Vai ser difícil não gostar de “Fora de Série”, mas mesmo quem não conseguir se identificar com o longa terá que dar o braço a torcer e reconhecer que Olivia Wilde se encontrou na direção. A atriz de 35 anos ficou conhecida do público como Alex em “The O.C.” em 2005, e desde então mesclou grandes blockbusters com dramas indies.

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"Fora de Série"

Entre os tantos filmes e séries que já fez, Olivia Wilde tem algo em comum com todos: ela não tem medo de arriscar. Assim foi com “Tron: o Legado”, “O Preço do Amanhã” e “Cowboys & Aliens”, por exemplo.

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Mas foi em filmes como “Meadowland” e “Um brinde à Amizade” que ela brilhou como atriz, e que influenciaram sua carreira como diretora. O segundo deles, dirigido por Joe Swanberg, é quase inteiro improvisado, gerando cenas autênticas que ela replica com sucesso em “Fora de Série”.

Mas foi o primeiro, dirigido por Reed Morano, que a levou para trás das câmeras. Morano, que já atuava como diretora de fotografia, experimentou na direção pela primeira vez justamente no longa estrelado por Wilde em 2015. Na época, ela tinha 40 anos e ainda se manteve como diretora de fotografia do filme.

Ver Morano apostar em Wilde para protagonizar seu primeiro filme, enquanto acumulava funções e criando dois filhos deve ter tido um impacto em Olivia, cuja caçula tinha dois anos quando “Fora de Série” foi filmado.

A decisão de dirigir, porém, não veio do nada. Na verdade, Wilde tem se preparado para essa estreia há algum tempo. Em 2016 ela dirigiu o clipe do Red Hot Chilli Peppers para Dark Necessities e, no mesmo ano, foi responsável pelo clipe de No Love Like Yours da banda Edward Shape and The Magnetic Zeros justamente ao lado de Morano.

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"Fora de Série"

Esses trabalhos, embora menores, pavimentaram o caminho para seu primeiro longa, não só na experiência prática, como na estética. Seu filme tem muito de Dark Necessities , na liberdade dos jovens, nos skates e na aparência.

Ela também trabalhou com grandes nomes como Nick Cassavetes, Jon Favreau, Ron Howard e Spike Jonze, além de Martin Scorsese na série “Vinyil”. Ainda assim, foram poucos os momentos de destaque de Olivia como atriz, o que poderia tornar essa transição mais difícil ainda.

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Atrizes que se tornam diretoras já são raridades, e as que tiveram mais sucesso já tinham um perfil em alta antes, o que não era o caso de Wilde. Jodie Foster, por exemplo, já havia ganhando um Oscar quando estreou na direção em 1991, enquanto Greta Gerwig já tinha se estabelecido na cena indie graças a “Frances Ha”. Barbra Streissand já tinha dois Oscars quando dirigiu “Yentl” e nem todo o prestígio como atriz ajudou Natalie Portman em sua estreia como diretora em “De Amor e Trevas”.

A verdade é que atrizes precisam estar bem estabelecidas para começar a chamar atenção como diretoras – e Olivia quebrou essa “regra”. Brie Larson, por exemplo, lançou “Loja de Unicórnio” em 2017 – mas só com o sucesso de “Capitã Marvel” em 2019 conseguiu que seu filme ganhasse distribuição.

Wilde apostou suas fichas em “ Fora de Série ”, mas ela sabia exatamente o que estava fazendo. Ela soube adaptar o roteiro, parte da famosa “blacklist” em 2009, para os dias de hoje, e usou a pluralidade de narrativas a seu favor. Mas, além disso, ela estudou e liderou, absorvendo o que pôde com os diretores com quem já trabalhou, e criando um set, como ela mesma chegou a dizer em entrevistas, que ela sempre sonhou em trabalhar.

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"Fora de Série"

Seria um filme bom para a estreia de uma atriz, mas ela foi além. Bradley Cooper, por exemplo, foi enaltecido pela crítica por “Nasce Uma Estrela”, mas o diretor optou por uma história amada e adaptada outras três vezes para marcar fazer sua estreia.

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Com um orçamento menor e menos atenção, ela fez algo novo. Ou melhor, pegou uma história e a tornou inovadora. Essa não é só uma boa estreia na direção, mas um indicador de que Olivia Wilde está no caminho certo e se encontrou como artista.

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