Como a Flip se tornou polo de atração de autores internacionais?

Mesmo sendo totalmente nacional, a Flip foi criada por uma inglesa e desde seu surgimento conta com autores internacionais em sua programação

Hoje a Flip é referência quando o assunto é literatura no âmbito nacional – no calendário cultural a mais de dez anos, a feira conquistou intelectuais, artistas e autores brasileiros que sozinhos já seriam o bastante para torná-la um dos eventos mais fortes do País, mas foi seu diálogo com nomes estrangeiros que a transformou na mais importante festa literária do Brasil – e, ainda, com direito a lugar de destaque no circuito mundial literário.

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Foto: Reprodução
Desde seu nascimento a Flip convida autores internacionais e recebe importantes nomes de várias nacionalidades


Raízes de fora

Desde sua criação em 2004, a Flip já tinha tudo para ser sucesso dentro e fora do Brasil: sua idealizadora foi a editora inglesa Liz Calder , nome importante no mercado editorial europeu. Ela foi fundadora da Bloomsbury Publishing e sob sua tutela autores de renome internacional foram editados e publicados na Inglaterra, como Margaret Atwood e Nadime Gordimer – e não é mera coincidência que ambas tenham participado do evento brasileiro no decorrer desse tempo. Outros nomes, como Salman Rushdie e Julian Barnes também já eram conhecidos de longa data da editora. Mesmo depois de se afastar da liderança da feira em 2007, Liz continua a ser uma voz influente na programação – e, também, influente na hora de trazer convidados.

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Circuito literário mundial

Integrante do circuito internacional de literatura , a Flip tem uma das programações mais heterogêneas desse meio. Além de trazer brasileiros ilustres para sua programação – Chico Buarque, Antonio Candido, Ariano Suassuna, Ferreira Gullar, por exemplo – expoentes internacionais também já passaram pelo Brasil a convite da feira. A lista completa seria longa, afinal, desde sua primeira edição, cerca de um terço de toda a programação é composta por autores de fora, mas históricamente destacaram-se nomes como a ucraniana Svetalana Alekisiévitch e o sulafricano J. M. Coetzee, ambos vencedores do prêmio Nobel. 

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Foto: Verônica Maluf/iG São Paulo
Relação percentual entre autores brasileiros e estrangeiros nas três primeiras e três últimas edições da Flip


A pluralidade de nacionalidades também chama a atenção. Saindo do eixo dos Estados Unidos, a Flip ao longo dos anos já teve convidados de todo o mundo. Somente na edição de 2017, por exemplo, há representantes de 12 países – que vão da Argentina, passando pela Islândia e indo até a África do Sul. Joselia Aguiar, curadora da feira, comentou que há, de fato, um esforço para ampliar o leque de convidados a cada ano. “Muita gente já veio até mais de uma vez [...] então trouxemos nomes fortes que não são muito conhecidos por aqui, mas que merecem”, explica.

Todos ganham

Se, por um lado, a presença de autores internacionais na Flip consolida o evento como um dos mais importantes do mundo no cenário cultural, o público também sai ganhando. Muitos nomes ganham mais notoriedade no país após participar da feira e passam a entrar no radar dos visitantes – e, consequentemente, de todo o mercado editorial do País. “A Flip abre muitas possibilidades para autores contemporâneos”, finaliza Joselia.