Paul Walter Hauser conta como foi viver serial killer em ‘Black Bird’
Interpretando o criminoso Larry Hall na nova série da Apple TV+, o ator cita pressão e comenta trabalho com Taron Egerton
Apesar da crescente popularidade do gênero do “true crime” em séries e filmes, histórias de crimes reais costumam não ser tão fáceis de assimilar, principalmente aquelas que apresentam uma carga maior de violência. No caso de “Black Bird”, nova minissérie da Apple TV+, a experiência de adentrar na trama de um serial killer foi ainda mais intensa para Paul Walter Hauser, que interpreta o criminoso na produção.
Na novidade que estreia nesta sexta-feira (8), o ator conhecido por participar de projetos como “Eu, Tonya” (2017) e “Cruella” (2021) vive o perigoso Larry Hall. O norte-americano é suspeito de ser o responsável pelo desaparecimento de ao menos quarenta mulheres e meninas, nas décadas de 1980 e 1990, que ocorreram em estados do Centro-Oeste dos Estados Unidos. Em entrevista ao iG Gente, Paul conta como foi a experiência de viver um serial killer no seriado, que ainda traz Taron Egerton, Ray Liotta e mais no elenco.
“Foi realmente desconfortável”, declara o ator sobre as falas terríveis dos crimes que precisou interpretar nas cenas. “Não é suficiente dizer, você tem que falar sério e encarnar [o personagem]. Tive que incorporar algumas reviravoltas doentias que não refletem meus pensamentos ou sentimentos reais, mas você precisa incorporar isso. É difícil”, complementa.
Walter Hauser relata que não permaneceu no personagem entre as tomadas de gravação, já que não é um ator do “método”, assim como outros astros de Hollywood. “Não imponho meu processo às pessoas ao meu redor”, diz o protagonista de “Black Bird”, que ainda ressalta como sentia uma “pressão” externa para se manter focado na personalidade do serial killer.
“Quando estou no personagem em uma cena, você pensa na gravidade do fato de que isso é baseado em uma história real. Esse cara estuprou e assassinou pessoas. E eu tenho a Apple investindo muito dinheiro, recursos e fé em mim e no resto das pessoas que estão fazendo a série. Há pressão mais do que suficiente para permanecer no personagem e continuar atuando”, analisa.
Contracenando com Taron Egerton
Paul Walter Hauser e o astro de “Rocketman” (2019) protagonizam muitos diálogos intensos em “Black Bird”, já que Egerton vive um infiltrado pelo FBI que tentará conseguir uma confissão de Larry Hall na prisão. O ator explica que a boa química nas cenas se deve pela amizade formada nos bastidores do projeto.
“Taron e eu temos uma admiração mútua um pelo outro, como pessoas e como intérpretes artísticos. Não sei por que disse intérpretes artísticos, como se estivesse tentando parecer inteligente. Atores são pessoas muito inseguras e ainda assim eles fazem uma exibição tão confiante para a mídia, é muito engraçado”, diz entre risadas.
Compartilhando que os dois se dão “muito bem”, Paul ainda elogia o colega de elenco ao mencionar trabalhos anteriores do ator: “‘Rocketman’, ‘Kingsman’ e ‘Sing’ são tremendas peças de entretenimento. Nós nos demos bem logo de cara, servimos bebidas reciprocamente, dançamos hip hop, tentamos fazer o outro rir e contar histórias sobre trabalhos anteriores que fizemos”.
“Essa camaradagem beneficiou o trabalho criativo, o que sempre acontece, pelo menos para mim. A melhor dinâmica na tela que tive com as pessoas é quando estamos fazendo coisas no set e nos conhecendo. Fiquei grato por essa dinâmica. E ele é um bom ator, quando você trabalha com boas pessoas, isso te eleva. O que quer que você me veja fazer na tela e que goste, é definitivamente atribuído a um ótimo roteiro e a um ótimo parceiro de equipe”, completa.
