"Roma" dará prestígio inédito a Netflix no Oscar, mas há chances de vitória?
Aclamado filme de Alfonso Cuarón já é um dos eixos centrais da temporada de premiações no cinema, mas quais são suas reais chances no Oscar?
“Roma” é um filme mexicano sobre um ano na vida de uma babá, falado em espanhol e filmado em preto e branco. É cinema independente certo? Errado! Produzido e promovido com rara habilidade pela Netflix, o filme mais pessoal de Alfonso Cuarón tem cara e pinta de cinema independente, mas não é.
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Essa é uma das chaves para decifrar a temporada de premiações que entra em ponto de bala com a realização da cerimônia do Globo de Ouro em 6 de janeiro. “Roma” concorre aos prêmios de filme estrangeiro, direção e roteiro.
Não é de hoje que a Netflix investe pesado na busca por prestígio e prêmios, mas o filme do cineasta mexicano, que já ganhou o Leão de Ouro em Veneza, representa a melhor e mais bem urdida chance da gigante do streaming no Oscar . Ganhar já é outra história. Neste momento, o mais importante é furar a resistência de muitos acadêmicos em virtude do modelo de negócio da Netflix representar uma subversão do modelo de exibição vigente no mundo que privilegia o lançamento em cinemas.
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Nesse contexto, apresentar um filme com uma pegada indie tão exacerbada é não só estratégico, como providencial. “Roma” não seria um filme de Oscar nos anos 90, mas com a globalização e refinamento intelectual que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas atravessa, produções independentes passaram a ter a primazia no novo milênio.
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No entanto, se esses elementos ajudam a Netflix, talvez prejudiquem as chances de triunfo do longa. O filme de Alfonso Cuarón reúne predicados suficientes para ser um desafiante legítimo ao Oscar de melhor filme, mas ter a Netflix em seu corner pode lhe custar muitos votos decisivos.
“Roma” entrará para a história
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A gigante do streaming já se mobiliza para chegar ao Oscar em 2020 e “The Irishman”, de Martin Scorsese, é uma carta ainda mais potente para essa finalidade, mas mesmo que “Roma” não triunfe, o filme deve valer à empresa espaço e tamanho inéditos no Oscar angariando nomeações em categorias nobres como roteiro, direção, atriz e filme. Será o marco zero de uma revolução ainda disforme e de efeitos relativamente imprevisíveis proposta pela Netflix.