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Velório de Gal Costa tem diferentes gerações e emoção do início ao fim

Corpo da cantora foi velado nesta sexta-feira (11) em uma cerimônia aberta ao público na capital paulista, que uniu até divergentes políticos

Foto: Reprodução
Velório de Gal Costa

A emoção marcou o clima da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em São Paulo (SP), nesta sexta-feira (11). O órgão na capital paulista recebeu uma cerimônia aberta ao público para o velório de Gal Costa, um dos maiores nomes da música popular brasileira que nos deixou aos 77 anos. A despedida oficial da artista reuniu diferentes gerações e fãs emocionados que compartilharam posicionamentos políticos distintos ao expressar o luto ao iG Gente. 

Admiradores da cantora começaram a se reunir em uma fila na calçada da ALESP, às 5h30 . Músicas de Gal formaram a trilha sonora do ambiente até a abertura dos portões, às 9h, enquanto pessoas exibiam cartazes, seguravam discos e choravam pela perda do ícone brasileiro. Até o encerramento, às 15h, filas de fãs circulavam entre a entrada e a saída do velório repetidas vezes. A instrução da equipe de segurança era não ficar parado por muito tempo próximo ao corpo rodeado de coroas de flores dadas por Silvio Santos, Angélica, Luciano Huck, entre outros. 


Lágrimas caiam dos olhos das pessoas após o adeus a Costa, emoção que permeava por diferentes gerações. Aos 18 anos, Gabriela Camolaseiras e Guilherme Portela compartilharam a experiência ao lado de Rosemeire Aparecida de Araújo, de 58 anos. A diferença de idade de quarenta anos não separou o grupo ao reconhecer a importância do legado da cantora para todas as gerações. 

“É um ícone que vai deixar uma sabedoria muito grande para as pessoas [...] Não só para os novos, mas para todos que acompanharam”, disse Rosemeire, enquanto Gabriela citava a artista como uma “inspiração muito grande” na juventude. Julieta Maria Janjacomo, de 67 anos, se uniu à conversa para comentar a homenagem à Gal e expôs que também marcaria presença no movimento de apoiadores de Jair Bolsonaro, que se reúnem há dias na região do Ibirapuera contra o resultado das eleições.

Foto: Isabela Frasinelli - iG Gente 11/11/2022
Fãs de Gal

“Vim antes no velório do Rolando Boldrin [artista que faleceu no mesmo dia que Gal] e depois vou para o movimento para não deixar o Brasil estragar. É o jeito, é muito triste. Rolando e Gal são duas perdas que ficam para a história do Brasil”, declarou Julieta, vestida com as cores verde e amarelo e um broche da bandeira do Brasil. Momentos depois, chegava ao velório Alvina Joana de Lima, usando cores vermelhas e uma camiseta com a imagem de Dilma Rousseff e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A senhora carioca de 70 anos ressaltou a importância da voz política de Gal Costa no apoio à democracia. 

Foto: Isabela Frasinelli - iG Gente 11/11/2022
Alvina, fã de Gal


Alvina é militante e comparou a trajetória da cantora com a própria na política: “Sou fã eternamente de Gal Costa, faz parte da minha pele [...] Enquanto eu estiver aqui, vou ser útil. Porque sei que quando preciso, toda militância e o povo é útil comigo [...] A Marta Suplicy foi uma pessoa muito importante na minha vida, ela me prometeu e cumpriu. Falou: ‘Se eu ganhar senadora, você vai comigo para o Senado’. Quando ela ganhou, me levou. Fiquei 6 anos no Senado como funcionária concursada. Não posso reclamar da vida, tenho que ajudar as pessoas e ser útil”. 

Questionada sobre os protestos dos bolsonaristas ao lado do velório, a senhora ainda comenta: “Não vou lá porque tenho medo de morrer, eles matam ‘facinho’, como se mata mosquito. E eu sou o que eu sou, ninguém vai me mudar. A Gal foi militante, lutou pelos nossos companheiros, Gilberto Gil e Caetano Veloso. É o que aprendi com a Dilma, quem está de pé, tem que lutar por quem está caído. É isso que eu faço”. 

A história de Gal também era homenageada por Sophie Charlotte no velório, já que a atriz chegou logo pela manhã no local para apoiar a viúva da cantora, Wilma Petrillo, e o filho de 17 anos, Gabriel Costa . A jovem artista interpretou o ícone da MPB em "Meu nome é Gal", cinebiografia que estreia em 2023, e consolou os familiares da artista na ocasião. 

Giovana Chanley, assessora da cantora, também era uma figura de apoio presente na área reservada aos familiares e amigos, e se emocionou ao compartilhar como foi a preparação do velório . O espaço ainda recebeu celebridades como Serginho Groisman, Bela Gil, Zélia Duncan, Janja (esposa de Lula), entre outros. Allan Brandão dos Santos, irmão de santo de Gal, esteve presente e falou da forte ligação da cantora com a religião


Morte de Gal Costa

Gal Costa morreu na quarta-feira (9), aos 77 anos, em São Paulo. O motivo da não vai ser divulgado após pedido da família. Gal deixa um filho, Gabriel, de 17 anos.

Maria da Graça Costa Penna Burgos, conhecida no mundo como Gal Costa, nasceu em 26 de setembro de 1945, em Salvador, na Bahia, e marcou época na história da música popular brasileira, encantando diversas gerações. A baiana manteve uma parceria longeva com outros artistas baianos, como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, os "Doces Bárbaros".

A baiana estava rodando o país com a turnê "As várias pontas de uma estrela", um show que resgatava grandes sucessos da MPB da década de 80. Além disso, a artista foi confirmada em diversos festivais neste ano, como o "Primavera Sound", mostrando a habilidade de se reinventar musicalmente e permear gerações.

Conhecida como "Musa da Tropicália", movimento cultural que começou na década de 60, Gal Costa lançou o primeiro disco em conjunto com Caetano Veloso, em 1967, intitulado "Domingo". O disco contou com músicas interpretadas por eles separadamente, além das parcerias “Coração Vagabundo”, “Domingo” e “Zabelê”. Na Tropicália, Gal Costa gravou o disco “Tropicália ou Panis et Circencis”, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé.