Anitta internacionaliza seu "quadradinho" com hit em espanhol "para brasileiros"
Projetando uma carreira para além das fronteiras brasileiras, a cantora contou de preconceitos e de como funcionou o processo de produção do clipe de “Paradinha”, sua primeira música autoral em espanhol
Mirando o mundo lá fora, mas sem esquecer da própria essência e de onde veio é que Anitta tem dado passos cada vez mais largos na própria carreira. No lançamento do clipe “ Paradinha ”, sua primeira música em espanhol , a maior musa pop nacional contou à imprensa, em primeira mão, detalhes do processo de produção de mais um hit e falou sobre futuros planos e, é claro, encantou a todos com o jeito “Anitta” de ser.
Internacionalizar a carreira da jovem cantora carioca por meio da tentativa de aumentar ainda mais o gosto dos brasileiros pelo regaetton e pela música em espanhol em geral não é a única coisa que o single “ Paradinha ” quer colocar em prática. Produzido em parceria com o diretor de arte Giovanni Bianco e sob roteiro de Bruno Ilogti , o clipe, gravado na cidade de Nova York, também traz um trabalho inovador em quesitos que vão além dos da música, como os de moda e direção. Segundo Bruno, isso é um reflexo de uma das principais características de Anitta . “Ela é muito inovadora. Tem essa preocupação e esse cuidado de colocar toda a energia dela num projeto e sempre querer inovar e trazer alguma coisa diferente [...] De todas as artistas que já trabalhei, ela, sem dúvida, é a mais empenhada, energética.. O resultado é sempre incrível”, relata o diretor.
A produção do clipe, segundo a funkeira, ainda contou com outros nomes de peso na equipe como os da estilista Patti Wilson , responsável pelos looks usados por Anitta e a beleza da diva ficou sob a responsabilidade das mãos do maquiador Henrique Martins . A letra do single foi escrita por Anitta em conjunto com seus produtores Umberto Tavares e Jefferson Junior . Assista:
“Paradinha”: parte integrante da vez latina
“É agora ou nunca”. Esses foram os dizeres usados por Anitta no momento em que ela e a equipe discutiam se o momento era propício ou não para uma produção em espanhol acontecer na carreira da cantora. Apesar de todo esse clima espanhol parecer novo , a musa revelou que a intenção de expandir as produções para alcançar outras fronteiras com a sua música existe não é de hoje. “Minha pesquisa sobre a música em espanhol começou tem dois anos, que eu já viajava pra outros países pra entender a cultura. Nessas viagens eu entendi que em pouco tempo as pessoas estariam consumindo a música em espanhol em todo o mundo. Fui fazendo essa pesquisa em vários países e entendi que era questão de tempo pros números da música em espanhol ficarem muito grandes. O que eu precisava fazer era o brasileiro se acostumar com a música em espanhol”, revela.
Indo agora para o que sustenta a música em si, que é a letra, Anitta revelou que sua questão central é um dos maiores (e mais conhecidos) dons da musa pop como reflexo de uma tentativa de expandi-lo.
Esse talento vai além dos limites das cordas vocais da cantora e diz respeito ao seu quadril: o famoso quadradinho. “A letra fala dessa dança que nada mais é que o meu quadradinho que agora a gente tá tentando levar pra outros lugares”, conta. Ainda explicando o que sustenta a intenção de produzir um trabalho que explore outros limites culturais e de fronteira, Anitta pontuou que “ Paradinha ” não foi feita visando só o contexto internacional, muito pelo contrário. A ideia era justamente trazer um pouco mais do que está em alta no mercado da música para o próprio público brasileiro. “O nosso país já está consumindo esse tipo de música, então não é um trabalho que vai ser só voltado para o internacional, muito pelo contrário: o Brasil agora tá adorando a música em espanhol. E por isso a gente decidiu fazer ‘Paradinha’”, explica.
O funk, os preconceitos e uma Anitta feminista
Para quem acompanha Anitta desde os primeiros passos que a cantora deu no universo da música brasileira, não é segredo que eles aconteceram no meio do funk . Para alguns, pode parecer que a musa esqueceu de onde veio e que abandonou completamente o berço de seu sucesso, mas a realidade é bem contrária. Anitta não só sabe o lugar de sua verdadeira essência, como também sabe o que ele representa para outros funkeiros e funkeiras. Quanto aos preconceitos direcionados a esse segmento em particular da música do Brasil , Anitta ressaltou que a desconstrução deles precisa vir de um patamar bem mais profundo.
Se o funk fosse uma escada, a ação de romper com os preconceitos em cima dele teria que começar dos primeiros degraus responsáveis por sua existência. “Pra reclamar do conteúdo que um brasileiro tá produzindo, é preciso entender o ambiente que ele vive. Primeiro a realidade daquela pessoa teria que ser modificada pra que ela pudesse ter acesso a outras coisas e falar sobre outras coisas”, opina. “Quando a pessoa critica e tenta por pra baixo um funkeiro que tá começando, ela não faz ideia da mudança que o ritmo e a oportunidade de estar numa profissão que ele oferece pode mudar na vida dessa pessoa que não tem oportunidade de ser nenhuma outra coisa”, completa.
Ainda que o gênero do funk seja, em geral, alvo de preconceito por conta da carga inserida nele de uma realidade que não está entre os interesses da sociedade no geral, não é só em direção a ele que os julgamentos vão. No caso da própria Anitta , que alcançou toda a sua fama e reconhecimento começando no funk , mesmo não estando tão mais ativa em produzir tantas músicas desse ritmo, a intolerância não é algo completamente ausente. “Sofro muito mais preconceito de mulheres do que de homens. Pelo jeito que eu danço, pelo meu tipo de música”, relata. No entanto, nesse sentido a cantora não deixa os preconceitos a abalarem e sabe muito bem como se colocar frente a eles. “Não perco o meu tempo com isso. As pessoas que julgam as outras, na verdade, não estão felizes com elas mesmas. Não exista uma forma certa de ser mulher. Existe uma forma certa de ser ser humano”, completa. Ressaltando ainda seu modo de lidar com os ataques feitos contra não só à ela, mas às mulheres no geral, Anitta reiterou sua posição na luta que busca igualdade entre os dois gêneros. “Sou feminista a partir do momento em que você sabe que feminismo é você querer os direitos iguais”, declara.