As denúncias sobre assédio sexual em Hollywood tomaram proporções gigantescas após diversas atrizes como Angelina Jolie, Judith Godreche, Gwyneth Paltrow, Cara Delevigne e Rose McGowan denunciarem Harvey Weinstein, um dos produtores mais ricos e poderosos da indústria cinematográfica. As denuncias contra o poderoso produtor americano foram divulgadas pelo jornal The New York Times , em outubro do ano passado e envolviam casos de assédio sexual e estrupo nas últimas três décadas. Outros nomes que estão debaixo desse holofote de acusações são os atores Dustin Hoffman (“Perdidos na Noite”), Kevin Spacey (“House of Cards”) e George Takei (Sulu na série clássica de 'Star Trek' nos anos 1960).
Leia também: Estrelas vestem tapete vermelho do Globo de Ouro de preto contra assédio sexual
Foram tantos os casos de assédio sexual em Hollywood , que alguns começam a ser esquecidos e guardados na gaveta por não serem tão discutidos na mídia. Diante disso, vamos relembrar algumas denúncias que caíram no esquecimento em face de tantas novas que pipocam quase que diariamente.
Leia também: Hollywood em chamas: as atrizes que revelaram a violência nos bastidores
-
Sylvester Stallone
O ator Sylvester Stallone é o principal protagonista de grandes clássicos do cinema, como “Rocky Balboa” e “Os Mercenários”, e também entrou para a lista de assediadores após o tabloide inglês The Dail Mail , em outubro de 2017, publicar uma reportagem que diz que o ator forçou uma adolescente de 16 anos a fazer sexo com ele e seu guarda-costas, Michael De Luca, na década de 80 durante as gravações do filme “Falcão – O Campeão dos Campeões”.
Na época, a jovem não quis denunciar o acontecido, pois estava com medo de ser humilhada. O relatório policial datado de julho de 1986 indica que Stallone, na época com 40 anos, convidou a jovem para ir até o seu quarto no hotel Hilton de Las Vegas. A jovem alegou que os dois fizeram sexo e o ator sugeriu para que uma terceira pessoa se juntasse ao ato, no caso, seu guarda-costas Michael, que teria forçado a fazer sexo oral nele. A jovem declarou ainda que foi ameaçada pelo ator caso ela quisesse contar para alguém o que havia acontecido.
A veracidade dos documentos foi confirmada pelo ex-detetive John Samolovitch, que era responsável pela equipe de violências sexuais na Polícia de Las Vegas na época em que o caso foi registrado. Porém, a investigação não foi levada adiante pela falta de provas, declarou ao The Daily Mail a porta-voz do departamento de polícia de Las Vegas Laura Meltzer. Laura ainda diz que mesmo que o documento seja antigo, ele está de acordo com o padrão do departamento.
Após a denúncia ganhar força na mídia, a representante do ator Sylvester Stallone, Michelle Bega, disse ao TMZ que o ator não sabia do caso até que o mesmo fosse publicado na imprensa: “O Sr. Stallone nunca foi procurado pela polícia ou qualquer autoridade para falar sobre esse episódio”, declarando por fim que a história é “ridícula e totalmente falsa”. Até hoje, o nome da jovem envolvida no caso não foi divulgado.
Leia também: Caso de estupro de menor por Sylvester Stallone foi abafado nos anos 80
-
George Clooney
O ator George Clooney , galã hollywoodiano e astros de filmes como “Onze homens e um segredo” e “Amor sem escalas” não foi acusado diretamente, mas recebeu duras críticas por acobertar casos de assédios sexual na série “ER”, também conhecida como “Plantão Médico”. Após o ator se pronunciar sobre as denuncias envolvendo o produtor Harvey Weinstein, a atriz Vanessa Marquez (personagem da enfermeira Wendy Goldman entre 1994 e 1997) usou sua conta do Twitter para declarar que Clooney acobertou cenas de assédio que ela teria sofrido nos bastidores da série exibida entre 1994 e 2009: “Baboseira. Clooney ajudou a me colocar em uma lista de barrados quando falei sobre os casos de assédio em “ER”, disse. A atriz também afirma que o ator teria dito para ela que “mulheres que não jogam o jogo perdem a carreira”.
