Organizadores de mostra veem censura em exclusão de filmes anti-Bolsonaro

Dois curtas da Mostra do Filme Margeina, no Rio, que abordam o presidente de maneira desfavorável foram excluídos da programação; entenda

Após serem comunicados de que três filmes da Mostra do Filme Marginal seriam retirados da programação no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no Rio de Janeiro, os organizadores do evento resolveram cancelar o evento na instituição. Ele será mantido no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica.

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Cena do curta-metragem 'Mente Aberta'
Foto: Reprodução/FestTaguá
Cena do curta-metragem 'Mente Aberta'

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Conforme antecipado pela coluna de Ancelmo Gois, os três filmes censurados são "Mente aberta", "Rebento" e "Nosso sagrado". Nos dois primeiros, há referências ao presidente Jair Bolsonaro.

"Mente aberta", de Getúlio Ribeiro, cineasta de Nova Iguaçu, trata de "um sujeito que se autodenomina um 'cidadão de bem', tem uma relação opressora com a família e tenta nos convencer de que é a vitima".

Nele, Getúlio usa três declarações do Jair Bolsonaro  , não editadas, e de diferente momentos da carreira dele. "Não existe homofobia no Brasil", "Nenhum pai gostaria de chegar em casa e ver seu filho brincando de boneca" e "eu sou a favor da tortura, você sabe disso. E o povo brasileiro também".

O filme foi aprovado na mostra, mas na terça-feira (20) o diretor foi convocado para uma reunião no CCJF, em que a exclusão foi comunicada.

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"Após o envio da programação, a instituição nos comunicou sobre a impossibilidade de exibição de três filmes selecionados. Não concordamos com o entendimento da instituição e nos posicionamos contrário a postura da mesma", explicaram os organizadores da mostra em comunicado, acrescentando que viram a decisão como censura.

"O filme já passou em outros festivais e isso nunca aconteceu comigo. Vi coisa muito mais radical que não foi censurada. É um filme de oito minutos, que passaria, a galera ia ver e ficaria por isso". Os diretores dos outros curtas preferiram não se manifestar.

Procurado, o Centro Cultural da Justiça Federal respondeu com um comunicado em que diz que "a restrição das temáticas propostas ao CCJF dá-se estritamente pelo dever constitucional de imparcialidade a que está submetido o Poder Judiciário Federal".

O comunicado diz ainda: "O Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) tem, dentre seus critérios estabelecidos para sediar eventos culturais e artísticos, o de não promover produções de cunho corporativo, religioso ou político-partidário, independentemente de que pessoa, instituição ou conceito ideológico esteja sendo defendido ou criticado."