Figurinista relembra look icônico de As Patricinhas de Beverly Hills
A
s Patricinhas de Beverly Hillsé um dos filmes mais memoráveis dos anos 1990 quando falamos de uma história que tem a moda como foco, e, por isso, continua sendo relembrado até hoje, seja como referência para produções atuais ou até servindo de fantasia de Halloween . Mona May, figurinista responsável pelos looks do longa, e de outros títulos relevantes dos anos 2000 , como Encantada e Afinado no Amor , conversa com a CAPRICHO sobre o caráter ‘desobediente’ de seu trabalho e se mostra impressionada com a autenticidade dos jovens que fazem a moda brasileira.
Mona May ressalta que As Patricinhas de Beverly Hills (ou Clueless , em inglês) se tornou icônico por conta da abordagem permitida pelo roteiro da cineasta Amy Heckerling , que teve inspiração do livro Emma , de Jane Austen. “Desde o começo foi sobre o roteiro, que foi muito importante, porque falava sobre moda, e não existiam tantos filmes que realmente tratavam de moda”, afirma a figurinista, que veio ao Brasil para participar do evento Iguatemi Talks Fashion nesta semana.
O figurino inovador de As Patricinhas de Beverly Hills
Na época, a estética grunge, fomentada pela banda Nirvana, era a principal tendência, com calças baggy, camisas xadrez e uma linha difusa entre os gêneros. O filme, no entanto, demandava uma proposta voltada para o estilo ultrafeminino , que, inclusive, vive seu retorno, especialmente após o fenômeno Barbie . “Eu tinha o trabalho de uma estilista e de uma figurinista para criar algo muito novo, porque, na época, em 1995, todo mundo estava usando grunge. Então, o propósito da história era revolucionar isso e mostrar uma moda refinada em um colégio de Beverly Hills, porque eles [os personagens] eram ricos. “, acrescenta.
“ Nós estávamos nos rebelando em relação ao que estava na rua. Mas também o porquê isso aconteceu foi devido ao roteiro . O roteiro foi escrito sobre patricinhas em Beverly Hills, então estava no roteiro o aval para que eu fizesse isso acontecer. Eu tinha que criar essas patricinhas e fazer Cher, Dionne, Tai e Amber ficarem fabulosas e pensar em algo que nunca havia sido visto antes. Esse foi o maior desafio: criar algo que não tinha sido feito antes.”
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Ela ainda destaca sua própria trajetória como uma influência fundamental nessa visão – nasceu na Índia, cresceu na Alemanha, estudou na França, foi para Nova York e morou em Los Angeles. “Queríamos criar algo que fosse atemporal, feminino e pró-mulheres, nós sabemos as modelagens que amamos e funcionam pra gente. E essa foi a minha abordagem para o filme, fazê-lo atemporal. E isso que é muito legal, você pode olhar para o filme agora, quase 30 anos depois, e ainda tem vontade de usar esses looks.”
O terninho xadrez amarelo do designer Jean Paul Gaultier utilizado por Cher Horowitz (Alicia Silverstone) ficou conhecido a ponto de se tornar um sinônimo do filme. “Foi um look muito importante para a Cher usar no primeiro dia de aula. E foi algo que criamos para ela brilhar como a luz do sol, porque as pessoas estavam indo e vindo na frente dela, tinha vento atrás dela, então queríamos algo que pudesse torná-la uma rainha. Foi incrível como deu certo e, agora, todo mundo pensa no terninho amarelo em As Patricinhas de Beverly Hills “, declara Mona May.
Ao contrário do que pode parecer, ser uma figurinista em Hollywood não é só glamour. May conta que acordar às 5h da manhã e trabalhar por 15 horas é comum, além de ter que viajar e ter quase uma ‘vida de cigano’. “Eu dediquei a minha vida a minha arte e todos os filmes que eu fiz são como meus filhos. E é muito divertido. Mas não é apenas sentar em uma cadeira e apontar o dedo, o que faria as pessoas pensarem que é um trabalho fácil. É muito envolvente, você tem que trabalhar com atores e, às vezes, eles não estão de bom humor e você tem que ser uma mãe ou uma psicóloga. Muitas coisas mudam de última hora, então você tem que estar preparado; não pode ficar agarrado a uma ideia, tem que ser flexível. Às vezes, você quer uma coisa, mas o ator de última hora resolve que não quer, e você tem que aceitar, porque o mais importante é que ele se sinta bem.”
A quantidade de roupas necessárias para As Patricinhas de Beverly Hills foi um outro desafio mencionado pela profissional – só a Cher tinha 60 trocas de roupa, Dionne Davenport (Stacey Dash) tinha 45, sem contar todos os figurantes. Já em Encantada, por exemplo, a tarefa mais difícil foi fazer com que o figurino funcionasse em três meios diferentes – animação 2D, live-action e CGI (computação gráfica). “Mas o que é legal é que a cada trabalho eu aprendo uma coisa diferente”, celebra.
Mona May, figurinista de ‘As Patricinhas de Beverly Hills’, no Iguatemi Talks Fashion Fotos: Michele Suto / Rafael Cusato / Rodrigo Trevisan/Divulgação
E o Brasil?
A figurinista revela que, além de se admirar pelas cores e estampas típicas do Brasil, ao participar do São Paulo Fashion Week e observar as pessoas no evento, se encantou ao ver os jovens que fazem a moda brasileira. “Eu amo cores, então eu amo a marca Farm Rio, porque tem cores e estampas e expressa a vida que vocês têm aqui. Eu amo a comida aqui, as flores são tão lindas, tem muita coisa acontecendo… Eu fui à semana de moda daqui e eu consegui ver os jovens por trás de tudo. Fiquei impressionada com os jovens fashionistas, muitos se vestindo com influências de As Patricinhas de Beverly Hills nos anos 1990, usando lenços ‘Babushka’ e até roupas muito únicas que eles mesmos criaram, e eu fiquei muito surpresa com a individualidade de cada um e como têm um olhar avançado na moda . Eles poderiam ir para Nova York e Los Angeles e estariam perfeitos.”
Por fim, Mona May comenta como montaria um look ideal de patricinha brasileira. “Teríamos que dar a ela muito mais cor, talvez uma estampa, uma saia bem curta, mas uma jaqueta maior, e talvez saltos um pouco mais altos, só porque eu acho que as patricinhas brasileiras são mais ousadas, e muito mais joias.”
#clueless @Mona May
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