Os homens mais ligados na web estão preocupados com uma questão nos últimos dias: o que significa ser 'soca fofo'? O termo viralizou nas redes sociais após Alanna Sarah, ou melhor, "A Dama do Pagode" lançar uma música com a expressão.
Baiana e desinibida, A Dama entrou para o mundo do pagode baiano há dois anos. Com o intuito de ser uma representante dos desejos e anseios das mulheres, a cantora não poupa palavras para expor o sentimento que já passou pela cabeça de diversas brasileiras.
"Ele soca fofo, enforca errado, geme fino e ele bate fraco", canta A Dama no refrão da música que tem um milhão de visualizações no YouTube, mais de 30 mil vídeos no TikTok, 250 mil streams no Spotify, além de diversos memes nas redes sociais.
Com o fenômeno viral, A Dama explica ao iG Gente o que significa ser um 'soca fofo'. "Aquele tipo de cara que não faz as coisas de acordo com o que dá prazer para as mulheres; [que não agem] com vontade; aqueles caras que não tem jeito para pegar na mulher", comenta a cantora.
Portanto, o 'Soca Fofo' pode ter outros apelidos por aí que você já deve ter ouvido falar. No "Dicionário Informal" da web, por exemplo, a expressão ganhou um significado após o lançamento da música da baiana nas plataformas digitais. Na página, eles identificaram o 'soca fofo' como o 'meia-bomba', mas você já pode ter visto algo parecido, como bananão, sem atitude e preguiçoso. No Instagram, o perfil "Greengo Dictionary", até apresentou a tradução para o inglês.
A composição que vem encantando os usuários do TikTok se formou através da parceria de um colega, que lhe apresentou o refrão "Ele soca fofo/ Enforca errado/ Geme fino/ Ele bate fraco".
Quando 'A Dama' ouviu o refrão, resolveu investir na música e precisou convencer o empresário, que recusou inicialmente. "Ele falou: 'Isso aí vai mexer com a masculinidade dos homens. Eu falei: 'Poxa, eu gostei! Eu quero lançar'. Peguei, tentei explicar vários motivos para ele para lançar música e ele não se convenceu", relembra.
Mesmo com o 'não', A Dama não se deu por vencida. Com a reação das amigas que adoraram a música, a cantora baiana fez um teste durante um show.
No final do repertório, 'como quem não quer nada', ela cantou a 'Soca Fofo'. Sem ter criado muitas expectativas, a reação do público fortaleceu a ideia do lançamento oficial.
Memes
A Dama quis testar o potencial da música novamente, desta vez, no TikTok e Instagram. Se você está lendo até aqui, sabe que a música bombou e viralizou em todas as plataformas.
No TikTok, internautas usaram a música para falar um pouco de si. "Quando eu não quero ser o 'Soca Fofo'"; "Quando eu lembro do meu ex" e infinitos cenários que o mundo da internet permite criar.
"Achei f*da [os memes]. Eles estão levando isso na esportiva, os caras não estão se sentindo ofendidos, estão fazendo memes e ajudando o hit a acontecer", comemora.
Masculinidade frágil
Desde que o mundo é mundo, sexo é um tema que homens acham que dominam. Mas a verdade precisa ser exposta: eles não dominam! Segundo uma pesquisa do instituto Prazerela, realizada em 2018, 74% das mulheres brasileiras gozam com a masturbação, mas somente 36% atingem o ápice do prazer sexual com os parceiros.
No mundo da música, homens se sentem livres para cantar letras explicitas fantasiando o tanto de prazer que eles conseguem dar às companheiras. Além disso, se acostumaram a tratar a mulher como um objeto sexual, que pode ser descartado.
"Os caras cantam música o tempo todo acabando com a gente, dizendo várias coisas e por que a gente não pode fazer o mesmo? Por que eu tenho que pensar na masculinidade deles?", questiona.
O 'Soca Fofo' não é sobre vingança ou fazer homens se sentirem mal, mas de ocupar o mesmo espaço de falar abertamente dos desejos e descontentamentos sexuais. “Hoje a gente está num momento diferente, de mulheres protagonistas, com o microfone ali e dizendo o que elas sentem vontade de fazer e também que os caras fazem errado”, pondera Alanna.
