Criatividade do brasileiro eleva o País ao posto de potência global de Memes

O iG Gente tentou descobrir porque o brasileiro gosta tanto de memes e como o Brasil se lançou como a grande potência deles no Twitter

Em meio a uma das mais graves crises políticas do País, a internet se vê mergulhada em uma onda de memes sobre os mais diversos assuntos - e, em especial, sobre a política. Há diversos trocadilhos e piadinhas sobre o atual presidente da República, Michel Temer , por exemplo.

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Foto: Reprodução
Os comentários de Glória Pires durante a transmissão do Oscar 2016 fizeram sucesso nas redes sociais e virou meme

Mas não só isso. Qualquer assunto pode virar um meme. Um vídeo no YouTube , uma declaração torta em um programa de TV (quem se esqueceu de Glória Pires na cobertura do Oscar em 2016?) ou até um comentário nas redes sociais pode se tornar um prato cheio para quem gosta de fazer memes . E, na grande maioria dos casos, eles viralizam com facilidade.

E, por sinal, o brasileiro é bastante apegado aos seus memes. Tanto que os internautas por aqui ficaram extremamente enciumandos e enlouquecidos quando descobriram que uma conta do Twitter de Portugal estava usando um meme criado em solo cibernético tupiniquim adaptado ao português daquele país.

Primeira Guerra Memeal

Com isso, teve início a Primeira Guerra Memeal.  O perfil In Portugal We Don’t  (@inportugalwe) foi inspirado em um meme brasileiro de 2015, o In Brazilian Portuguese You Don’t Say (“Em português do Brasil nós não dizemos”), criado por um usuário da rede social - que, na verdade, nem teve origem brasileira, mas sim, veio de uma conta da França.

Foto: Reprodução
Memes da Carreta Furacão foram bastante usados durante a Primeira Guerra Memeal no Twitter

Quando os brasileiros tomaram conhecimento desse fato, começaram uma verdadeira guerra virtual para ver quem ficaria com o meme. Na época, diversos perfis entraram na briga e a hashtag “BR x PT” subiu aos treding topics da rede social, repercutindo também no Facebook. Havia memes da Nicole Bahls, da Carreta Furacão e da Gretchen.

Depois de algumas mensagens em tom de piada, os portugueses mudaram o tom das publicações, partindo para as ofensas, e tentou tirar sarro do Brasil por conta dos negros, das mulheres, do Carnaval e das favelas. Com isso, os portugueses receberam uma onda de reclamações e o perfil acabou sendo deletado, não sem antes um aviso de que estavam desistindo da guerra e mandando que os brasileiros ficassem com os memes.

Segunda Guerra Memeal

Apenas três dias depois do fim da Primeira Guerra Memeal, outro conflito se iniciou no Twitter, novamente envolvendo os brasileiros. Desta vez, o país rival foi a Argentina. Os “hermanos”, inimigos naturais dos brasileiros, queriam se vingar do Brasil por causa da guerra com Portugal.

Os nossos vizinhos não roubaram nenhum meme, mas quiseram entrar na “guerra” apenas para zoar um pouco com os rivais. E os memes no Twitter, é claro, pegaram fogo mais uma vez - dessa vez, sem as ofensas e com muito bom humor.

Terceira Guerra Memeal

E quando ninguém mais esperava que o Brasil fosse se meter em mais uma confusão cibernética, lá estavam os internautas participando da Terceira Guerra Memeal contra a Espanha. Isso porque os espanhóis resolveram se intrometer nas duas guerras anteriores e se divertir um pouco com a situação. Mais uma vez, não houve ofensas trocadas de nenhum dos lados.

Memes exportados

Após os episódios das três Guerras Memeais, os memes brasileiros ficaram conhecidos no mundo inteiro. Com isso, alguns como a Gretchen, a Nazaré Tedesco (da novela “Senhora do Destino”) e Inês Brasil ganharam fama e percorreram toda a internet.

Foto: Reprodução/Pinterest
Gretchen se tornou a Rainha da Internet no Brasil por conta de seus milhares de memes

Gretchen, por exemplo, é um dos grandes cases de sucesso do mundo dos memes no Twitter. A dona do hit “Conga Conga Conga” também é protagonista de uma gama variada de memes e gifs que fazem sucesso no exterior. Tanto que a rainha do rebolado conseguiu conquistar Katy Perry e tornou-se a estrela do lyric video do hit Swish Swish. Mais recentemente, o meme intitulado Cuca Maluca, em referência à personagem do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, também ganhou notoriedade com os gringos - mas ainda não há uma Quarta Guerra Memeal à vista.