Influência da caracterização
O caso real de Larry Hall foi explorado em “In with the Devil”, livro escrito pelo infiltrado real James Keene e Hillel Levin e que inspirou a minissérie da Apple TV+. A obra relata alguns dos comportamentos costumeiros do serial killer, como o fato de ele realizar os crimes próximos a memoriais da Guerra Civil dos EUA. Fascinado por este momento histórico, o criminoso participava de reencenações caracterizado como um militar, por isso usava as costeletas e barba estilizadas como os oficiais da época.
Paul analisa como a caracterização influenciou na construção do personagem: “Vou trazer de volta a comédia rapidinho. Há pessoas que fazem comédia que são tão brilhantes em seu destemor. Kristen Wiig, quando fazia os quadros do ‘Saturday Night Live', estava tão despreocupada com a vaidade. Will Ferrell é da mesma forma, sendo a versão mais grosseira possível. Will Ferrell está de tanga, Kristen Wiig está com aquela peruca maluca. Essa é uma grande parte disso, a grande comédia está sendo desembaraçada da vaidade”.
“Era isso que eu estava tentando fazer com Larry. Eu realmente abracei o personagem. Vamos colocar as erupções na pele do meu rosto, usar a peruca, as costeletas falsas e engraxar a roupa. Vamos fazer essas algemas bem apertadas em mim quando eu estiver andando. É tudo sobre possuir esse desconforto físico e deixar as coisas inconscientemente emanarem desse desconforto. As costeletas foram apenas um exemplo disso”, pontua.
Além da barba falsa utilizada, ele também precisou emagrecer cerca de 18 kg para viver o personagem. O ator descreve o processo de emagrecimento e a necessidade de manter o peso por seis meses como algo desafiador no aspecto emocional do projeto. “Tinha a ver com o nível de comprometimento, já que 6 meses é muito tempo. Eu amo comida. Perder 18 quilos para interpretar Larry e manter isso é muito emocional e difícil para mim”, expõe.
Walter Hauser também detalha bastidores das gravações que tornaram a produção ainda mais desafiadora: “Não estava perto da família, estava meio que me isolando de uma maneira que não é saudável. E foi um personagem difícil, então foi todo o quadro geral de se comprometer a interpretar esse cara por esse período nessas circunstâncias. [...] Presenciamos um furacão e eu ainda peguei covid no final das filmagens. Foram todas essas coisas diferentes que continuaram acontecendo e tornaram tudo ainda mais frustrante e exaustivo”.
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“Então, se alguém tem uma comédia onde eu e Ryan Reynalds podemos interpretar irmãos, eu sou totalmente a favor. Pode vir me chamar. Porque ‘Black Bird’ foi demais”, brinca entre risadas.
Segurando as lágrimas
Paul ainda descreve a minissérie como “fascinante do ponto de vista psicológico” e aprecia o fato do projeto não ter ficado “grotesco” com a exposição dos crimes. Apesar de não haver tanta literatura sobre o serial killer em questão, o ator credita a genialidade do roteirista e showrunner Dennis Lehane para auxiliar na construção psicológica do personagem, que ganha destaque ao invés de apenas os atos do criminoso.
“Foi tudo roteiro de Dennis Lehane e minha própria criatividade, nós meio que começamos a construir do zero. O roteiro foi realmente maravilhoso e específico. Há muitas coisas que Dennis escreveu que eu estava tipo: ‘sim, esta é a chave para desbloquear a psique desse cara, este é um momento em que posso ser astuto e aqui é um momento em que posso ser vulnerável’. Estava tudo isso no roteiro e isso foi super útil”, pontua.
Walter Hauser também reflete sobre momentos “assustadores” dos diálogos. “Quando Larry Hall dá algum tipo de relato dos crimes, eu mal consegui ler no roteiro. Tentava não chorar enquanto dizia isso em voz alta, porque é muito perturbador. E você sabe que deve ser perturbador porque em nosso mundo você vê as manchetes agora do que está acontecendo e nosso mundo é muito perturbador. Então, para mim, ficar perturbado com esse roteiro, conhecendo o mundo em que vivemos, foi obviamente uma tarefa de heroína”, finaliza.
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