Ao saber das denúncias, o ator George Clooney pronunciou-se ao New York Post : “Nunca soube que ela estava em uma lista de barrados. Eu não era escritor, produtor ou diretor da série. Não tinha nada a ver com a seleção do elenco. Eu era apenas um ator. Se disseram a ela que eu estive envolvido em qualquer decisão sobe sua carreira mentiram”.
Não satisfeita, Vanessa reafirmou suas acusações e apresentou outros nomes que tinham um comportamento bastante problemático nos bastidores: “Aqui estão os nomes dos assediadores: Eric LaSalle e Terence Nightingall. Racistas: Anthony (Edwards), Noah (Wyle), Julianna (Marguiles) e Call". Desde então, o caso não apresentou mais nenhum denúncia ou teve mais alguma repercussão.
-
Roman Polanski
O diretor franco polonês Roman Polanski (“O Pianista e “Chinatown”) já foi acusado diversas vezes por assédio sexual, já foi preso pelos mesmos e também foi extraditado. As denúncias começam em 1977, o diretor então com 43 anos, recebe a denúncia de Samantha Geimer, que acusou de ter oferecido champanhe e estuprado quando ela tinha 13 anos em uma sessão de fotografia na casa do ator Jack Nicholson. O ator não estava presente quando o caso ocorreu.
Outros casos de abusos
Em 2010, Polanski foi acusado pela atriz Charlotte Lewis, de 42 anos, de abusar sexualmente dela quando tinha 16 anos. Segundo a atriz, os abusos começaram durante as filmagens do longa “Piratas” em 1982. Os advogados do diretor ameaçaram processá-la por calúnia.
O cineasta continuou recebendo acusações de assédio sexual. Ano passado, foi acusado de assédio sexual por uma mulher identificada como Robin M. A mulher afirma que foi vítima de Polanski em 1973, quando tinha 16 anos. As denúncias seguem com a atriz e modelo alemã Renate Langer, afirmando que o cineasta a forçou a ter relações sexuais com ele quando tinha 15 anos. Segundo informações do The New York Times , o caso teria acontecido na casa de Polanski em Gstaad, na Suíça, em 1972. Após um mês, o mesmo tinha se desculpado e oferecido à atriz um papel no filme “Que?”.
Hoje, a atriz de 61 anos, disse ter comentado o caso com um namorado anos depois, mas nunca chegou a contar para a família: “Minha mãe teria um ataque cardíaco. Eu tinha vergonha, me sentia perdia e sozinha”. Renata disse que foi estuprada novamente pelo cineasta em Roma após as conclusões das filmagens do filme “Que?”. Na ocasião, ela contou que se defendeu de Polanski jogando uma garrada e vinho na sua direção. Pelos fatos acontecidos, o abuso de Charlotte Lewis teria acontecido antes do caso de Gaimer.
Na acusação da atriz Renate Langer, a justiça Suíça decidiu não abrir processo para uma nova acusação contra o diretor já que o crime teria prescrito em 1987.
Leia também: Assédio sexual: entenda
-
Steven Seagal
Steven Seagal , astro de filmes de ação como “Vingança Implacável” e “Determinado a matar”, o ator recebeu diversas acusações de assédio sexual. Recentemente, o ator de 65 anos, foi acusado de estupro por uma figurante. A vítima, Regina Simmons, disse para o site The Wrap que o abuso aconteceu quando ela tinha 18 anos e atuou com o ator no filme “Em terreno selvagem” (1994). Segundo Regina, o crime aconteceu depois que Steven Seagal a convidou para uma festa de encerramento do filme, mas não foi bem assim. O local da “suposta festa” era a própria casa dele, em Los Angeles, Califórnia. “Perguntei a ele onde estavam às outras pessoas e ele disse que tinham acabado de ir embora”, contou Regina.
Sem reação durante o suposto estupro e totalmente desesperada, Regina afirmou que o ator era muito maior que ela, o que a deixava ainda mais presa, sem força e sem ter como fugir, a única alternativa naquele momento foi o choro: "Ele (Seagal) me levou para o quarto, fechou a porta e começou a me beijar. Então, ele tirou minhas roupas e logo estava em cima de mim, me estuprando. Eu não era sexualmente ativa. As pessoas sempre falam em lutar e fugir, mas ninguém fala que também ficamos congelados", relembrou a vítima.
