"Homem-Aranha no Aranhaverso" investe na linguagem da HQ e moderniza personagem
Vencedor do Globo de Ouro de melhor animação é um filme que funciona com fãs de diferentes faixas-etárias e procedências. É um gol de placa
Por Reinaldo Glioche |
Desde 2002 já são seis filmes do “Homem-Aranha” lançados, descontadas as participações do aracnídeo em “Capitão América: Guerra Civil” (2016) e “Vingadores: Guerra Infinita” (2017). “Homem-Aranha no Aranhaverso” (2018) será o sétimo.
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A animação, disparada a melhor do ano, chega em um momento que a Sony tenta expandir o universo do Aranha no cinema e que experimenta sucesso com “Venom”, que já arrecadou mais de US$ 800 milhões globalmente. Com a produção de Phil Lord e Chris Miller, os responsáveis pelo hit “Uma Aventura Lego” (2014), “Homem-Aranha no Aranhaverso” tem muitos méritos, mas o maior deles talvez seja mostrar que a Sony está no caminho certo.
Um grande acerto do filme, que é dirigido por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, é buscar uma identidade visual que remeta às HQs. A montagem acelerada e o hibridismo tanto da animação como da narrativa funcionam as mil maravilhas no filme. O patamar alcançado por Robert Rodriguez em “Sin City – A Cidade do Pecado” em 2005 na apropriação da linguagem da HQ pelo cinema finalmente foi superado.
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Outro grande acerto está em fazer um filme de origem, no caso de Miles Morales , sem parecer em momento algum com um filme de origem tradicional. O filme já começa com uma homenagem, das mais bem humoradas, com a trilogia original de Sam Raimi no cinema e continua brincando com o multiverso que a Sony criou com os offs dos Aranhas que vão surgindo. As referências são incontroláveis e divertem os fãs raízes (o que dizer de Nicolas Cage como o Homem-Aranha noir?).
O filme trabalha muitíssimo bem o humor e certamente é o exemplar estrelado pelo teioso que melhor transita pelo gênero. Nesse sentido, Jake Johnson, de “New Girl” e “Um Brinde à Amizade” é peça crucial. Ele aborda seu Peter Parker , que para todos os efeitos é o Peter Parker original, aquele das HQs que viveu poucas e boas, com o devido misto de solenidade e cinismo. O roteiro trata esse Parker como um herói cansado e empresta um ar que o público de cinema vai reconhecer como oriundo de “Deadpool” (2016) para cativar. É no choque entre o desencanto desse Parker com o voluntarismo de Morales que a produção apresenta seus melhores momentos. É quase como um Jedi e um padawan dentro do universo aracnídeo.
Elenco de vozes
Além de Johnson e Cage, o elenco de vozes tem Zoe Kravitz (Mary Jane), Chris Pine (o Peter Parker da dimensão de Miles Morales), Mahershala Ali (o tio Aaron), Liev Schreiber (Rei do Crime) e Heilee Steinfield (Gwen Stacy).
Trama
Miles Morales é picado por uma aranha geneticamente modificada e precisa aprender a controlar seus poderes. Só que já existe um Homem-Aranha e ele é uma celebridade. A piração fica maior porque o Rei do Crime, com o apoio de alguns supervilões, está patrocinando uma erupção dimensional com a expectativa de trazer alguma versão de sua mulher e filho mortos. Se a trama não é das mais originais – e até nisso se referencia a um bom gibi – o todo compensa. A animação é um arraso, os personagens principais são mais complexos do que se poderia imaginar, o humor está no ponto certo e as cenas de ação são ótimas.
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“Homem-Aranha no Aranhaverso” , como bônus, ainda apresenta a melhor e mais emblemática ponta de Stan Lee em um filme com personagens da Marvel. O fato dela surgir postumamente torna tudo ainda mais especial.