Situação econômica e política

Foto: Reprodução/Twitter
Meme de Michel Temer usando Tomara Que Caia é outro que ficou bastante popular na internet

Até, mas não só por causa disso, o país hoje é visto como uma grande potência dos memes na internet. Mesmo com a economia e a situação política do País se afundando cada vez mais, a fábrica de produção de piadas parece não parar nunca. Pelo contrário, cada nova fase da Operação Lava Jato rende novas tirações de sarro nas redes sociais - e demonstrando uma grande capacidade de rir de si mesmo.

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Não que o brasileiro tenha deixado de se importar com os recentes fatos econômicos, sociais e políticos. Ao contrário, ainda há uma intensa preocupação com o futuro do País. O brasileiro só não consegue mais se impressionar com as peripécias dos governantes para justificar golpes e desvios de verbas. E, a cada novo desdobramento, as reações (e os memes) vão surgindo em tempo real.

Relação afetiva

Como é possível perceber através da ocorrência de três guerras por causa da posse de memes, o brasileiro é realmente apegado às suas piadas. E, para Hiago Ribeiro, a mente por trás do perfil @iahgos , que já conta com quase meio milhão de seguidores, essa relação é afetiva e complexa. Isso porque, para o jovem, os memes são mais do que piadas - eles descrevem sentimentos únicos, momentos da vida de quem os faz e de quem os compartilha.

Através dessa identificação com o meme, surge uma empatia, que se reveste de afeto com o passar do tempo. “Sempre tem algum meme pra resumir a situação de vida de uma pessoa, por exemplo, e aí você se apega por identificar com ele”, explicou Hiago. “Eu acho que o pessoal começa a fazer memes pra preencher um vazio que só isso completa mesmo”, divertiu-se. “Não é porque a gente é brasileiro, não, mas os memes brasileiros são os melhores do mundo!”, gabou-se. “A gente tem ciúmes sim! E dos gifs também.”

Foto: Reprodução/Twitter
Hiago Ribeiro conquistou quase 500 mil seguidores fazendo memes no Twitter

Ele também contou que começou a fazer memes em 2014, quando voltou para o Twitter após um período afastado. Foi então que percebeu que a rede social era “uma fábrica de memes”. Todas as piadas costumam surgir primeiro nesta rede, para depois se espalhar para outras, como Facebook e Whatsapp. Alguns, porém, ganham tanta notoriedade que viram bordão e vão parar até na televisão.

Mesmo momentos tensos na política nacional, como os discursos de Michel Temer, ou fiascos em eventos de grande porte, como o 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014, costumam render “um prato cheio” para quem gosta de fazer memes. Mas isso, para Hiago, não denota um sentimento de desprezo pelo momento. “As pessoas querem se divertir, querem humor. Então, aproveitam esses momentos que são uma fonte de memes e piadas para compartilhar esse sentimento”, explicou.

O Twitter e os memes

Não é a toa que o Twitter seja considerada uma verdadeira fábrica de memes. Por ser uma plataforma de compartilhamento de informações em tempo real, os fatos chegam ao usuário duas vezes mais rápido do que em outras plataformas online. “As coisas acontecem primeiro no Twitter. Então é natural que os primeiros comentários, as primeiras reações, as primeiras repercussões e, claro, os primeiros memes surjam no Twitter”, explicou  Leandro Mota, coordenador do Moments Brasil. O país, aliás, foi o segundo no mundo todo a receber uma equipe dedicada ao monitoramento humano para essa ferramenta.

Dessa forma, os Moments também se mostraram uma ferramenta interessante para organizar informações interesses, como os melhores memes sobre um determinado acontecimento, por exemplo. “O que o Moments faz é ajudar a descoberta de conteúdo no Twitter e levar esse conteúdo aos usuários que ainda não o viram, aumentando o seu alcance. Isso vale para todos os assuntos: políticos, esportivos, de entretenimento e, claro, os memes”, explicou.

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Foto: Reprodução/Twitter
As Guerras Memeais, por exemplo, estão organizadas em Moments do Twitter, que selecionaram as melhores piadas sobre a disputa virtual

Ele ainda explicou que o que garante o sucesso da ferramenta e seu poder de agregar conteúdo revelantes é o engajamento do brasileiro na rede social, além de sua paixão por memes. Além disso, ele considera que os memes são uma consequência natural de qualquer assunto que desperte o interesse das pessoas. Para exemplificar isso, Mota citou os episódios das Guerras Memeais.

“Um exemplo desta movimentação coletiva é a 'Guerra Memeal' do ano passado, quando brasileiros, portugueses e argentinos competiram no Twitter para ver quem produzia os melhores memes. Houve uma mobilização gigantesca dos usuários daqui, pessoas que jamais haviam conversado anteriormente uniram forças para defender Inês Brasil, Nazaré confusa, Gretchen e tantos outros memes nacionais. O resultado disso foi uma produção em escala industrial de Tweets geniais que, claro, resultou na vitória brasileira!”, finalizou.