A expectativa era quase tão grande quanto o desejo de o filme dar certo. Havia muita boa vontade com “Mulher-Maravilha”, mas havia ainda mais apreensão depois dos resultados ofertados por “ Esquadrão Suicida ”, o prometido primeiro grande filme da Warner/DC. A produção assinada por Patty Jenkins não é o grande filme que o estúdio persegue após o desfecho da trilogia do cavaleiro das trevas de Chris Nolan, mas é um apontamento no caminho certo. 

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"Mulher Maravilha" surpreende pela agenda feminista

Se muito se julgou a Warner por tentar emular a fórmula Marvel no filme que reunia Will Smith, Jared Leto e Margot Robbie, é preciso de antemão elogiar o comedimento apresentado aqui. “ Mulher - Maravilha ” tem humor, mas de uma maneira muito própria e apropriada. O roteiro é de Allan Heinberg (de trabalhos na TV como “Scandal” e “Grey´s Anatomy”) a partir do argumento desenvolvido por Zack Snyder, um dos principais arquitetos do universo DC no cinema, e revolve maravilhosamente bem em cima dos clichês de um filme de origem.

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"Mulher Maravilha"

Patty Jenkins (“Monster: Desejo Assassino”) comanda tudo com extrema perspicácia. Há a preocupação de justificar até mesmo o excelente inglês que falam essas amazonas que vivem em uma espécie de fenda temporal. Além do controle rigoroso da mise-en-scène, Jenkins ganha pontos por contornar vícios narrativos de Snyder transformando-os em trunfos do seu filme. Um exemplo claro é o clímax da fita, grandiloquente e aborrecido como o de “ Batman VS Superman ”, que tem essas características amenizadas pela alavancagem emocional que Jenkins insere naquele momento em particular. Há outras ótimas sacadas como um falso clímax, a agenda feminista muito bem dimensionada e a sofisticação de um discurso sobre heroísmo. Jenkins trabalha muito bem arquétipos e símbolos em seu filme e, a despeito da fisicalização do Deus da Guerra em dado momento, trafega com classe e propriedade pelo terreno das metáforas e analogias.

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O filme começa com Diana (Gal Gadot) recebendo aquela foto que Bruce Wayne (Ben Affleck) lhe envia com o convite para que em algum momento ela lhe conte de seu passado. É a deixa perfeita para que ela se recorde das circunstâncias daquele registro, mas o filme vai além e revisita a infância de Diana e os temores de sua mãe (Connie Nielsen), com a ameaça latente de Ares, o Deus da Guerra.  O tempo passa e a amazona resolve atuar contra os alemães na 1ª guerra mundial depois que o espião britânico Steve Trevor (Chris Pine) cai na ilha das amazonas.

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A dinâmica de Gadot e Pine é realmente fantástica. A química transborda e, a despeito de uma desnecessária, mas bem urdida trama romântica, cativa e diverte. No campo das atuações, no entanto, o show é todo de Gadot mesmo. A israelense, ciente de que tem em mãos o papel de uma vida, dá a sua Mulher-Maravilha toda a força, feminilidade, inteligência e graciosidade que se poderia esperar. Ela é realmente e irrepreensivelmente mesmerizante.

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A se contestar, além do clímax espalhafatoso, os vilões. Ruins, apáticos e pouco inspirados. Um grande vilão costuma resultar em um filme melhor. Mas este é um pormenor. “Mulher-Maravilha” é um filme que extrapola a boa vontade que lhe é outorgada, se garante como um entretenimento de primeira e, principalmente no contexto do universo DC no cinema, deixa claro que só faltava mesmo uma mulher mostrar como se faz filme de super-herói.

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