Rainha Elizabeth II: o que é fato ou ficção em 'The Crown'

Obra conta a história da Família Real Britânica, que perdeu a monarca aos 96 anos nesta quinta-feira (8)

Claire Foy, Olivia Colman e Imelda Staunton interpretando a Rainha Elizabeth
Foto: Reprodução/Twitter - 08.09.2022
Claire Foy, Olivia Colman e Imelda Staunton interpretando a Rainha Elizabeth

A morte da rainha Elizabeth II, aos 96 anos, repercutiu imediatamente em todo o mundo nesta quinta-feira (8). Seu reinado — o mais longevo da história britânica — durou sete décadas e atravessou a Guerra Fria, sucessivas crises, entrou e saiu da União Europeia e enfrentou uma pandemia global.

A trajetória da monarca e da Família Real Britânica, com seus dramas e polêmicas, é exposta na série "The Crown", lançada em 2016 pela Netflix, que tem previsão de ganhar uma quinta temporada ainda neste ano (a sexta e última já está sendo produzida).

Os eventos contados na tela, no entanto, não correspondem necessariamente à realidade histórica, por mais que envolvam personagens não-ficcionais. Membros do Palácio de Buckingham já chegaram a pedir à Netflix que inserisse uma espécie de alerta antes dos episódios.

Afinal de contas, o que aconteceu de verdade? O que é ficção? Separamos alguns trechos que surgem no roteiro da quarta temporada para um tira-teima. Mas atenção com a presença de spoilers.

Antes de se casar com Diana, Charles namorou Sarah, irmã mais velha da futura princesa?


Sim. Em 1977, aos 29 anos, ele começou a sair com Lady Sarah, a quem o espectador é apresentado no primeiro episódio. Foi naquele momento que Charles conheceu Lady Diana Spencer, uma jovem de apenas 16 anos, “muito alegre, divertida, atraente e cheia de vida”, conforme ele mesmo a definiu em entrevista à época do noivado, em 1981.

Camilla tentou criar uma relação de amizade com Diana antes do casamento com Charles?


Sim. Camilla e seu marido, Andrew Parker Bowles, frequentaram jantares no Palácio de Buckingham no período em que Charles cortejava Diana. Quando Diana se mudou para Clarence House, a então casa da Rainha Mãe, na véspera do anúncio de seu noivado, havia uma carta de Camilla esperando por ela, convidando a noiva de Charles para almoçar.

Em um momento doloroso, exibido no terceiro episódio, Diana, às vésperas do casamento, descobre que Charles havia encomendado uma pulseira especial com as letras G e F entrelaçadas inscritas — para os apelidos que ele e Camilla tinham um para o outro: Gladys e Fred.

A princesa Diana tinha um distúrbio alimentar?

Sim. Ela mesma confirmou que lutou contra uma "bulimia galopante" em uma entrevista em novembro de 1995 para a BBC — e seu distúrbio alimentar é retratado ao longo da quarta temporada.

A princesa Margert tentou impedir que Charles e Diana se casassem?


Não há evidências quanto a isso. Em entrevista, a atriz Helena Bonham Carter confessou que a postura de sua personagem, claramente incomodada com a iminente união, havia sido uma ideia dela e acatada pela equipe de roteiristas da série. “Fica muito claro antes do casamento que há grandes problemas”, argumentou Bonham Carter, em defesa de sua criação.

Príncipe Philip teve uma conversa franca com a princesa Diana no Natal em Sandringham sobre sua infelicidade?


Não se sabe ao certo se tal conversa aconteceu, de fato, mas é verdade que Philip foi um grande aliado de Diana. Os dois frequentemente se comunicavam por meio de cartas manuscritas, com o duque de Edimburgo oferecendo seu apoio para ajudar Diana a salvar seu casamento.

Especula-se que um dos motivos para a proximidade de Diana e Philip é que ele enxergava nela uma “outsider”, papel encarnado por ele mesmo décadas antes.

Rainha Elizabeth II e Margaret Thatcher eram mesmo inimigas?


Apesar de serem donas de muito poder e idades similares, com meses de diferença, a soberana e a primeira-ministra divergiam sobre diversos assuntos. Como, por exemplo, sanções à África do Sul em razão da política segregacionista do apartheid: Thatcher era contra as sanções e, Elizabeth II, a favor.

Porém, com o passar dos anos a relação entre as duas foi se suavizando. Apenas 15 dias após a renúncia de Thatcher, em 1990, a rainha concedeu a ela a honraria da Ordem do Mérito. O funeral de Thatcher, em 2013, foi o primeiro velório de um primeiro-ministro a contar com a presença da rainha desde Winston Churchill.