Com dois filmes em cartaz no Brasil, Charlie Hunnam mira status de astro
Com uma série cult no currículo e trabalhos com cineastas respeitados, como James Gray e Guillermo del Toro, Charlie Hunnam é um ator promissor. A aposta de Hollywood nele como astro, porém, pode atrapalhar tudo
Ele foi par romântico de Katie Holmes em sua estreia no cinema e hoje é sério candidato ao posto de galã da Hollywood atual. O britânico Charlie Hunnam, 37, que já está em cartaz no Brasil com “Rei Arthur”, também é protagonista de “Z: A Cidade Perdida”, que estreia nesta quina-feira (1) no país.
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Dos cults à Hollywood
Charlie Hunnam
também é cult. Durante sete anos estrelou “Sons of Anarchy”, produção modesta do FX que virou objeto de culto na Netflix. Foi pela atuação na série com ecos shakespearianos que chamou a atenção de Guillermo Del Toro, que o escalou para “Círculo de Fogo” (2013), seu primeiro grande filme em Hollywood
. Antes disso já havia trabalhado com outro mexicano, Alfonso Cuarón em “Filhos da Esperança” (2006), mas seu papel era pequeno. Curiosamente, a estrela daquele filme era Clive Owen, o astro britânico do momento e que acabara de estrelar uma versão de “Rei Arthur”.
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De todo modo, o fato de ter entrado no radar de Del Toro diz muito sobre os predicados de Hunnam como leading man. Ele voltaria a ser recrutado pelo mexicano em seu filme seguinte, “A Colina Escarlate”. O cineasta já disse algumas vezes que Hunnam e Ron Pearlman são seus atores favoritos. Curiosamente, eles contracenaram nos primeiros anos de “Sons of Anarchy”. Hollywood às vezes pode ser tão pequena quanto o mundo.
Outro cineasta cult a eleger Hunnam como protagonista foi James Gray. Apesar de Robert Pattinson, mais famoso, ter sido elencado em “ Z: A Cidade Perdida ” antes, o protagonismo do filme coube a Hunnam. É possível dizer que o papel do explorador inglês que busca uma cidade perdida na Amazônia boliviana é o primeiro grande personagem do ator no cinema. Ainda que “Rei Arthur” seja o seu primeiro blockbuster e o primeiro que tem seu nome no topo do cartaz, já que em “Círculo de Fogo” a grande atração eram mesmo os robôs e monstros gigantes, é em “Z” que o ator tem material e tempo suficientes para exercitar seus talentos como intérprete.
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No entanto, “ Rei Arthur ” é um fracasso comercial e “Z”, pouco visto. O momento de ascensão de Charlie Hunnam pode ser eclipsado. “A competição em Hollywood é muito acirrada. Você tem que lutar pelos papeis que você quer”, disse o ator em entrevista ao iG durante sua passagem no Brasil para promover “Rei Arthur”. Em 2017, o ator ainda será visto na refilmagem de “Papillon”. O agente de Hunnam está trabalhando direitinho. Parceria com cineastas de relevo alternadas com produções de bom potencial comercial – “Rei Arthur” deveria ser uma feliz convergência de ambas as circunstâncias, mas não foi.
O britânico já está acontecendo. “Papillon” não tem o tamanho de “Rei Arthur” e isso deve tirar um pouco da pressão dos ombros do ator, que é promissor. Hunnam teve que convencer Guy Ritchie de que era inglês para garantir o papel-título de “Rei Arthur”, tamanha a qualidade de seu sotaque americano. A beleza joga em seu favor. Parece só faltar aquele aceno da sorte.
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Outras apostas recentes de Hollywood deram errado, caso de Taylor Kitsch, dos malfadados “John Carter – Entre dois Mundos” (2012) e “Battleship: A Batalha dos Mares” (2012). A ideia de fracassar como astro talvez não seja de todo ruim. Um ator bom pode ser um astro rentável, mas um astro rentável não necessariamente vinga em um ator bom. Charlie Hunnam talvez só precise ajustar suas prioridades.