Cleo e outros herdeiros da música brasileira buscam sucesso longe das raízes
Famosos de nascença, eles foram criados para o sucesso. Em busca de suas conquistas, eles abdicam do renome familiar para forjar o próprio legado
Antes de aprender o abecedário, a música já era um elemento frequente em suas rotinas. Cleo, Alice Caymmi , João Guilherme e Vitor e Vitória são exemplos de herdeiros da música brasileira que, em algum momento de suas vidas, se aventuram pelo legado de seus pais. Mas pod eo talento estar no DNA?
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É justamente Cleo o exemplo definitivo dessa realidade. Já que filha de atriz e cantor, sempre teve dois exemplos e influências atuando muito fortemente sobre sua formação. Recentemente ela decidiu se experimentar pela música e impôs sobre si uma dose de pressão ainda maior - exposta mais enfaticamente pelo desejo de suprimir o "Pires" de seu nome artístico.
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Produzindo um som mais indie pop, algo que poderia ser assimilado ao som que a cantora Lana Del Rey produz, Cleo não se preocupa com a expectativa do público por que sua “identidade musical é muito diferente” da de seus pais. Além disso, a partir da recepção de suas músicas e clipes ela coloca fé que “isso ficou bem claro para todos”.
Famosos desde tenra idade, para eles, a pressão do estrelato é uma espada de dois gumes, que ora pode ser um empecilho, ora também pode ser algo totalmente natural e positivo.
Descendente de uma dinastia de cantores da MPB, Alice Caymmi, neta de Dorival e sobrinha de Nana Caymmi, possui um posicionamento mais crítico sobre a pressão da fama e acredita que a existência do espectro é ainda pior “quando você ainda não fez seu trabalho e tem que ouvir asneira”, disse referindo-se às comparações com seus familiares.
Menos complacentes, segundo Vitor e Vitória, filhos de Edson da dupla com Hudson, serem comparados é um fato inevitável: "a gente vai ter que carregar esse peso pelo resto da vida, mas tudo que conquistamos é nosso crédito, nosso nome”, explicou Vitor, que foi sucedido pela irmã: “as vezes é até um pouco chato, parece que a gente só chegou aonde estamos por causa do meu pai, mas não é verdade, estamos lutando com nossos braços”.
Em contrapartida dos demais, para João Guilherme, filho de Leonardo e irmão de Zé Felipe, as pessoas não o comparam muito: “até por que é outro tipo de som”. No entanto, ao chegar aos lugares, “as pessoas esperam da minha pessoa a mesma humildade”.
Filho de peixe, peixinho é?
Nas redes sociais, muitos comentários como “tendo os pais que têm, não poderia virar outra coisa” e “filho de peixe, peixinho é” podem ser encontrados nas publicações dos herdeiros.
No entanto, as motivações para seguir a mesma carreira que seus pais varia muito, de forma que cada um deles descobriu essa vontade de jeito e em ocasiões diferentes e únicas.
Tendo Fábio Júnior e Fiuk na família, Cleo assume: “Sempre sonhei em ser cantora, desde pequena”. Hoje com 36 anos, ela explica o motivo de ter adiado sua estreia nas paradas musicais: “tinha muito medo do palco e acabei por colocar esse sonho de lado”.
Antes de mesmo de Vitor e Vitória sonharem na carreira musical, o público de seu pai, provavelmente, já havia escrito suas histórias. Com grandes exemplos como Sandy e Junior, filhos de Xororó, e Wanessa, filha de Zezé di Camargo, a pressão para que eles ocupassem o trono já existia antes mesmo de aprenderem os primeiros acordes.
“A gente era bem novinho quando nosso pai (Edson) nos uniu musicalmente. Na época, ele disse: ‘vocês têm que cantar, dá muito certo’, desde então a gente mandou ver”, explica Vitória. Dando créditos às raízes, seguida por Vitor que agrega: “a gente já nasceu com a música nas veias, por causa do meu pai e do meu avô, além disso nós temos família que descende do circo”.
Sendo filho de um dos grandes sertanejos, João Guilherme sempre gostou de cantar, seja no chuveiro, acompanhando seu irmão (Zé Felipe) ou seu pai (Leonardo) shows afora. No entanto, como Cleo, ele driblou as expectativas e apostou inicialmente na carreira cênica.
Segundo o próprio, a vontade de dominar os palcos apenas veio “depois de atuar em ‘Cúmplices de um Resgate’”. Na atração do SBT , o personagem de João cantava e foi aí que ele teve o estopim de investir na faceta musical, que sempre esteve correndo por suas veias.
Você viu?
Alice Caymmi, que aposta na balada romântica para se destacar nas paradas musicais, acredita que a vontade de se tornar cantor não existe: “A gente é ou não é, então, quando você descobre esse fator, segue a carreira”, disse complementando que descobriu que era artista durante “toda essa palhaçada de vestibular” e que estudou o ramo e notou que era possível viver de música e que não havia “esse drama todo”.
