Como estão as vítimas do 'golpista do Tinder'?
Mulheres que aparecem no documentário da Netflix viraram amigas; golpista Simon Leviev chegou a ser preso, mas hoje está em liberdade
Lançado pela Netflix, o 'Golpista do Tinder' gerou diversas reações nas redes sociais. O documentário conta a história de Shimon Hayut, investigado por esquema de golpes praticado no Tinder. Na plataforma, ele se apresentava como Simon Leviev.
O golpista dizia no aplicativo que era herdeiro de um magnata do ramo de diamantes. Assim, ele seduzia mulheres e depois tirava dinheiro delas afirmando correr perigo, pois os "inimigos nos negócios estavam atrás dele". Ele chegou a roubar pelo menos US$ 10 milhões (R$ 52 milhões) de vítimas.
No documentário, três mulheres contaram a própria versão da história e como descobriram que sofreram um golpe. Aylenn Charlotte, Pernilla Sjoholm e Cecilie Fjellhøy foram enganadas da mesma forma por Shimon e pagam empréstimos que lhe fizeram até hoje aos credores.
Após o lançamento do documentário, na semana passada, as três mulheres, até então anônimas, estão sentindo o gosto da fama. Ayleen, que não movimentava seu Instagram, voltou com tudo e hoje tem quase 15 mil seguidores. Pernilla, que dá início a história, tem quase 90 mil, e Cecilie já soma 81 mil. E o número de cada uma segue aumentando.
Além disso, as vítimas se tornaram grandes amigas. Além de interagirem umas com as outras nas redes, em 2021 Cecilie e Pernilla viajaram juntas até a Grécia. O país foi o primeiro destino que Shimon levou Pernilla para viajar como amigos, usando o dinheiro de Cecilie. Dessa vez, as duas foram até o país para se divertirem. Em uma das fotos compartilhadas por Pernilla, ela diz que ambas são "melhores amigas".
Ayleen também é amiga das outras duas vítimas, mas é mais reservada nas redes sociais. No Instagram, a publicação mais recente é de uma selfie, usando um par de óculos de Shimon. "Sim, esses são os óculos dele", disse na legenda.
Ela, que trabalha com moda, contou no documentário que após descobrir o golpe, fingiu acreditar nele, pegou roupas de marca de Shimon e vendeu para "arranjar dinheiro enquanto ele não pudesse fazer mais negócios", já que Shimon havia sido denunciado na mídia europeia na época.
Ao invés de repassar o dinheiro para o "namorado", Ayleen deu um 'golpe no golpista' e vendeu boa parte das peças de grife para pagar parte da dívida dela com credores. Na página do Instagram de Ayleen, há um link para uma vaquinha on-line criada no domingo (6).
O objetivo é de ajudar ela e as outras duas vítimas do Simon. Mais de 20 mil libras foram arrecadadas, na conversão, esse valor é de R$ 144 mil. O objetivo é de arrecadar 600 mil libras, que equivalem a mais de R$ 4 milhões.
Cecilie fundou uma instituição de caridade na Noruega para ajudar mulheres vítimas de fraude. Não há nenhuma publicação na página ainda.
E o golpista do Tinder?
Simon — ou Shimon — segue com a página do Instagram ativa. Ele foi solto após cinco meses de prisão em Israel, 2019, e logo voltou para a vida de luxo que apresentava no Tinder e agora mostra no Instagram. Nos stories, ele tenta desmentir as vítimas e diz que a Netflix mente.
"Se eu sou uma fraude, por quê eu iria atuar na Netflix? Eu quero dizer que eles deveriam ter me prendido quando eles estavam filmando. É hora das madames começarem a falar a verdade", disse nos stories. Ele publica vídeos e fotos com o mesmo estilo de vida que o documentário mostrou.
"Se você não pode dar-lhes o mundo que eles querem, eles vão transformar o seu em um inferno", disse e logo contou que irá contar o mundo a verdade. A página com 130 mil seguidores dele foi desativada pelo Instagram, mas ele tem outra, criada há três dias, com mais de 106 mil. Já no Tinder, o perfil do golpista foi apagado da plataforma após a repercussão do documentário.
** Luiza Lemos é jornalista, especializada na cobertura de entretenimento e celebridades. No iG desde 2020, escreve para o iG Gente, mas já passou pelas editorias de Delas, Queer, Receitas e Turismo. Da praia para a serra, é de Santos e formada na Universidade Metodista de São Paulo. Além de escrever, é sommelier de memes, adora televisão e não deixa uma boa fofoca deixar de ser comentada.