A rivalidade entre irmãos já gerou grandes filmes como “Guerreiro” (2010), “Gêmeos: Mórbida Semelhança” (1988), “Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto” (2007), “O Sonho de Cassandra” (2007), entre outros. “Carnívoras”, primeiro filme dos irmãos Jérémie e Yannick Renier, pode não adentrar a esta galeria, mas certamente honra a tradição.
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Os irmãos, ambos atores, já alimentavam há algum tempo o interesse de fazer um filme sobre a dicotômica relação entre irmãos, especialmente quando estes compartilham da mesma profissão. Jérémie e Yannick são atores e em “Carnívoras” também o são as personagens centrais.
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Mona (Leïla Bekhti) é a mais velha. Uma atriz que persegue sua grande chance no cinema enquanto vê a carreira de sua irmã mais nova Sam (Zita Hanrot) evoluir. O longa se esmera basicamente no ponto de vista de Mona, mas flui através da noção de vítima e carrasco. Isso porque tem consciência do papel volátil que a relação de fraternidade preconiza em torno dessas definições.
Mona surge como uma pessoa ressentida e reprimida, enquanto Sam é sexual, resiliente e convicta de si. Durante as gravações de um filme sob a tutela de um diretor agressivo e inflexível, Sam surta e desaparece. O que despontava como uma crise familiar – Sam é casada e tem um filho pequeno – aos poucos vai se transformando em um pequeno idílio para Mona.
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“Carnívoras” , no entanto, é um pequeno e sombrio conto sobre a fraternidade. Nesse sentido, estabelece um curioso diálogo com outra boa produção francesa lançada em 2018 nos cinemas brasileiros. Diferentemente de “O Amante Duplo”, porém, o longa não se interessa por ilações e reflexões mais profundas, atendo-se basicamente ao desvelo de sua ruidosa trama. De todo modo, afigura-se com um entretenimento de fina categoria.