Nascida e criada em Sorocaba, interior de São Paulo, Laura Seraphim é uma jovem de 20 anos que levava sua vida como qualquer outra garota da sua cidade, até que começou a fazer sucesso com vídeos no TikTok. Rapidamente, seus bordões "pique bandida", "sou muito debochada" e "vou falar com meus amigos do terceiro" também caíram nas graças da rede social ao lado, o Twitter.
eu tô um pouco viciado nos vídeos dessa menina?? tô amando véi kkkkkkkkk pic.twitter.com/Wsq1Z143Wt
— vinicius•sra.grey💫🌹 (@yang_reysz) April 16, 2020
Foi então que os internautas descobriram uma verdadeira mina de ouro: uma conta recheada com mais conteúdos da Morena, a personagem que Laura criou para satirizar as meninas populares que faziam bullying com ela no ensino médio.
"Eu e minha melhor amiga, Amanda, crescemos juntas e temos a mesma idade. A gente tem mania, desde que a gente tem celular, de gravar tudo. Quando a gente tinha alguma ideia engraçada, a gente gravava para guardar de lembrança". Laura conta que, em dezembro do ano passado, ela e a amiga criaram contas no TikTok e passaram a compartilhar os registros sem pretensão. "Um dia eu acordei e tava com 100 seguidores, daí eu pensei 'será que eu postei alguma coisa muito absurda pra esse povo estar vindo me seguir do nada?' E foi indo."
Apesar da veia humorística, Laura conta que jamais pensou em fazer sucesso como atriz. Ela, inclusive, começou uma faculdade de Recursos Humanos, mas não gostou e, antes da pandemia do novo coronavírus, trabalhava fazendo propaganda de produtos nos corredores de supermercados. Ela diz que quer voltar a trabalhar assim que puder e que gostava muito de ter contato com as pessoas.
Enquando vivia sua vida pacata, Laura descobriu que seu vídeo, originalmente postado no TikTok, já estava com mais de 2 milhões de visualizações no Twitter e que Morena era o meme do momento - hoje em dia, esse vídeo já ultrapassou os 5 milhões de views.
Inspiração e vontade de desistir
Laura Seraphim revela que se inspirou em outras mulheres para conseguir se expor sem medo nas redes. A principal é Emma Chamberlain, uma influenciadora norte-americana. Mas Laura também cita a humorista brasileira Tatá Werneck, de quem é fã. "Se eu não tivesse começado a assistir Emma, eu não ia ter coragem de aparecer sem maquiagem ou aparecer falando certas coisas".
Os vídeos fizeram com que Laura ganhasse muito carinho na internet, mas o hate - acompanhado pelo machismo - também existiu e existe. Ela conta que um youtuber fez um vídeo reagindo à Morena e a ridicularizando, fazendo com que os seus seguidores, em sua maioria meninos, a perseguissem e a ofendessem. Foi nesse momento que ela pensou em desistir. Isso em janeiro deste ano, muito antes de fazer o sucesso que tem feito hoje. "Sofri muito ataque, sofri ameaça de morte, pelo Facebook, pelo Instagram. E eu não estava entendendo nada e, foi, assim, bem machista".
Agora que a tormenta passou, Laura aproveita os comentários carinhosos e vê toda essa situação como um aprendizado. "Eu vejo bem quem é meu público, porque eu não quero agradar essas pessoas que me ameaçaram e me odiaram por causa daquele vídeo".
Hate e machismo nas redes
Laura comenta que as mulheres acabam sofrendo muito no humor, ainda que não se considere humorista. Para que este cenário mude, a intérprete de Morena acha que os grandes influenciadores têm que dar o exemplo e entender que há piadas e piadas.
"Enquanto esses caras ficarem 'Ah é só piada, não pode mais fazer piada?' Eles não têm noção que o público deles são meninos mais novos que vão ficar reproduzindo as mesmas falas deles", conta Laura, que revela que é muito normal que grandes influenciadores façam conteúdos bastante machistas para conseguir views com garotos adolescentes na internet - como foi o que aconteceu com ela.
Depressão
Recentemente, através de um tuíte, Laura revelou que faz uso de antidepressivos e que já teve pensamentos suicidas. Sobre isso, ela diz que nada tem a ver com a recente repercussão de seus vídeos, mas com a doença que tem desde criança.
"Não tem diagnóstico de quando começou, mas hoje em dia faço tratamento com psiquiátra e psicólogo e é uma coisa que eu passo há muitos anos. Só que eu demorei muito tempo com isso, com a depressão", conta, exaltando a importância de fazer o tratamento com profissionais.
Na internet, Laura continua fazendo sucesso e falando de questões que a empoderam com muito humor. Ela pode ser seguida no TikTok , no Instagram e no Twitter .