Produtor de Justin Bieber, Henrique Andrade relembra ping pong com Prince
Henrique Andrade, produtor musical e engenheiro de som, ganhou dois Grammys Latinos pelo seu trabalho; confira a entrevista no iG Gente
Conquistar uma carreira sólida internacional na música é um desafio e um dos atrativos principais para muitos artistas. Mas, não estar sempre à frente dos holofotes não significa que a sua carreira está sendo reconhecida com louvor. Um exemplo é Henrique Andrade, produtor musical e engenheiro de som que tem representado muito bem o Brasil no exterior.
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Ganhador de dois Grammy Latino pelo álbum “Mis Planes Son Amarte”, trabalho em conjunto com o cantor colombiano Juanes, Henrique Andrade também já trabalhou ao lado de artistas reconhecidíssimos como Justin Biber, Zayn, Fifth Harmony, Rita Ora, Prince e tantos outros.
Em entrevista ao iG Gente , Henrique Andrade conta a admiração e gratidão que teve ao trabalhar ao lado de Juanes e fazer parte da sua história, tendo as indicações ao Grammy como consequência de um bom trabalho. “O Juanes é uma pessoa muito iluminada, com uma carreira e bagagem muito grande. (...) Foi uma das melhores opções para se trabalhar, se eu pudesse escolher um cenário de trabalho, seria esse”, conta.
O produtor está ao lado de Caetano Veloso, Milton Nascimento, Roberto Carlos e Laurindo Almeida, alguns brasileiros que já conquistaram a estatueta na premiação. Sem falsa modéstia, Andrade reconhece que é muito bom ser indicado a tamanha premiação, o reconhecimento que tem recebido, ainda mais por ser um profissional freelancer, é enriquecedor para a sua carreira. Mas, cada trabalho é uma experiência nova, então é preciso manter os pés no chão e compreender que a indústria musical é passível de mudanças a todo o instante.
"É empolgante todo esse reconhecimento da academia, mas eu tento não deixar isso guiar nada do que vai acontecer pela frente. Eu acho que é continuar fazendo e me dedicando do jeito que eu estava. Talvez venham outros Grammys por consequência de fazer um trabalho com paixão e profissionalismo, mas eu ainda fico muito tímido com tudo isso aí.
"Quem está mais feliz com esse Grammy são os meus pais, eles realmente estão muito mais empolgados. (...) Eu acho que cada projeto, cada artista, cada álbum é uma nova experiência e é muito individual, o Grammy não é garantia dessas coisas", completa.
Indústria musical americana x brasileira
Para o produtor, ser brasileiro nos Estados Unidos já é uma vantagem, o carisma do povo conquista os americanos, o que ajudou a ter uma boa relação com Juanes. Henrique conta que o colombiano é fã da música brasileira, o que proporcionou conversas sobre vários artistas e instrumentos.
"(...) Existe essa mística de que somos o povo mais legal da Terra e a música é incrível. A gente tem um carisma e uma credibilidade muito grande lá fora, principalmente no mundo da música. A música brasileira é referência e eles tem essa expectativa de algo romântico, poético e saudosista. É algo que eles esperam da gente, por ser algo nosso, é fácil de entregar".
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Mas, mesmo com toda a boa receptividade que a música brasileira tem no exterior, a indústria americana mantém suas ressalvas. Nos Estados Unidos, a música está inserida na vida das pessoas desde muito cedo, o que torna a possibilidade de seguir uma carreira artística e tomar gosto por essa arte cada vez maior. Para Henrique Andrade, antes de falar da indústria da música é preciso entender o retrato dos dois países, como a situação cultural, política e social que cada um está.
"A gente tem outro formato de educação e outro formato de relação com as artes. A pergunta que se faz muito para o artista no Brasil é: 'você não tem um emprego mesmo? Quando você vai arranjar um emprego?'. Isso não é tão verdade nos EUA. A possibilidade de você ter uma vida digna trabalhando com música ou com arte é muito real lá. As pessoas admiram, respeitam e às vezes até acham que você tem mais dinheiro por trabalhar numa indústria tão popular", exemplifica.
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Fazendo um comparativo com o perfil do artista nacional e americano, para o produtor, o sucesso ainda é visto com um ponto negativo: "O perfil do artista no Brasil ainda é muito tímido nessa ideia de não poder ter sucesso porque isso é negativo ou não poder ser pop porque isso é ser 'vendido'. A gente ainda é muito tímido nessa questão de se valorizar e se merecer, mas isso não acontece só na indústria da música".
Ressaltando que não é pela falta de tecnologia, mas sim por uma questão de postura, o brasileiro desdobra-se em cima de outro ponto: o acesso a toda essa arte. A desigualdade social e polaridade que impera no país é espelho da falta de consumo de arte e cultura de muitos. "Nós temos um país gigantesco, com uma produção cultural fantástica e com dinheiro, mas uma dificuldade de conectar essas coisas todas, mas eu boto fé que vai rolar".
Bastidores e desejos futuros
Passando muitas vezes mais que 20 horas dentro de um estúdio para uma gravação, Henrique também consegue colecionar boas histórias, como a partida de ping pong com o cantor Prince.
"Eu estava no estúdio como office boy ainda e o Prince estava lá e tinha acabado de gravar um de seus últimos trabalhos. O assistente disse que ele queria jogar ping pong com alguém e bom, eu aceitei, já tinha terminado o meu turno. Jogamos três sets, eu ganhei dois e ele ganhou um, mas ele me destruiu. Ele só estava me deixando ganhar para entender meus movimentos ali no ping pong. Mas, é muita loucura, são realmente várias horas de estúdio com esses artistas. Tem muito coisa: choro, diversão, brigas, loucuras e partidas de ping pong e várias coisas que um dia talvez eu conte, mas essas história do Prince é imbatível", conta.
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Com vontade de trabalhar com diversos artistas da música brasileira, principalmente com a galera nova do funk e rap, que segundo o produtor, está misturando essa brasilidade com o pop, seria injusto definir um só nome para fazer um projeto junto.
"Eu gosto de coisa antigas, cresci ouvindo Tropicália, samba e bossa nova, seria uma honra pra mim fazer parte de uma produção com algum artista desse gênero. (...) Mas, trabalhar com artistas brasileiros é algo que eu quero muito fazer, trazer a experiência que eu tive fora para aplicar aqui e conquistar o espaço que a gente merece", completa.
Henrique Andrade segue trabalhando com Zayn em um projeto para a IGTV, a plataforma de vídeos no Instagram , gravando dez músicas covers juntamente com o cantor. Ademais, o produtor brasileiro está trabalhando na produção do novo disco da cantora americana Kiiara, revelando também que fechou com um artista brasileiro para um projeto futuro que em breve será revelado.