Exclusivo

Meu Nome é Gal: elenco compara cenas da ditadura com governo Bolsonaro

Filme sobre Gal Costa explora período do regime militar e atores comentam experiência de gravação em meio aos ataques do ex-presidente à Cultura

Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Rodrigo Lelis, Sophie Charlotte e Camila Márdila em 'Meu Nome é Gal'

Diferentemente de cinebiografias que se propõem a contar a vida inteira de um artista,  “Meu Nome é Gal” optou por fazer um recorte na trajetória de Gal Costa. O filme acompanha o início da carreira da cantora, entre 1967 e 1971, e explora não só a transformação de Maria da Graça em Gal. O contexto histórico surge como um personagem na trama, já que o público acompanha como a ditadura militar influencia em muitas decisões da protagonista, interpretada por Sophie Charlotte.

As gravações do longa terminaram no início de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, e o elenco não descarta comparações do regime militar com ações do político na presidência. Em entrevista ao iG Gente, Luis Lobianco, Camila Márdila e Rodrigo Lelis avaliam como foi filmar as cenas que abordam o regime militar em meio aos ataques do ex-presidente à Cultura e à classe artística.


“Era estranhamente familiar”, avalia Lobianco. O intérprete de Guilherme Araújo, empresário de Gal e de outros nomes do MPB, conta que refletiu das semelhanças entre os períodos desde a primeira leitura conjunta do roteiro. “A ditadura aparece muito nos filmes brasileiros, de várias formas. Acho que nesse filme, consegui entender após viver uma experiência na pele”, reflete.

Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Luis Lobianco e Sophie Charlotte em 'Meu Nome é Gal'


“Depois de sentir o mesmo medo, a mesma perseguição aos artistas, a negação do conhecimento e da ciência. Valores deturpados de fé, de família. Acho que, estranhamente, isso nos ajudou a contar. Acredito que vendo o filme fica muito latente o medo no olhar dos personagens”, completa. Camila vive Dedé Gadelha, esposa de Caetano Veloso (Lelis), e relembra como sentiu a emoção em uma cena específica que retratava as ações dos militares.

“Tem uma cena que eu recebo um telefonema, de quando fecharam a Boate Sucata. [Repetir essa cena] sempre me trazia muito as más notícias dos últimos tempos que a gente foi vivendo. ‘Não tem mais ministério da cultura. Fechou o teatro tal, fechou outro teatro, fechou no centro, fechou tal coisa’. Era sempre uma sensação de que estávamos perdendo. Era uma cena que, toda vez que eu fazia, me vinha essa sensação do que a gente estava vivendo enquanto artistas”, exemplifica.

Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Camila Márdila como Dedé Gadelha em 'Meu Nome é Gal'


A atriz lamenta as similaridades entre a ditadura e o cenário político da gravação de “Meu Nome é Gal”, observando que o país ainda luta pela cultura. “É uma relação muito direta e que me emocionava profundamente toda vez. Era uma coisa que a gente estava vivendo na pele. Ainda estamos retomando as coisas, ainda temos muitas questões, como as cotas de tela. Estamos tomando novamente as rédeas da valorização da cultura. Fazer isso foi muito importante”, destaca.

“Optar por esse recorte [temporal] também foi muito feliz, as diretoras optarem por um recorte que levava para esse lugar também, saía um pouco da trajetória de Gal, que também é interessante. Mas contar esse movimento tropicalista que surge como um movimento de contracultura e que queria provocar as pessoas”, complementa Rodrigo. O ator encara Caetano no primeiro longa da carreira e compartilha como a caracterização influenciou no desafio de interpretar outro ícone da música brasileira.

Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Rodrigo Lelis como Caetano Veloso em 'Meu Nome é Gal'


“A caracterização influencia em todos os meus personagens, desde quando comecei como ator [...] Quando você traz Caetano Veloso, é uma figura que está no imaginário coletivo. Isso gera umas uma coisa muito louca [...] Na primeira vez que me vesti completamente com esse cabelo, com uma roupa extremamente Caetano, e saí pelas ruas, foi louco. As pessoas me pararam para tirar foto. Não sou uma figura conhecida, é meu primeiro longa, não é sobre isso. Mas por ser Caetano”, observa.

Enquanto Lelis deu vida a uma pessoa muito conhecida, Luis e Camila interpretaram personagens não tão famosos entre o público, mas com extrema importância na trajetória de Gal. A atriz diz que não sabia como Dedé era uma figura “central” nas relações do grupo da cantora, enquanto Lobianco expõe como Guilherme era uma “onipresente” entre os artistas e foi um “agente cultural” no Rio de Janeiro.

Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Luis Lobianco, Sophie Charlotte, Camila Márdila e Rodrigo Lelis em 'Meu Nome é Gal'


Com Sophie Charlotte, Luis Lobianco, Camila Márdila, Rodrigo Lelis e mais, “Meu Nome é Gal” estreou nesta quinta-feira (12) nos cinemas. Veja abaixo mais fotos do filme e o trailer da novidade:

Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023
Sophie Charlotte como Gal Costa em 'Meu Nome é Gal'. Foto: Créditos: Stella Carvalho - 10.10.2023



+ Assista abaixo ao "AUÊ", o programa de entretenimento do iG Gente: