É Proibido Proibir: os dogmas e os princípios da Tropicália

Um movimento transgressor mudou a história da música nacional

Em 1964, a ditadura militar mudou os rumos do País e da sociedade brasileira. A repressão marcou tempos sombrios da história do Brasil, mas um dos movimentos mais transgressores da cultura brasileira surgiria três anos depois do golpe: a Tropicália .

Leia também: 'Funk e sertanejo universitário são a nova Tropicália', diz Caetano Veloso

A Tropicália foi um dos movimentos mais importantes da música brasileira
Foto: Divulgação
A Tropicália foi um dos movimentos mais importantes da música brasileira

Com o "É Proibido Proibir" como principal dogma, a Tropicália era uma mistura de tudo. Os ritmos brasileiros eram reforçados pela guitarra elétrica, polêmica naquela época, e por letras de forte cunho político.

Era isso o que norteava o movimento: a mistura e a transgressão. Foi isso que chamou a atenção do público e da crítica no III Festival de Música Popular, em 1967, quando o tropicalismo surgiu. Foi isso que alçou Os Mutantes, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros nomes, ao estrelato.

Guitarra elétrica

Na época em que o movimento surgiu, a grande polêmica era em torno da guitarra elétrica. Alguns artistas brasileiros defendiam que o instrumento, mais identificado com a música estrangeira, não tinha espaço na música nacional.

Leia também: Caetano Veloso e Paula Lavigne engajam artistas contra Michel Temer

Você viu?

Foto: Reprodução
Passeata contra a guitarra elétrica

O ápice disso foi em 1967, na Passeata Contra A Guitarra Elétrica, liderada por Elis Regina e com as participações de Jair Rodrigues, Zé Keti, Geraldo Vandré, Edu Lobo e MPB-4. Entretanto, os tropicalistas tinham outra ideia.

Foi nas cordas do instrumento que Os Mutantes fizeram seus melhores discos, os mais transgressores, na mesma onda dos melhores momentos de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Para os tropicalistas, nada era proibido. O confronto com a censura era constante, as roupas espalhafatosas não eram motivo de vergonha, nem os ritmos populares com os sofisticados arranjos de Rogério Duprat.

Demorou até que os dogmas e princípios do movimento fossem aceitos. Em sua maioria, os artistas não tiveram suas ideias abraçadas logo de cara: eles ouviram muitas vaias e críticas antes de serem celebrados por sua obra e por sua luta política.

Leia também: Rita Lee fala sobre estupro, drogas e sua carreira em autobiografia

Hoje, a Tropicália tem a importância que merece. A transgressão e o "É Proibido Proibir", imortalizado na voz de Caetano Veloso, foram fundamentais para que a música brasileira se tornasse o que é hoje: uma salada de influências, ritmos e elementos.