Filha de Beth Carvalho critica uso de música da mãe por bolsonaristas

Luana Carvalho promete processar quem criou vídeo; canção 'Vou Festejar' foi usada em vídeo divulgado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria

Beth Carvalho eternizou a canção 'Vou Festejar', de Jorge Aragão
Foto: Divulgação
Beth Carvalho eternizou a canção 'Vou Festejar', de Jorge Aragão

'É inconcebível que um ministro não dê o exemplo de cumprimento da legislação autoral'. Com esse desabafo, a cantora e escritora Luana Carvalho, filha de Beth Carvalho (1946 - 2019) resumiu ao GLOBO o seu sentimento diante do uso sem autorização das músicas de sua mãe em vídeos bolsonaristas.

A canção "Vou festejar", do sambista Jorge Aragão, ficou eternizada na voz de Beth e foi usada em uma peça divulgada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, integrante do núcleo duro do governo do presidente Jair Bolsonaro, no Instagram.

O vídeo mostra imagens do presidente Jair Bolsonaro (PL) e das manifestações de 7 de setembro a favor do candidato à reeleição.

"Estamos tomando as providências cabíveis ao abuso ilícito cometido", afirma Luana, que já havia se manifestado ontem (segunda-feira, 12) pelas redes sociais.

“Estão usando a voz de Beth Carvalho para promover vídeos bolsonaristas. Por favor denunciem! Vou processar!”, escreveu a artista no Twitter.


Ela disse ainda que a gravação faz uso indevido da história de Beth Carvalho, de sua voz e sua luta “a favor de tudo que ela era contra”. “Isso é de um desrespeito que não deixarei acontecer”, acrescentou.


A cantora, que morreu em abril de 2019, sempre foi de esquerda. Beth era apoiadora de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se posicionou contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 e participou de um festival no Rio, em 2018, que defendia que o ex-presidente, que estava preso pela Lava-Jato, fosse solto.

Procurada pelo GLOBO, a assessoria do ministro mandou a seguinte nota:

"O vídeo com música da cantora Beth Carvalho foi editado e publicado originalmente pelo portal Poder 360 e o ministro Fábio Faria apenas compartilhou nas redes sociais, não infringindo, portanto, questões legais relacionadas ao direito autoral para a reprodução da obra".

*Colaborou Ricardo Ferreira