De família conservadora, Regina Simmons considerava o namoro algo proibido e disse que ao final do ocorrido, Steven ainda ofereceu dinheiro, mas a moça não aceitou: “Não era permitido nem que eu namorasse, então para mim era uma situação vergonhosa”, ressaltou.
Denúncias de assédio sexual
Steven Seagal tem uma longa ficha de denúncia de assédio sexual . A atriz australiana Portia de Rossi, mulher da apresentadora Ellen DeGenetes, denunciou o caso de assédio no Twitter quando, segundo ela, teve um “infeliz encontro com o diretor e ator Steaven Seagal”. A atriz relata que o caso aconteceu no escritório de Seagal, quando foi fazer audição para um filme e o ator começou a desabotoar a calça e dizer que era importante ter química fora das telas: “Ele me falou o quão importante era ter química fora da tela, enquanto me sentava e desabotoava sua calça de couro. Eu corri e liguei para a minha agente. Sem se espantar, ela respondeu: ‘Bom, eu não sabia se ele era seu tipo'”, publicou a atriz em seu perfil pessoal, sem mencionar quando tudo aconteceu.
Outra atriz que também relatou um caso de assédio foi Julianna Margulies, 51 anos, conhecida pelo seu papel como a advogada Alicia Florrick na série “The Good Wife”. Em entrevista a uma rádio, Julianna disse que tudo aconteceu quando ela tinha 23 anos e foi convencida por uma diretora a se encontrar com Seagal. O caso teria acontecido em um hotel de Nova York, mas a atriz não entrou em muitos detalhes. “Sai ilesa não sei como, gritei para sair dali”, lembra a atriz afirmando que o ator fez questão de mostrar que estava armado.
Outra suposta vítima do ator foi a atriz e ex-modelo da revista masculina Playboy Jenny McCarthy, que disse que o ator pediu para que ela tirasse a roupa durante um teste, dizendo que era uma “nudez atrás das câmeras”. Jenny sabia que não havia nenhum tipo de nudez no filme, pois havia confirmado com sua agente.
-
James Toback
O diretor e roteirista James Toback , responsável por filmes como “Preto e Branco” e “O Rei da Paquera” foi acusado de assédio sexual por mais de 200 mulheres, entre elas estão as atrizes Adrienne LaValley (“Dark Haul”), Julianne Moore (“Para Sempre Alice”) e a apresentadora Natalie Morales do programa americano “Today Show”.
Segundo reportagem do Los Angeles Times , o diretor aproximava-se de mulheres na rua e fazia promessas de estrelado usando os nomes dos seus principais filmes. Após o primeiro contato, o diretor marcava entrevistas e audições que rapidamente tornavam-se assédio sexual. Na reportagem produzida pelo jornal, 38 mulheres foram entrevistadas separadamente e deram relatos semelhantes sobre a abordagem do diretor que envolvia encontros em espaços privados, como em um quarto de hotel ou até mesmo em lugares públicos, como um parque. Em alguns relatos, as vítimas contaram que James Toback “se masturbava na sua frente, ejaculava em suas próprias calças ou sobre seus corpos”.
“Eu me senti como uma prostituta, totalmente decepcionada comigo mesma. E eu merecia não contar aquilo para ninguém”, contou a atriz Adrienne LaValley ao jornal Los Angeles Times sobre uma entrevista com Toback no quarto do hotel em 2008, quando ele ejaculou em sua calça.
O jornal entrou em contato com Toback, que desmentiu as acusações de LaValley, dizendo que ele nunca encontrou nenhuma dessas mulheres ou, se o fez, foi por cinco minutos e ele não se recorda. Além disso, o cineasta defendeu-se dizendo que seria “biologicamente impossível” se comportar de maneira que o acusam devido a uma diabete e uma condição coronária que sofre há 22 anos.
