Por quê o novo filme de Jennifer Lawrence, “mãe!”, incomoda tanto?
“mãe!”, dirigido por Darren Aronofsky, segue tradição do diretor de fazer filmes que provocam e perturbam o público
Darren Aronofsky nunca se incomodou em correr riscos. Desde seu começo com “Pi”, o diretor se propôs a fazer filmes intensos, sobre assuntos espinhosos, e sem a pretensão de ser educativo ou passar alguma mensagem, mas sim de provocar . E “ mãe! ” não é diferente.Desde que foi exibido no Festival de Veneza, o filme tem dividido a opinião da crítica. Vaiado na sessão, houve quem amasse e quem odiasse o longa estrelado por Jennifer Lawrence.
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O mais recente filme do diretor é aberto a muitas interpretações. Envolto em um clima de paranoia, é carregado de metáforas. Mas não é seu primeiro filme que tem essa característica. Sobre o que, exatamente é “mãe!”? Essa é a parte aberta a interpretações. Em tese, o filme é sobre um casal – um escritor ( Javier Bardem ) e sua esposa ( Jennifer Lawrence ) – vivendo em uma casa detalhadamente planejada como um cenário de um romance. Espaçosa, clara, cheia de janelas, afastada de tudo e de todos, onde ela pode cuidar da casa e da família, e ele pode criar. Na prática, é um filme sobre religião, fama, o papel da mulher na casa e na sociedade, ou o que mais você preferir, já que o filme é um convite às interpretações.
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O que parece ser uma unanimidade, porém, é a confiança de Aronofsky em si mesmo e em seu trabalho, o que permite criar grandes obras primas, mas ao mesmo tempo trabalhos supervalorizados. Seu primeiro longa, “Pi”, de 1998, já possuía muitas dessas características hoje consideradas “clássicas” do diretor, e seu filme seguinte, “ Requiém Para um Sonho ”, também não fugiu da polêmica desde sua estreia. “O Lutador” o consolidou como um grande diretor e “ Cisne Negro ” o colocou de vez entre os maiores do cinema americano contemporâneo. O diretor, no entanto, parece ter se envolvido demais em sua artisticidade e seu trabalho seguinte, “Noé”, deixou a desejar. Ainda assim, sua direção singular sempre foi seu maior traço e com “Mãe!” não é diferente.
O que muda é que além do “status”, ele conta com Jennifer Lawrence como protagonista. Apesar de já ter provado, mais de uma vez, sua capacidade como atriz, Lawrence segue intimamente atrelada a altas bilheterias, por conta da saga “ Jogos Vorazes ” e “X-Men”. E “mãe!” não é um filme comercial, pelo contrário. Fosse outra atriz protagonista, o filme seria visto, vendido e divulgado como um “filme de arte”, o que não ocorreu. A decepção nas bilheterias tão comentada depois da estreia do filme nos EUA na última sexta-feira (15), é na verdade de se esperar. Quanto ao filme em si, a reação também era esperada. Desde sua estreia em Veneza, o filme foi referido como “ambicioso e sobre tudo e nada”, como escreveu o crítico da Variety, e “espetacular” pela Vanity Fair.
Arte vs bilheteria
Embora as grandes bilheterias de hoje em dia pertençam a super-heróis, bruxos, e Jedis de galáxias gigantes, ainda existe, sim, espaço para filmes mais artísticos e intimistas focados na construção única do diretor. O Oscar prova isso anualmente em sua entrega de estatuetas. E “mãe!” tem seu mérito de, mesmo sem altos números de bilheteria, levar debates sobre o filme, suas metáforas e seu final. Sendo assim, a Paramount, estúdio que produziu o longa, saiu em defesa de sua criação: “esse filme é muito audacioso e corajoso”, disse uma das executivas do estúdio, Megan Colligan. “Estamos falando de um diretor no topo de sua habilidade e uma atriz no topo de sua habilidade. Eles fizeram um filme que deveria ser ousado. Todos querem filmes originais, e todos celebram a Netflix quando eles contam uma história que ninguém mais quer contar. Essa é a nossa versão”, continuou.
A Netflix, de fato, investe e tem investido em longas mais artísticos, mas a polarização em relação a “mãe!” tem mais a ver com o perfil de Aronofsky e Jennifer Lawrence do que com a habilidade do filme de ser “uma história original”. “mãe” estreia no Brasil nesta quinta-feira (21), depois da passagem do diretor pelo Brasil, admitindo que o filme vai “ferrar a sua mente”. Campeão ou perdedor de bilheteria, é o tipo de filme que precisa “ver para crer” – e tentar entender.
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