Christopher Nolan tem uma cinematografia invejável. Não só conseguiu conquistar seu lugar no hall dos grandes diretores, como soube diversificar a carreira. De thrillers como “ Amnésia ” a blockbusters como a trilogia “Batman”, Nolan se tornou um prestigiado diretor. Seus títulos incluem grandes filmes, como “ A Origem ”, “O Grande Truque” e “Interestelar”, mas surpreendentemente, foi somente com Dunkirk (2017) que ele recebeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor.
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Com uma carreira tão extensa, o reconhecimento veio mais do que na hora, apesar de já ter tido outros títulos prestigiados no evento. O principal deles foi “ Batman – o Cavaleiro das Trevas ”, um dos maiores longas de sua carreira, indicado a oito Oscars, porém em categorias técnicas e de atuação, sem a inclusão de Christopher Nolan .
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Começo estrelado
Nolan estreou nos longas com o experimental “Following” em 1998. Filmado em preto e branco o filme acompanhava um homem enquanto ele percorria as ruas em busca de personagens para seus textos. Porém, foi só no segundo filme que o diretor viu seus status mudar. “Amnésia”, de 2001, que ele também assina o roteiro, o colocou de vez na cena, garantindo uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro.
Num estilo que acompanharia Nolan em outros momentos de sua carreira, o filme mistura passado e presente numa trama ágil onde não se sabe exatamente o rumo das coisas até a última cena. Com o sucesso desse filme e da refilmagem de "Insônia" (com Al Pacino e Robin Williams), Nolan foi convidado para embarcar no universo dos quadrinhos, sendo responsável pela série de filmes do Batman mais aclamada no cinema. O primeiro filme foi “ Batman Begin s”, de 2005, que redesenhou a história do herói. Mais sombrio e profundo, o filme se desfez das más impressões deixadas no passado, principalmente pelos fracassos do longa protagonizado por George Clooney anos antes.
Seu trabalho seguinte o reuniu novamente com Christian Bale, intérprete do Batman. Em “ O Grande Truque ” Bale e Hugh Jackman são dois mágicos que tem a carreira marcada por um trágico acidente.
Quebra-cabeça
A confusão, a surpresa e as peças oferecidas ao longo da história para serem montadas como um quebra-cabeça no final são características comuns aos filmes de Nolan, que ele usa em doses maiores ou menores, mas mesmo assim segue presente. Em alguns casos funciona melhor, como em “A Origem”, longa com grande elenco e protagonizado por Leonardo DiCaprio. O filme de 2010 desenvolve um conceito de um sonho dentro de outro sonho, na tentativa de plantar uma ideia no subconsciente da pessoa. Em “ Interestelar ” essa ideia de tempo e espaço não funciona tão bem e o longa (lançado um ano depois de “Gravidade”), não teve o resultado esperado e é, de longe, seu filme mais fraco.
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Cavaleiro das Trevas
A obra-prima de Nolan, no entanto, continua sendo “Batman: o Cavaleiro das Trevas”. O filme é quase uma unanimidade, e segue alto na lista dos longas de super-herói. Desde as frases que já viraram clichê (“ele é o herói que Gotham merece, mas não o que precisa no momento”), até a brilhante e sempre lembrada atuação de Heath Ledger como o vilão Coringa, até as técnicas de filmagem avançadas, o filme é um dos mais queridos e lembrados da cultura pop.
Vida pós-Batman e a vaga entre os indicados
Antes de 2018, Nolan já tinha somado três indicações ao Oscar: duas de roteiro (por “Amnésia” e “A Origem”) e uma de Melhor Filme por “A Origem”. Mas, até então ele nunca havia sido reconhecido como diretor.
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Com o fim da trilogia Batman em 2012 e o fracasso de “Interestelar”, a carreira de Nolan chegou a entrar em questão. Será que ele conseguiria prosperar como nos filmes do passado, sem a força de Batman? A resposta veio em 2017 com “ Dunkirk ”, que retrata uma batalha ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo não sendo um consenso (o filme estreou em julho, longe do período de premiações), devolveu o status de Christopher Nolan como um dos maiores de seu tempo. Não que isso já não tivesse sido notado. O DGA, sindicato dos diretores americanos, já o havia indicado a Melhor Diretor quatro vezes (“Amnésia”, “Cavaleiro das Trevas”, “A Origem” e “Dunkirk”), em 2018, ele é um dos cinco nomes que briga pela estatueta dourada do Oscar. Demorou, mas chegou a vez de Nolan entrar nessa lista dos diretores indicados ao Oscar.