Mais de 200 denúncias de assédio
Após a publicação da matéria, mais de 200 mulheres entraram em contato com o jornal denunciando episódios similares com o cineasta. Entre as novas denúncias, está o testemunho público da atriz Julianna Moore, que em seu perfil oficial no Twitter , afirmou que Toback usou das mesmas técnicas para tentar se aproveitar dela: "Se aproximou de mim na Columbus Avenue com o mesmo tipo de linguagem, queria que fizesse uma audição e que fosse ao seu apartamento. Recusei. Um mês depois, fez de novo com a mesma linguagem. Disse-lhe: ‘não se lembra que já fez isso antes’?”
A apresentadora Natalie Morales também usou sua conta do Twitter para relatar o caso de assédio: "Adicione mais uma. Exatamente o mesmo livro de cantadas de James Toback quando o encontrei próximo ao Central Park", publicou Morales. Em entrevista, Natalie Morales diz que teve sorte e viu rápido o que o diretor pretendia: "Para ser honesta, pensei simplesmente que era um asqueroso tentando se aproximar de mim com o recurso mais velho que existe".
Sobre as novas acusações de casos de assédio, Toback preferiu manter silêncio.
-
Jonh Lasseter
Jonh Lasseter , chefe de animação da Disney e da Pixar , responsável por dirigir filmes como “Toy Story” e “Carros”, foi acusado de assédio pela atriz Rashida Jones (“O idiota do meu irmão) e o ator Will McCormack (“O Arquiteto”) por má conduta e avanços indesejados. Segundo reportagem do Hollywood Reporter , o caso não seria isolado e Lassater, conhecido por distribuir abraços publicamente, também seria conhecido internamente por "beijar, apertar e falar sobre os atributos físicos das pessoas". A casos em que ele também teria tocado funcionários de maneira indiscreta.
Após as acusações, Jonh Lasseter, 60 anos, resolveu se afastar do cargo de diretor da divisão de animação do estúdio Pixar por seis meses. Em comunicado interno da Disney , o diretor citou “conversas dolorosas” e “erros”, além de pedir desculpas se alguém se sentiu desrespeitado ou desconfortável.
Oficialmente, os dois atores (Rashida e Will) deixaram a produção do filme “Toy Story 4” por diferenças criativas, mas nenhuma das partes falou publicamente sobre o assunto.
Leia também Hollywood também é culpada pelos assédios cometidos por Harvey Weinstein
-
Brett Ratner
O produtor e diretor Brett Ratner , responsável por filmes como “X-Men: O Confronto Final” (2006) e “A Hora do Rush 3” (2007), foi acusado de assédio sexual por seis mulheres e entre elas, estão as atrizes Natasha Henstridge (“Species”) e Olivia Munn (“X-Men: Apocalipse). Em entrevista ao Los Angeles Times , as atrizes detalharam suas experiências com o diretor. De acordo com os depoimentos das vítimas ao jornal, “os ataques aconteciam em residências privadas, sets de gravações e alguns eventos da indústria cinematográfica”, porém, nenhuma das seis mulheres levou os casos até a polícia.
Natasha Henstridge, atualmente com 43 anos, disse que o produtor a forçou a fazer sexo oral nele quando tinha apenas 19 anos e trabalhava como modelo: "Ele me segurou de uma maneira muito forte e ficou fazendo força para cima de mim. Em certo momento, eu desisti e acabei fazendo o que ele ordenava”, contou.
Já a atriz Olivia Munn, disse que Ratner se masturbou em sua frente no set de gravações durante o filme “Ladrão de Diamantes” (2005): "Ele estava sem calças, com sua barriga de fora, com um coquetel de camarões na mão, e na outra ele se masturbava ferozmente. E antes mesmo que eu pudesse pensar em como escapar daquela situação, ele ejaculou”. Durante a reportagem, a atriz afirmou que precisou fugir do produtor por diversas vezes.
Em defesa de seu cliente, o advogado Martin Singer, afirmou que seu cliente e Olivia tiveram uma "relação íntima" (o que a atriz nega). O advogado continuou negando todas as acusações feitas pelas seis vítimas: "Trabalho com o Sr. Ratner há duas décadas e, até agora, nenhuma mulher o acusou de má conduta sexual, ou de assédio. Além do mais, nenhuma mulher solicitou ou recebeu qualquer apoio financeiro do meu cliente”.