"The Walking Dead" se arrasta para um melancólico fim de sétima temporada

Em meio a comentários de duração de duas décadas, série parece cada vez mais distante do programa que ganhou buzz e fez fãs ao redor do mundo

O produtor Scott M. Gimple disse recentemente que a ideia dos produtores de “The Walking Dead” é manter a série no ar por pelo menos duas décadas e citou “Os Simpsons” como referência de sucesso e longevidade. A série pós-apocalíptica, no entanto, já ostentou números de audiência mais alinhados à pretensão de Gimple. De todo modo, a ideia ronda os escritórios do AMC , canal responsável pela produção da série, há algum tempo.

Negan, personagem que injetou ânimo na série, foi sugado para o marasmo criativo de The Walking Dead
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Negan, personagem que injetou ânimo na série, foi sugado para o marasmo criativo de The Walking Dead

Com a oitava temporada já confirmada, “The Walking Dead” engatilha a season finale do sétimo ano com a parcimônia que caracterizou o programa desde que Robert Kirkman assumiu o controle criativo. “Something They Need”, 15º episódio da temporada, ajusta as expectativas para a grande batalha entre Negan e Rick. Foi um episódio menos lento do que todos dessa segunda metade do 7º ciclo, mas ainda incomoda o ritmo proposto.

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A grande crítica que se faz a série no momento é que Kirkman e seus produtores pensam o programa como uma tradução da HQ e replicam ali a linguagem e a narrativa da graphic novel. Além de um equívoco estratégico, trata-se de uma falha de dimensionamento dramático e até mesmo de má mensuração narrativa. Veja, por exemplo, o arco de Daryl (Norman Reedus), um dos favoritos dos fãs, o personagem fez figuração durante toda a temporada. Kirkman já flertou com a ideia de matá-lo, mas deve ter sido desaconselhado por seu time ou até mesmo por seus superiores.

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Cena de 'Something The Need', 15º episódio de The Walking Dead

Cada vez mais a série soa aborrecida. São muitos personagens, poucos conflitos convincentes e aquela análise fria, crua e frequentemente aterrorizante do que é o ser humano privado dos alicerces da civilidade parece remota ao passado da série. Negan , vivido de forma aguda e debochada por Jeffrey Dean Morgan , parecia capaz de devolver o interesse a série, mas foi um sopro circunstancial. O personagem foi engolido pela falta de ambição temática dos produtores e roteiristas, que parecem confortáveis com a ideia de ter uma série morta-viva em mãos.

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É possível que o último episódio da temporada, que será exibido no próximo domingo (2) simultaneamente aos EUA pelo canal FOX, chacoalhe as coisas e dê a impressão de que a coisa vai, mas a equipe criativa da série já deixou claro que trabalha com o conceito de ganchos, ou clifhangers no original, e que tudo não passará de um jogo de cena.

Muitos entendem que “The Walking Dead” já não justifica mais sua continuidade e a ideia de ver a série no ar por 20 anos parece em total desconformidade com a qualidade do que se vê na TV. O sétimo ano pode até acabar com um boom, o que dada as circunstâncias monótonas do programa não seria de todo mal, mas só reiteraria esse gosto por fórmulas que só tem irritado os fãs.