Miley Cyrus se despe das certezas do passado em disco autêntico e com boa música
"Younger Now", sexto álbum de estúdio da cantora, apresenta pop maduro e flerte com o country e eleva a americana a outro patamar na carreira
Por Reinaldo Glioche |
Em uma era em que as estrelas pop estão se reinventando a cada dois discos Miley Cyrus parece estar à frente da curva ao apresentar uma terceira mudança de rota aos 24 anos de idade. Os singles de “Younger Now” , que foi lançado oficialmente na última sexta-feira (29), já sinalizavam esse caminho para uma das estrelas mais em carne-viva da música americana atual. Malibu , Inspired e Younger Now demonstravam que a cantora se aproximaria do country, gênero que fez a fama de seu pai, Billy Ray Cyrus. Engana-se, porém, quem imaginava que seu sexto álbum de estúdio seria um trabalho inteiramente country.
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A sonoridade do sul dos Estados Unidos está presente, principalmente em faixas como Rainbowland em que Miley Cyrus divide os vocais com a madrinha Dolly Parton. Mas o disco é muito mais viajado do que isso e conforme vamos avançando por ele vamos sendo invadidos pela sensação de estarmos diante do melhor trabalho da carreira da americana até a data.
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“Younger Now” é radicalmente diferente do experimentalismo estético de “Miley Cyrus & Her Dead Petz” (2015) e chama ainda mais a atenção porque foi um disco criado na unha por Cyrus que escreveu cada uma das letras, co-escreveu as músicas e co-produziu o disco.
Abrindo o coração
A proximidade com suas raízes, verificada principalmente na primeira parte do disco, não é a única característica do álbum. Miley adota um tom surpreendentemente confessional. É um trabalho que congrega amadurecimento e rejuvenescimento justificando poeticamente o nome do álbum. É como se a estrela estivesse lavando a alma em frente a seus fãs.
Os instrumentos ganham chance de brilhar, mas há belíssimos momentos acústicos e arranjos com cordas. Nesse sentido, I Would Die for You , sexta canção do disco, surge reveladora. “I´ve heard I got words like knife/That I don´t know always choose just so wisely/But I see trees and their colored leaves/when I think all that we could be”. É uma Miley Cyrus sem medo de abrir o coração e disposta a muitas digressões com sua música. Há quem diga que esse é o estado de graça do artista. Para esses, ela canta em Bad Mood que “está cansada de correr direto para pia após acordar sempre mau humor” e que “os tetos de vidro tem que quebrar”.
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Miley Cyrus sempre foi conhecida por ser extremamente autêntica e “Younger Now” desponta como um de seus momentos mais autênticos e autocentrados. As baladas que fecham o álbum, Love Someone e She´s Not Him são agudas, profundas e provas de que a reengenharia musical, em Miley Cyrus, não é mera reação química de seu estado de espírito ou ação de marketing. Essa verdade crua, tão bem musicada, cativa em um disco acima da média.