Hesitante entre militância e estereótipo, "Super Drags" erra a mão nas piadas
Primeira animação assumidamente homossexual da Netflix estreou em meio a polêmicas de repúdio; segunda temporada da produção não foi confirmada
Após ser repudiada por representantes da bancada evangélica e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, estreou na última sexta-feira (09) a animação adulta “Super Drags” na Netflix .
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Contando a história de três jovens, que trabalham em uma loja de departamento, os personagens de “Super Drags” tornam-se super-heroínas sempre que acionadas por Vedete Champagne, que as ajudam a vencer as ameaças à comunidade homossexual.
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A fórmula “desenho animado + conteúdo adulto” não é novidade no mercado, “Family Guy” e as próprias produções originais da plataforma de streaming como “Bojack Horseman” e “Big Mouth” já provaram da mesma fonte.
Com verniz internacional, a atração é recheada de memes brasileiros e referências de animações aclamadas como “As Meninas Superpoderosas”, “Dragon Ball Z”, “Power Rangers”, “Três Espiãs Demais” e “Sailor Moon”, misturando nostalgia com novidade.
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Fraquezas de “Super Drags”
No entanto, a anatomia peniana rouba a cena com frequência, e sem necessidade. Quando algo explode ou quando as heroínas voam pelos céus, até mesmo quando se interessam por algum rapaz o pênis torna-se algo evidente. Até Dildo, o robô que auxilia a chefe das heroínas, Vedete Champagne, têm forma de um pênis.
Além disso, logo no primeiro episódio da animação, uma cena de assédio sexual é protagonizada por Lemon. Após um ônibus roubado cair em um penhasco, as drag queens salvam os passageiros. Encubida de salvar o bandido, a heroína amarela nota o tamanho do pênis do criminoso e acaba passando a mão propositalmente sobre seu órgão genital - fazendo um desserviço para a sociedade LGBT .
Outra fraqueza da animação é a presença de Pabllo Vittar no elenco. Cada personagem tem sua importância. Vedete é a líder, Lemon é a gorda, Scarlet é a negra e Safira é a branca dentro dos padrões de beleza. Por outro lado, Goldiva (personagem da cantora drag queen) não penetra na trama e a estória ficaria mais concisa e agradável sem ela.
Abraço à sociedade LGBT
Apesar de possuir falhas, usufruindo da linguagem homossexual e dos sotaques tupiniquins, a série abraça a causa LGBT como ninguém. Sempre alertando sobre o preconceito dentro e fora de casa, a animação ainda mostra os inúmeros efeitos negativos da bancada evangélica sob a comunidade do arco-íris.
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“Super Drags” é uma série adulta e já têm todos os episódios disponíveis na Netflix. Ainda sem confirmação de segunda temporada, a produção terminou o primeiro ano deixando um grande mistério no ar.