Fernanda Torres no Oscar e o sentimento de “justiça” dos brasileiros
Arthur Ferreira
Fernanda Torres no Oscar e o sentimento de “justiça” dos brasileiros

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repercussão em torno de Fernanda Torres como uma das favoritas ao Oscar 2025 na categoria de Melhor Atriz reacendeu a emoção e o orgulho dos brasileiros, mas também trouxe à tona um sentimento de “justiça histórica”.

A atriz brilha em Ainda Estou Aqui , filme dirigido por Walter Salles , e sua performance tem conquistado o público e a crítica internacional. No entanto, para os brasileiros, essa possível vitória carrega um simbolismo que vai além do reconhecimento individual: é também uma chance de corrigir a frustração nacional vivida em 1999, quando Fernanda Montenegro foi indicada e perdeu a estatueta.

Em coletiva de imprensa, Fernanda Torres abordou o impacto do projeto e a relevância de sua candidatura, mantendo um tom de celebração cautelosa. “Esse filme já está ocupando o que ele está ocupando, as críticas… A gente tá na shortlist de coisas muito grandes pro tal do Oscar, que parece ser a fronteira final! Nós temos grandes chances de estar entre os filmes estrangeiros. Estamos trabalhando para outras categorias.”

O filme já é um acontecimento pra gente! O Oscar é muito importante por várias questões, mas também não é a medida de tudo

Fernanda Torres sobre "Ainda Estou Aqui"
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No último domingo (17/11), o perfil oficial da Academia publicou nas redes sociais uma foto de Fernanda Torres durante o Academy Governors Awards, acompanhada da legenda: “She is MOTHER” (Ela é MÃE, em tradução livre). O termo, amplamente usado na cultura pop, é usado para enaltecer figuras femininas que se tornam ícones e se destacam na mídia.

A postagem viralizou, com brasileiros lotando os comentários em apoio à atriz e ao filme Ainda Estou Aqui . Entre as mensagens de carinho, um seguidor sintetizou o sentimento nacional: “Ela é uma FILHA. A mãe vocês roubaram em 1999.”

Fernanda Montenegro fez história ao se tornar a primeira atriz latino-americana indicada ao Oscar de Melhor Atriz por seu papel em Central do Brasil , também dirigido por Salles. Considerada uma das favoritas na época, a atriz entregou uma atuação profundamente emocional que marcou o cinema mundial.

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Contudo, a vitória acabou nas mãos de Gwyneth Paltrow , por Shakespeare Apaixonado , em uma decisão que até hoje é vista como controversa. Muitos acreditam que o resultado foi influenciado por campanhas agressivas de marketing conduzidas por estúdios, prática comum no Oscar, mas que deixou um sabor amargo para os brasileiros.

Agora, mais de duas décadas depois, Fernanda Torres, filha de Montenegro, aparece como uma nova esperança de levar a tão sonhada estatueta para o Brasil.

Com a possibilidade da indicação repercutindo nas redes sociais, algumas pessoas recuperaram uma declaração de Fernanda Torres sobre o Oscar em 1999, mesmo ano em que sua mãe foi indicada. “O Oscar é a festa da injustiça. Se derem para a mamãe e para o filme, ponto para eles. Ultimamente, eu chamo a mamãe de nosso astronauta John Glenn. Ela rumo ao espaço.”

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“Me dá [frio na barriga] muito menos pelo Oscar e muito mais por ela ter feito esse filme. Pelo Brasil ter produzido esse filme a altura do talento dela. Ela disse uma coisa tão bonita esses dias em entrevista: ‘Nós somos maiores que o Oscar. O Oscar é uma festa típica americana, como o Carnaval é nosso'”.

Enquanto isso, Ainda Estou Aqui já ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores nos cinemas brasileiros, consolidando-se como um dos maiores sucessos de bilheteria do ano no país. Esse feito é particularmente significativo em um cenário em que o cinema nacional luta para atrair público diante da concorrência com grandes produções internacionais e desafios econômicos.

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Aproveita esse embalo do Ainda Estou Aqui e vai para outros filmes brasileiros com a sua família.

Fernanda Torres sobre "Ainda Estou Aqui"

O impacto do filme nas salas de cinema reforça o poder das histórias brasileiras em se conectarem profundamente com o público local. Independentemente do resultado no Oscar, esse retorno expressivo prova que o verdadeiro reconhecimento está nos espectadores, onde o cinema nacional encontra sua maior vitória.

Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva * sobre a história da própria família, Ainda Estou Aqui acompanha a emocionante jornada de Eunice Paiva, que precisa lidar com o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva ( Selton Mello ). A história se passa no início da década de 1970, o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar.

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