beiravam o absurdo, a começar pelos romances enrolados que giravam em torno de poucos personagens – e todos eles já se conheciam e tinham alguma coisa entre si, ficava até difícil entender onde começa e onde terminava uma relação. A ética médica também mandou lembranças para Maneco quando César (Marcelo Serrado) concorda em ajudar Helena a trocar os bebês na maternidade, além da falta de responsabilidade e fiscalização do hospital que não descobriu o procedimento ilegal que estava acontecendo.

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 “Por Amor” será reprisada no Canal Viva na faixa das 23h30. Essa é a segunda – a primeira foi em 2010, logo na estreia do Viva – vez que o folhetim vai ao ar no canal, sendo uma das novelas mais pedidas do público.