Entre as drogas e o sucesso: a história do Red Hot Chili Peppers
Com um início improvável, trajetória do Red Hot Chili Peppers foi regada à heroína e tensões entre membros da banda; mesmo assim, o grupo continua a ser um dos nomes mais relevantes do momento atual do rock internacional
Em um momento em que o cenário punk estava com força total e centenas de jovens se inspiravam no seu estilo para criar e idealizar seu próprio universo artístico, Anthony Kiedis, Flea , Hillel Slovak e Jack Irons reuniam-se para tocar em um projeto que surgiu espontaneamente e que em pouco tempo se transformaria no Red Hot Chili Peppers. Com altos e baixos ao longo de 34 anos de carreira, a banda subiu o degraus da fama e continua a ser um dos nomes mais relevantes do rock atual.
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Início turbulento
Quando começaram nos idos de 1983 com 20 e poucos anos, o sucesso do Red Hot Chili Peppers era quase improvável. Inexperiente, o grupo se apresentou pela primeira vez com apenas uma música que surgira de improvisos de Hillel Slovak e Anthony Kiedis . A aposta rendeu e a banda foi batizada com o nome que a tornou famosa, repetindo a dose em pequenas apresentações. Em pouco tempo conseguiram gravar seu álbum homônimo de estreia produzido por Andy Gill – Kiedis revelaria posteriormente em sua biografia que Gill não aprovava os trabalhos da banda.
Entre divergências artísticas e relações turbulentes, Slovak e Irons deixaram a banda, sendo substituídos por Cliff Martinez e Jack Sherman, que não duraram muito até a volta dos integrantes originais. Da formação original nasceram os álbuns “Freaky Styley” e “The Uplift Mofo Party Plan”, ambos com forte inspiração do funk e da psicodelia. Irons havia deixado a banda e logo após a turnê de seu terceiro CD, Slovak morreu em decorrência de uma overdose de heroína.
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Nova formação
Nesse momento Chad Smith, baterista, e John Frusciante, guitarrista, passam a ser membros oficiais do RHCP . Com a adição de Frusciante a sonoridade da banda transformou-se completamente e incorporou ritmo mais melódico e elaborado, que acabou dando uma identidade própria às músicas. Com essa formação foram gravados dois álbuns: “Mother’s Milk” e “Blood Sugar Sex Magik”. Se comparados a seus antecessores, ambos obtiveram mais sucesso e foram fundamentais para levar o rock do grupo para o circuito mainstream.
Frusciante deixou a banda alegando estar incomodado com o bom desempenho e o reconhecimento do RHCP e foi substituído por Dave Navarro, guitarrista do Jane’s Addiction. Ele foi membro da banda por um curto período e participou apenas do álbum “One Hot Minute”, que, como um todo, tem um clima mais pesado e letras que falavam sobre vício em drogas e a morte precoce de Slovak.
Navarro foi demitido por Kiedis e, após um período em que quase morreu pelo abuso das drogas , John Frusciante retorna e com ele o Red Hot Chili Peppers atinge seu ápice criativo. “Californication” e “By The Way”, feitos em sequência, são os trabalhos mais notáveis de mais de três décadas de carreira da banda. Ambos aparecem no ranking da Rolling Stone como alguns dos melhores discos da história. Ainda na mesma onda foi lançado “Stadium Arcadium”, CD duplo que, mais uma vez, chegou ao topo das paradas.
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Ao final da turnê de “Stadium Arcadium” o grupo anunciou a saída de John Frusciante e Josh Klinghoffer, seu então guitarrista de apoio, tomou seu lugar em 2009. Discípulo de Frusciante, Josh participou de dois álbuns, “I’m With You” e “The Getaway”. O último já estreou em primeiro lugar das listas e consagrou o RHCP como a banda que mais vezes ficou entre as dez mais tocadas de rock com o single Dark Necessities .
Afundados no vício
Por baixo do sucesso musical que conquistaram, havia o inimigo constante que quase lhes tomou a fama: as drogas. Anthony Kiedis, principalmente, tinha forte vício em cocaína – em sua biografia o músico revela que seu primeiro contato com substância foi aos 11 através de seu pai, que era traficante. Seu vício quase destruiu o Red Hot Chili Peppers e era sempre seu maior empecilho para criar livremente. Em seu livro o músico afirma que, apesar de passar por reabilitação nesse período, nunca esteve totalmente limpo. Foi apenas no final de 2000 que, segundo ele, conseguiu por um fim na obsessão pelas drogas.