"Cadê o fundo?", questionam 12 artistas independentes em um clipe caseiro lançado no último fim de semana. A cobrança é direcionada a Regina Duarte, secretária especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro , e pede mais atitude por parte da pasta comandada pela atriz no auxílio a artistas durante a crise provocada pela pandemia de coronavírus.
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"Toda a cultura parou seu ofício", "a gente não parou porque quer/ os boletos não param de chegar/ a comida não pode faltar", dizem alguns dos versos da canção "Cadê o fundo?", composta por Alexandre Fróes e Carlos Chaves .
A música e o clipe foram gravados à distância, através de videoconferências entre os artistas, como o cantor de MPB Rodrigo Maranhão, a cantora Marianna Leporace e a sambista Laila Aurore.
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Na publicação do vídeo , o compositor Carlos Chaves reforçou o apelo: "A cultura precisa de ajuda. O artista está tentando se reinventar, mas precisa de apoio".
Profundamente afetada pela pandemia, que suspendeu e cancelou shows, espetáculos, peças, exposições, filmes e demais atividades, a classe artística se movimenta para obter apoio do governo durante esse período.
Segundo um estudo de um grupo de economistas da cultura divulgado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedepar-UFMG), a paralisação das atividades culturais causará um prejuízo de R$ 11,1 bilhões em três meses no Brasil.
Em uma força-tarefa que une agentes culturais, integrantes do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, ex-gestores do extinto Ministério da Cultura, parlamentares de partidos de esquerda e os deputados Alexandre Frota (PSDB) e Tiririca (PL), foi elaborado um projeto de lei propondo a criação de uma renda mínima para artistas em meio à crise do novo coronavírus.
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Apesar de ter sido apresentada em março e ter requerimento de urgência, a ação suprapartidária ainda tenta ganhar fôlego no Congresso Nacional. A proposta foi protocolada com autoria de 31 deputados de 14 estados e 8 partidos.
Entre as principais medidas, este projeto prevê renda de um salário mínimo para toda a cadeia de trabalhadores da cultura. Para viabilizar essas despesas, a proposta prevê uso de recursos do Fundo Nacional da Cultura (FNC), de 3% da arrecadação das loterias federais, entre outros fundos. Como contrapartida, os artistas beneficiados serão incentivados a criar produtos culturais de forma virtual, como lives e outras expressões artísticas online.