Por que uma banana foi vendida por mais de U$6 milhões em um leilão de arte?

Criada pelo italiano Maurizio Cattelan, a peça "Comedian" é uma crítica ao sistema da arte e às relações desiguais entre artistas, galerias e casas de leilão

Foto: Humberto Maruchel
Por que uma banana foi vendida por mais de U$6 milhões em um leilão de arte?

A expressão “a preço de banana” ganhou um novo significado após um evento recente no mundo da arte . Uma obra conceitual do artista contemporâneo italiano Maurizio Cattelan , composta por uma banana presa à parede com fita adesiva, foi vendida por impressionantes 6,2 milhões de dólares, na última quarta-feira (20) na renomada casa de leilões Sotheby’s, em Nova York.

A obra, intitulada Comedian , foi arrematada em apenas cinco minutos pelo colecionador e empreendedor de criptomoedas chinês Justin Sun . Ele precisou enfrentar outros sete interessados em adquirir a obra. Contudo, o comprador não adquiriu apenas o artefato físico; pelo valor milionário, também recebeu um certificado de autenticidade e instruções detalhadas sobre como substituir a banana sempre que ela apodrecer. Curiosamente, a fruta original usada no trabalho foi comprada por 35 centavos em um mercado de bairro.

Justin Sun comentou a situação de forma bem-humorada: “Nos próximos dias, eu pessoalmente comerei a banana como parte dessa experiência artística única, homenageando seu lugar tanto na história da arte quanto na cultura popular.” A venda surpreendeu até os próprios representantes da Sotheby’s, que haviam estimado o valor máximo da obra em $1,5 milhão.

Criada como uma crítica satírica ao sistema da arte, a peça de Maurizio Cattelan denuncia as desigualdades na maneira como os artistas são remunerados em vendas de leilões, especialmente em comparação com galerias e casas de leilões. “Com base em que um objeto adquire valor no sistema da arte?” , questionou o artista.

Comedian foi originalmente apresentada em 2019 na feira Art Basel Miami Beach , onde foi vendida por 0 mil a um casal de colecionadores que se interessaram pela polêmica e pelo debate que a obra gerou. “No final das contas, sentimos que a banana de Cattelan se tornará um objeto histórico icônico” , chegaram a afirmar na época.

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A banana de Cattelan reaviva e ultrapassa a provocação iniciada por Marcel Duchamp em 1917 sobre o que pode ou não ser considerado arte. Além disso, ela questiona até onde os colecionadores estão dispostos a ir em termos financeiros para adquirir uma peça que desafia os limites do conceito artístico.

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