Cinco intervenções de arte que provocaram a sociedade de maneira inusitada
De animais em galerias até mesmo a construção de hotéis; confira a lista
A história da arte sempre teve como intuito trazer provocações para a sociedade. Seja nas artes plásticas, nas esculturas, no audiovisual, as artes sempre se fizeram presentes na esfera pública como um lugar em que a polêmica é constante. Se por um lado os artistas defendem que suas obras sejam feitas para trazer reflexões, por outro é vista como peças de muito mal gosto.
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As intervenções artísticas, por outro lado, não estariam distante de serem alvos dessas polêmicas. Muitas vezes, essas provocações para o pensamento acontecem de formas inusitadas – seja no meio da cidade ou dentro das galerias. Pensando nisso, o iG Gente reuniu cinco intervenções de arte que aconteceram ao redor do mundo e causaram muito mais que apenas uma reflexão sobre o seu alvo de crítica. Confira a lista:
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“Walled Off”
Bansky é um nome recorrente quando o tema de arte provocativa vem à tona. O grafiteiro – ou o coletivo de grafiteiros, já que sua identidade é desconhecida até hoje – sempre é alvo de polêmicas no mundo da arte. Entre elas, está a construção do hotel-intervenção em Belém, Palestina. A vista dos quartos está para um lugar bastante inusitado: o muro de concreto construído por Israel para separar a Cisjordânia da nação judaica.
Os quartos ainda são decorados com obras do artista e há ainda exposições de arte de artistas locais. Se, por um lado, a ideia é trazer de volta a economia local e utilizar-se da arte como forma de protesto, do outro a intervenção foi vista por ser de muito mal gosto por transformar em espaço turístico um problema social.
"Exposición nº 1"
Em 2008 uma exposição em galeria em Honduras chamou atenção dos ativistas de proteção animal. O artista costa-riquenho Guillermo "Habacuc" Vargas foi alvo de diversas críticas por colocar um cão de rua morrer de fome à vista do público. O projeto foi exposto em Nicarágua e foi inspirada na morte de um imigrante nicaraguense, Natividade Canda Mayrena, de 24 anos, devorado por dois cães rottweilers em uma oficina da Costa Rica. Na época, os policias optaram por não intervir atirando contra os cães alegando que a vítima seria atingida.
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A exposição em si tinha outras composições além do cão que ganhou o nome do imigrante, como a gravação do hino sandinista tocado ao contrário, um incensário com pedras de crack e algumas gramas de maconha. A morte do cão, dada como certa por muitos, não foi confirmada ou negada pelo artista, que apenas afirmou que “Natividad morreu, os meios foram cúmplices”. Entretanto, segundo nota da curadora, o cão teria fugido.
“Às Margens do rio Pinheiros”
Outra intervenção que deu o que falar foi a instalação do paulistano Eduardo Srur às margens do Rio Pinheiros, como bem indica o seu título. O artista colocou trampolins e manequins gigantes ao longo do curso do rio de São Paulo com o intuito de chamar atenção para a poluição das águas.
A ideia, entretanto, gerou bastante polêmica porque na época muitos motoristas presos no trânsito das marginais pensavam que os manequins ali presentes se tratavam, na verdade, de pessoas prestes a se suicidarem. Assim, tanto a polícia quanto o Corpo de Bombeiros foram acionados ao local diversas vezes após a instalação da intervenção artística.
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“Bandeira Branca”
Em 2010, uma obra na Bienal de Arte de São Paulo também foi alvo de polêmicas. Idealizada pelo artista Nuno Ramos, a instalação “Bandeira branca” trazia três urubus mantidos em cativeiro com grandes esculturas em formas geométricas que lembram grandes túmulos. A ideia era manter os animais até o fim da exposição.
A instalação chegou a provocar um abaixo assinado na internet contra a obra afirmando que era um caso de maus-tratos com as aves vivas, mas o paulista negou. Apesar do burburinho, esta não foi a primeira vez que Ramos utilizou animais em suas obras: em 2006, ele foi autor de uma intervenção que exibia três burros carregando caixas de som em uma sala do Instituto Tomie Ohtake.
“Projeto 84”
As polêmicas envolvendo intervenções artísticas, entretanto, não pararam e este ano a informação de que a principal causa de morte entre homens com menos de 40 anos no Reino Unido é o suicido levou um grupo, o CALM (Campanha contra viver miseravelmente, em inglês), a realizar uma intervenção urbana na cidade de Londres.
A campanha levou o nome de “Projeto 84”, em referência ao dado de que em média 84 homens cometem suicídio toda semana no país. Assim, o artista Mark Jenkins colocou no topo de um alto prédio da capital londrina 84 esculturas de homens prestes a pular do terraço com o intuito de trazer a alarmante informação em forma de arte e também pressionar o governo para trazer à tona medidas que previnam o suicídio.