Crescendo ao redor da fama
Sendo filhos de pessoas públicas, a vida ao redor da fama proporcionou para esta gama de cantores da nova geração experiências inesquecíveis, sejam elas positivas ou negativas.
Alice Caymmi, por exemplo, afirma que a fama sempre foi interessante, apesar de na infância isso fugir um pouco de sua compreensão: “Eu nunca entendi isso, lembro que um dia eu saí na ‘Caras’... achei isso engraçado”, relembrou agregando: “mas nada que fosse tão chato, mas era estranho, todo mundo me conhecia e sabia quem eu era”.
Hoje desinibida e dona de personalidade forte, Cleo recorda que a fama durante algumas fases de sua vida não foi tão agradável: “é complicado, principalmente porque durante a nossa infância e adolescência estamos tentando nos descobrir”, comenta fazendo alusão que por ser conhecida, as experiências comuns podiam tornar-se manchetes com facilidade.
Por sua vez, para João Guilherme, Vitor e Vitória, a fama nunca foi algo complicado de se lidar, no entanto, até hoje é necessário fazer alguns tipos de sacrifícios e realizar malabarismos de horários para que a carreira na música, a vida estudantil e a vida particular possam coexistir harmonicamente.
Recordando sua vida ao redor da fama, João Guilherme afirma com ânimo ter gostado muito: “Eu adorava!”. Além disso, o cantor-ator relembra com nostalgia a época em que seu tio, Pelu, participava da banda Restart: “era incrível o fervor das fãs ao vê-lo”.
Vitória por outro lado, era tímida e a fama nessa fase deixou as situações um pouco mais complicadas. Enquanto sua irmã encarava com sutileza o reconhecimento, Vitor distribuía autógrafos na escola, conversa com a maioria dos alunos e se mostrava mais extrovertido.
“No começo da escola, as pessoas reparavam, vinha pedir foto, autógrafo...minha mãe sempre quis manter esse contato com a infância e adolescência comum”, explica Vitória.
“Na época da escola eu era legal, era não, sou…”, brinca Vitor, que lembra que desde cedo tinha shows, presenças em rádio e viagens: “era muito compromisso para crianças”. Complementando o irmão, Vitória agregou: “mas nunca perdemos nossa infância”.
Novos reinos foram construídos?
Na mitologia grega, Ícaro, por motivos relacionados a seu pai, encontrava-se preso na Ilha de Creta. Intencionado a sair de lá, ele moldou asas. Antes de seu voo, Dédalo, seu pai, o aconselhou a não voar alto para que suas asas não derretessem e a não voar baixo para que não as molhasse. O fim trágico deste conto é conhecido popularmente ao redor do mundo.
Fazendo uma analogia com a mitologia, será que os herdeiros construirão impérios com sucesso ou, como Ícaro, voarão perto demais do sol ou do mar?
Em 2018 Alice Caymmi garantiu seu lugar nas paradas com músicas como Eu Te Avisei , parceria com Pabllo Vittar, e Sozinha , faixa que colabora com Cleo. Além disso, a artista compôs o single Problema Seu , que só no Youtube tem 38 milhões de views. Sobre a nova fase, ela alega nunca ter tido tantos plays nas plataformas de streaming como agora e alerta os admiradores: “podem esperar Alice Caymmi em uma fase mais solar”.
Já Cleo, que em seu primeiro ano lançou um EP e um álbum, explica que a recepção tem sido ótima, e mais “as pessoas se identificaram com as faixas e, para mim, isso é o que mais importa, quero que a canção toque as pessoas de alguma forma”. Em questão numérica, os clipes da cantora são visualizados com timidez, mas possuem padrões altos em relação aos demais, acumulando de 4 a 6 milhões de views nas plataformas digitais.
Menos influente na carreira de cantor, por outro lado, como diferencial João Guilherme já tem uma base de fãs consolidada e que o acompanha por onde passa. Seu single mais recente, Manual , é um de seus sons mais maduros. Com quase 2 milhões de views no Youtube, o jovem já reserva para metade de outubro uma nova faixa e a chegada da turnê Manual Tour, que deve percorrer inúmeros estados brasileiros.
Por fim, com anos a fio de carreira, Vitor e Vitória, que já foram indicados ao Grammy Latino, lançaram recentemente um DVD com um repertório recheado de versões acústicas e novas músicas. Um pouco mais influentes no cenário, eles ostentam uma agenda agitada de shows, sucesso e uma força de 2 a 4 milhões de views em seus clipes no Youtube.
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De Cleo a João Guilherme, vindos de famílias renomadas, eles tinham tudo para assumir seus lugares no trono, escorar suas falhas e conquistas na fama de seus familiares, no entanto, determinados a crescer por seus méritos, eles criaram seu próprio caminho e esperam com sua música construir um legado e mostrar realmente quem são, sem renegar de onde vieram.