Na música "Elas Que Se Bancam”, A Dama traz outra proposta para a música ‘Cabeça Branca’, hit de Tierry. O verso ‘Aqui não tem cabeça branca/ Elas que trabalham’ abre passagem para o refrão: ‘Estoura o Chandon, que a mãe tá ON/ Põe na minha conta que hoje é meu/ O velho da lancha sou eu’.
“Eu faço força para as mulheres aumentarem a autoestima delas. Que elas têm que ter o dinheiro delas no bolso, que elas têm que se bancar mesmo, se o cara trair ela tem que trair também, que tem que dar o troco sim. Tem que fazer, igual não, pior”, justifica.
Batalha de gênero
No ramo do pagode baiano, A Dama observa uma caminhada longa para conquistar o mesmo espaço que outros cantores do gênero.
“A parte ruim é que quando um cara que canta pagode canta uma música que fala da mulher, ele roda a Bahia. Botam o homem no paredão, colocam para tocar. E no caso de ser mulher esse lado é muito difícil. De rodar a Bahia com agenda de shows como a deles”, analisa.
Com ‘Soca Fofo’ "furando a bolha" e alcançando números impressionantes em um curto tempo – 1 milhão no YouTube e mais de 30 mil vídeos no TikTok –, A Dama ainda não vê a proporção de contratação parecida. Embora relate a discrepância, ela acredita que o trabalho consegue levá-la para além do alcance dos artistas masculinos. A cantora celebra a participação no “Música Boa Ao Vivo”, do Multishow, e revela o convite de uma produtora em São Paulo para a gravação de ‘Soca Fofo’.
“Estou abrindo porta não só para mulheres, como para os homens também. Trazendo essa onda do Pagode Baiano, fazendo com que as pessoas entendam e respeitem isso”, celebra.
Questionada sobre a relação com os colegas, A Dama revela ter uma boa troca e aponta apenas a divergência de ponto de vista. “Eles abraçam muito o que eu faço, respeitam muito, como eu também respeito eles. Eu respeito o pagode que eles fazem falando das mulheres e eu tô aqui fazendo pagode falando dos homens e todo mundo se abraça, se acolhe”, diz.
Na busca pelo sucesso musical, A Dama também se destaca com outra profissão. A cantora conta com a renda da carreira de influenciadora, onde faz publicidade para grandes marcas. No Instagram, ela soma aproximadamente 700 mil seguidores.
‘Para as mulheres’
Alanna se diverte quando lhe perguntam: “Como uma cantora lésbica, que não tem experiência com homens, canta sobre sexo explícito com rapazes?”.
E, após tantas perguntas, ela soube responder com sinceridade: “Eu não canto para mim, porque se eu cantasse, eu estava com fone no ouvido me ouvindo. Eu canto para mulheres”, justifica.
Tanto nas relações homoafetivas quanto heterossexuais, as mulheres lidam com relacionamentos tóxicos, traição, superação, desejos não atendidos e outros temas que a cantora aborda nas músicas.
“Independentemente de orientação sexual, eu já passei por várias situações com mulher, então, às vezes eu componho coisas que eu já vivi com mulher, só que eu também transmito para homem porque acontece muito em relacionamento hétero”, explica.
Como saber se você é um soca fofo
Para não restar dúvida, Alanna foi convidada pelo iG Gente para apontar quem é "soca fofo" nas novelas "Pantanal" e "Travessia", exibidas pela Globo neste ano.
Em "Pantanal", Jove, personagem de Jesuíta Barbosa, é um "soca fofo". Tenório (Murilo Benício) também não escapou e foi eleito "soca fofo" por tratar mal as mulheres. Já Stênio, personagem de Alexandre Nero, em Travessia, não faz parte do grupo "indesejado" pelos homens.
Oto (Rômulo Estrela) e Ari (Chay Suede) e Alcides (Juliano Cazarré) também foram analisados na escala "soca fofo" produzida por "A Dama", que está dominando os debates nas redes sociais. Para conferir a análise completa do "soca fofo", clique aqui.